quinta-feira, 14 de junho de 2018

Fátima 18 - Desta vez o Caminho do Mar

Détente em Torres Vedras, primeiro dia a após os primeiros 50 kms.

Distância Total: 170 kms.
Altimetria Positiva : superior a 3000 m. A+
Ciclistas: Pedro Roque e Jorge Neves

A décima oitava ciclo-peregrinação a Fátima foi uma estreia absoluta. Desta vez resolvemos optar pelo "Caminho do Mar" que liga o Estoril a Fátima. Por uma questão de conveniência o início produziu-se em Sintra, na sua estação ferroviária e a primeira etapa haveria de nos conduzir até às Caldas da Rainha num traçado com 105 kms. de extensão.

Havia todavia duas apreensões no horizonte:
  • A primeira era desde logo muito prosaica e objetiva. Tratava-se da previsão meteorológica que ameaçava endurecer, ainda mais, aquilo que à partida já se avizinhava como muito duro;
  • A segunda era precisamente a conjugação desta dureza previsional, a meteorologia e a forma física que, no presente ano da Graça do Senhor, se encontra num nível abaixo do que o normal.
A meteorologia foi connosco solidária no primeiro dia mas madrasta no segundo complicando e muito a progressão e tornando penoso pedalar ainda que, no final, tudo tenha corrido de acordo com o previsto.

Curiosamente o início deu-se mesmo à chuva. Escassa, ela haveria de dispersar após cinco minutos para apenas voltar, durante um breve assomo, na chegada a Óbidos. Foi menos uma preocupação numa etapa extensa e trabalhosa e que contava com a já conhecida transposição entre Sintra e Mafra. Trata-se de um clássico. Três vales profundos e muito trabalhosos: o Lisandro a partir do Carvalhal até ao Boco; o seguinte, talvez o menos difícil, entre o Boco e a passagem superior da A21 e a Pièce de Résistance - a transposição da Ribeira e a ascensão insana a Mafra por uma rampa de cimento cujo gradiente ignoro mas que é escandaloso para qualquer ciclista, por melhor que seja a sua forma física.

Assim, a chegada a Mafra a revelar-se como abençoada uma vez que, em termos de ascensões marcantes, o dia estava ganho. Por isso a pausa para reforço alimentar encontrou plena satisfação.

Seguiu-se a saída de Mafra em direção a Torres Vedras sempre bem juntos à Tapada: Paz, Murgeira, Codeçal e daí em direção à Portela do Gradil. Depois um terreno dobrado, mas onde se rolava a velocidade satisfatória, o Livramento e o Turcifal e, num ápice em terreno vinícola, via Catefica, estávamos em Torres Vedras e a meio do percurso.

Após nova pausa retomamos em direção ao Bombarral por um traçado onde se rolava a boa velocidade, alternando o asfalto e a terra nos estradões pelo meio de eucaliptais e pinhais. Pouco antes do Bombarral o barro faz uma primeira aparição mas sem comprometer na zona do Outeiro da Cabeça. Depois do Bombarral os terrenos de pomar complicaram um pouco em função da chuva da madrugada e a progressão viu-se um pouco afetada embora sem nada de muito complicado pelo que chegamos a Óbidos sem delongas e daí até ao descanso nas Caldas da Rainha.

No dia seguinte haveria que ligar as Caldas a Fátima em mais de 70 kms. de traçado que tinham como maior dificuldade a transposição pelo miolo do Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros. Para além do piso difícil e da altimetria haveria que juntar a anunciada chuva. Porém à saída, ela manteve-se afastada evitando, desse modo, complicar a progressão em terrenos com tendência para se deteriorarem facilmente. Pouco antes da chegada a Alcobaça a pluviosidade instalou-se para não mais abandonar até final.

O percurso, neste segundo dia, assemelhava-se a um "L" invertido: pedalava-se para norte em zona baixa e alagadiça entre as Caldas e o Valado dos Frades para, logo após, se rodar para nascente em terrenos cársicos.

O primeiro golpe de teatro foi a insana subida para Alcobaça na zona das Termas da Piedade. Tratou-se de um gradiente elevado, percorrido no limite dos pulmões e inglório - toda a ascensão se perdeu num ápice já que Alcobaça estava praticamente à mesma cota das Termas. A pausa em Alcobaça permitiu retemperar as forças para o que se seguiria - via Aljubarrota e Porto de Mós - o ataque ao PNSAC sempre debaixo de uma chuva persistente e por uma paisagem magnífica. Um conjunto de rampas a justificar a altimetria deste segundo dia, praticamente toda concentrada na segunda metade da travessia.

Passagem por lugares míticos daquele paraíso cársico que, há muito, não visitava: Alcaria, Barrenta e a espetacular Pia do Urso sempre debaixo de chuva para, finalmente, se cruzar a A1 e se entrar em Fátima.

Este "Caminho do Mar" é mais extenso e bem mais duro que o tradicional "Caminho do Tejo" e os dois dias justificam-se plenamente. Paisagisticamente é também mais interessante.



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