A ideia que todos formulamos de Macau é de um território pequeno mas com uma densidade populacional que o tornam num dos mais densamente povoados do mundo.
Tal é, parcialmente, verdade.
De facto aquele antigo território português na China tem uma população de cerca de ½ milhão de habitantes para uma área de apenas 25 kms2 ou seja, uma urbe densa e de edifícios muito altos. O mais curioso é que essa área tem vindo a ser sucessivamente acrescentada através de um número crescente de aterros aproveitando a circunstância de estarmos no delta do Rio das Pérolas numa zona de fundos baixos. Assim a noção tradicional de uma península e duas ilhas foi completamente alterada porque as ilhas de Taipa e Coloane estão já ligadas por um istmo artificial, o “Cotai”.
As ilhas são, do ponto de vista paisagístico, os locais mais interessantes do pequenos território. Se a Taipa está quase completamente urbanizada praticamente rivalizando em termos de “skyline” com a cidade, já Coloane, por seu turno é uma pérola natural com alguma ocupação humana mas racional e onde o verde prevalece proporcionando uma rede de trilhos bem conservados e assinalados que fazem as delícias de quem gosta de caminhadas na montanha: (veja-se a descrição)
Sem embargo, também a Taipa, apesar da intensa urbanização tem dois trilhos interessantes que proporcionam, acima de tudo, das melhores vistas do território: (veja-se a descrição)
Merece ainda referência, na cidade de Macau, os circuitos de manutenção situados em jardins: (veja-se a descrição).
De facto é incrível como numa cidade tão densa se arranjam dois oásis. Os jardins de Macau são incrivelmente belos e o da Guia bem merece uma visita.
Como é óbvio procurámos percorrer todos estes locais em Julho passado.
Fazer trekking num local como Macau não é fácil já que tem uma enorme dificuldade em função da conjugação do calor e da humidade. É algo a que, por cá, não estamos habituados e que obriga a um esforço acrescido e a uma preocupação adicional com a hidratação. No entanto uma boa forma física e um cuidado com a água são suficientes para podermos desfrutar de locais magníficos do ponto de vista ambiental.
O primeiro a ser percorrido, de forma solitária, foi o chamado “Trilho da Taipa Grande”. Trata-se de um trilho que circunda a maior elevação da ilha da Taipa (160 m.) e que proporciona uma visão agradável da cidade de Macau, das embarcações que demandam o Porto Exterior das pontes (sobretudo da Ponte da Amizade) do Aeroporto, da ilha de Coloane, da urbanização densa da Taipa e da Vila Tradicional (um núcleo urbano de características coloniais que resistiu ao avanço do betão). São pouco mais de dois quilómetros interessantes mas cujo aliciante foi, acima de tudo, abrirem o apetite para os trilhos de Coloane.
No dia seguinte, já acompanhado, foi dia de Coloane e começámos pela praia de Hac-Sa. Trata-se de uma espectacular praia e urbanização com um único e incontornável problema: a qualidade da água de banhos. De facto estamos no delta do Rio das Pérolas, nas margens do qual habitam 600 milhões de pessoas (leram bem)! É fácil de adivinhar porque é que a praia não é frequentada. O trilho percorre o litoral em cerca de 1000 metros é apenas mais um aperitivo para a “pièce de résistance”: o “Trilho de Coloane”.
Este “apanha-se” umas centenas de metros volvidos na estrada e entra-se por um dos três parques de merendas onde começa a subir fortemente. Valem-nos os novos materiais sintéticos que evitam que a t-shirt se transforme em sweat shirt. Atingido o patamar da cota de circulação dos 8 quilómetros (acima dos 100 metros) começamos a contornar por poente o maciço central. Este é o “trilho dos trilhos” de Coloane e que se interliga com todos os outros pelo que é necessária alguma atenção para manter o rumo certo.
A flora é algo de deslumbrante e são de destacar as vistas para a praia de “Hac Sa” e para a vila de Coloane, e o continente chinês que está separado por menos de uma centena de metros de um braço do Rio das Pérolas. A nascente e ao longe a ilha de Lantau em território de Hong Kong e o vai e vem constante dos jetfoil.
Destaque para o topo do maciço central da ilha e para o templo e estátua gigante da deusa A-Ma num cenário de sugestiva inspiração cénica.
No dia seguinte tentou-se fazer a zona NE. Se bem que não era possível efectuar o chamado “trilho de Nordeste” optou-se pela zona da barragem de Hac Sa numa zona muito interessante e em que a presença turquesa da água da barragem é o tema dominante.
Duas curiosidades apenas: em toda a actividade apenas nos cruzámos com dois pedestres e, infelizmente os trilhos estão vedados a ciclistas e que pena esta circunstância já que seria fantástico percorre-los também desta forma.
Sem comentários:
Enviar um comentário