A Rockrider E-ST500, da Decathlon, recém adquirida, é a minha primeira incursão no mundo das pedelecs. Devo afirmar que tem uma relação preço-qualidade imbatível, embora se trate de uma bicicleta com o motor no cubo traseiro o que lhe limita, um pouco, a performance TT em virtude da distribuição do peso que, como está bem de ver, se concentra mais na parte posterior.
Possui um quadro de alumínio 6061, uma forqueta SR Suntour XCR de 120 mm, transmissão de 9 velocidades, composta de cranks monoprato SRAM NX, desviador Shimano Altus, cassette 11-36T, travões Tektro mecânicos com discos de 180 mm de diâmetro, rodas alumínio de perfil largo e pneus Hutchinson Cougar (27.5x2.4). Tem um peso declarado de 22.2 kg (M). Possui ainda sensor de binário integrado no eixo pedaleiro o que permite controlar o nível de assistência elétrica pedalando (para além dos três níveis de assistência selecionáveis).
Os primeiros testes usaram a configuração tal e qual veio do comércio. A ideia era a de ter uma ideia aproximada da autonomia máxima. O visor, quando ligado e com a bateria a 100%, indicava os seguintes valores de autonomia (kms.):
- Nível 1 - 50,6
- Nível 2 - 37,4
- Nível 3 - 29,2
Parecia curto para o que se está habituado a pedalar mas, com o decorrer dos kms. as coisas iriam alterar-se. De referir que o nível 1 acrescenta 50% à potência imprimida ao pedal, o 2 100% e o 3 150%
Não compliquei muito em termos de altimetria. Embora, aqui e ali, tenha feito questão de apertar com a bicicleta.
A direito, em bom piso e sem vento, apesar dos 22 kgs., consegue-se pedalar na casa dos 23 kms./h, sem esforço e no nível 0, isto é, sem a assistência do motor. Ora, se atendermos ao facto de esta apenas se produzir até aos 25 kms./h,, neste tipo de percursos estende-se muito a autonomia da bateria. Também pedalando no nível 1, em souplesse, ie, mais em rotação que em força, o consumo de bateria reduz-se em virtude do sensor de binário. E isso é notório na previsão de autonomia anunciada que se amplia a olhos vistos.
Confesso que nunca tinha pedalado uma 27,5". Com este diâmetro e um centro de gravidade um pouco mais alto que habitual, a sensação é a mesma que na KTM de 29'', ou seja uma impressão de domínio da máquina que não se tem nas 26'' de antanho. E atenção que, esta Rockrider, por se tratar de um modelo feminino, tem um guiador um pouco mais estreito do que é hoje habitual, mas sem comprometer a sua maneabilidade.
A forqueta SR Suntour de 120 mm. é uma agradável surpresa (admito o preconceito inicial com a marca) já que “come” tudo o que lhe surge por diante com naturalidade e até possui um eficaz bloqueio. A nível da transmissão há um mixed feeling: a coisa não está mal com a cassete 11-36 (9v.) porém fico com a sensação que, quanto mais dentes ela possuir, melhor, para ajudar a poupar a bateria. O conjunto desviador / manípulo Altus é medíocre embora cumpra a sua função. Como devo de ter alguma coisa sobressalente lá por casa (9v.) vou procurar alterar para melhor. Quando houver necessidade de mudança de transmissão penso que seja de equacionar um SRAM Eagle de gama baixa. Pode ser um upgrade muito válido e compensador em termos da autonomia da bateria ao permitir diminuir a necessidade de assistência elétrica.
Os travões mecânicos não são adequados e isto apesar dos rotores de 180 mm em ambas a rodas. Sobretudo em descidas acentuadas para termos um efetivo "stopping power" é necessário aplicar uma força desmedida. Já vem a caminho um "set" hidráulico da Shimano que, embora em gama média-baixa, garantirão outro desempenho.
Por último, mas não por menos, a conversão em tubeless será muito importante, não só para garantir tranquilidade em termos de "pinchamento" como também para baixar um pouco a pressão do pneu traseiro e aumentar o conforto. A medida 2.4 parece-me adequada e um bom compromisso entre aderência e dinâmica. Não aprecio muito pneus muito largos pois, o que ganham em aderência, perdem em dinâmica.
Em suma: boa agradabilidade em TT não muito agressivo.
Quebrei o mito das pedelecs, ou seja, não são bicicletas só para "preguiçosos". No final, desgastamos o mesmo pois ousamos muito mais em termos de altimetria, mesmo que o pretexto para a compra radique na possibilidade de termos a companhia da mulher nos trilhos e onde a diferença de condicionamento é compensada pelo boost elétrico.