Mostrar mensagens com a etiqueta btt. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta btt. Mostrar todas as mensagens

domingo, 16 de novembro de 2014

Elementar, meu caro betêtista

Hoje encontrei esta colecção de 5 videos, com umas dicas muito úteis que valem bem a pena assistir:



domingo, 26 de agosto de 2012

Tourém o enclave de Montalegre

Clicar na imagem para ver álbum completo.

Quem conhece o Abrasar não estranha a paixão pelos passeios de bicicleta de Verão em todo o terreno em completa autonomia durante o dia todo a percorrer os trilhos e sem horas de chegada ao destino. Maximizar o tempo possível para andar de bicicleta e apreciar todos os momentos da natureza, história e gentes dos locais por onde passamos, sentir com calma todas as "etapas" do dia desde a manhã até ao recolher do fim do dia é o principal objectivo.
Assim neste contexto posso afirmar que a realização completa de que eu me lembre, foi no passado dia 23 de agosto em Montalegre, na companhia de mais três amigos fantásticos que perceberam a mensagem do convite que fiz e fizemos uma expedição de quase nove horas na companhia das nossas montadas de duas rodas, pelo Norte do País nos planaltos e serranias em redor do enclave de Tourém do concelho de Montalegre.

Tourém desde de sempre me suscitou curiosidade por se encontrar numa espécie de península fronteiriça com Espanha e também a aldeia de Pitões das Júnias em particular pela força da história que rodeia o seu Mosteiro Santa Maria das Júnias classificado de Monumento Nacional

Assim passamos ao rescaldo desta evasão que curiosamente começou bem logo com um engano... ou não do amigo Pedro Velhinho... com a partida do parque de estacionamento do super mercado na rotunda da Marginal Cávado, em grande subida pela rua senhor da Piedade... Para entenderem é que levavamos dois gps com um trilho retirado do gpsies de nome de Rota das aldeias históricas do autor joãoluis, e nestas coisas para quem sabe algumas vezes andamos às voltas no início. Bem mas não foi o caso, afinal o objectivo foi conhecer o centro e o monumental bem conservado castelo de Montalegre, e que logo de seguida se fez a bem orientada descida para o início do percurso após atravessar o ainda nesta zona "jovem" rio Cávado.


Verificamos que o percurso desenvolveu-se essencialmente por montanhas, vales e grandes planaltos e neste dia a originar grandes diferenças de temperatura bem fresquinhas no alto das duas montanhas que tivemos de subir acima dos mil metros de altitude e que foram as maiores dificuldades do dia. Os trilhos na sua maioria em estradões a percorrer as serras e planaltos foram a plateia de excelência para nos mostrar a bela paisagem desta região do Barroso felizmente a recuperar dos últimos incêndios com os carvalhos a mostrarem folhagem assim como a urze e giestas. Os animais a circularem livremente também não nos desiludiram ao aparecerem como os garranos, gado barrosão, burros e o interessante foi encontrarmos cães sempre de porte intimidante e não nos incomodarem vindo ao nosso encontro a ladrar como é costume fazerem quando avistam uma bicicleta?!?!


Mas além da paisagem natural esta região é rica no seu povoamento com muitas antigas aldeias espalhadas pelos planaltos e vales existentes numa curiosa simbiose com a mesma realidade do lado de Espanha. E o interessante foi aparecer a primeira pedra a assinalar a fronteira dos dois países, depois de conquistarmos a primeira subida bem perto das imponentes e modernas eólicas que se instalaram em quase todas os recortes das serras circundantes.
Atravessamos quatro vezes a fronteira e encontramos sempre os mecos retangulares de granito marcados de um lado com um E e do outro com um P, literalmente conseguimos estar com um pé em Portugal e outro em Espanha.


Despois de Randin, a aldeia do lado de Espanha que devido à hora nenhum movimento tinha, foi com agrado que já Tourém tinha movimento e com um café aberto onde podemos trocar alguns conhecimentos sobre a região.
Ficamos a saber que as duas aldeias desde 2004 promovem num dia de agosto um encontro religioso de duas procissões, uma parte de Randin outra de Tourém para se encontrarem exatamente na fronteira onde existe um dos marcos, e atualmente para assinalar o evento foi colocado outro com um simbolo de aperto de mãos gravado na pedra. No dia é ainda realizado um convívio com o passar do dia na praia da albufeira e com atividades culturais e desportivas entre as pessoas de ambas as aldeias. Muito mais haveria a descrever sobre estas aldeias de casas de granito, com imensas fontes de água fresca para beber, lavadouros atuais e antigas construções como os fornos do povo, levadas ou lameiros antigos a fazer circular as águas pelas ruas e a dar de beber aos animais existentes, mas o nosso passeio continua e com mais experiências interessantes somos confrontados.


E neste aspecto direi que o ponto alto foi a interacção que tivemos com a paisagem da albufeira Espanhola que retém água do Rio Salas, pois além de ser um vale com uma temperatura agradável as praias existentes nas margens estavam sem ninguém e as suas águas estavam quentes e digo isso com conhecimento pois não resisti em tomar um banho... Uma só palavra que encontro para descrever o local,paraíso...


Do paraíso saímos com dificuldade quase que a nos dizer para ficar pois a seguir foi sempre a subir novamente em direcção dos mil metros de altitude. Pitões das Junias seria para mim o matar da curiosidade em conhecer o local e acima de tudo o seu Mosteiro. Pelo caminho finalmente encontramos os Garranos, a mostrarem bem a sua vida selvagem ao fugirem para bem longe quando notaram a nossa presença. Tivemos até bem perto destes animais muito pela vantagem das nossas rápidas e silenciosas bicicletas. Continuamos e a forte presença da exploração do gado barrosão era já evidente e demonstrativo de que estávamos perto da aldeia que nos fez uma agradável surpresa gastronómica. Pois encontramos um simpático e cuidado restaurante que se do exterior convidava a entrar por dentro era uma autêntica obra de arte popular na sua decoração.


Sandes de presunto com pão de centeio... e note-se a preciosidade... pão de centeio quente e mais umas sopas de grão de bico, afinal um manjar de hidratos de carbono acompanhados dos essencias sais e minerais naturais de que precisariamos para continuar a expedição.

O Mosteiro não desiludiu pelo contrário ainda mais intrigante ficou para mim que o imaginava num planalto aberto e afinal está localizado exatamente ao contrário, escondido num vale profundamente vincado em V perto de um ribeiro acessível por um sinuoso caminho tipo geira romana de pedra torturosa que fez das suas ao atirar ao chão o nosso amigo Zé num aparatoso tombo quando apenas tentava arrancar de bicicleta.

Voltamos novamente a pedalar agora com o fim do dia a aproximar-se e a subirmos novamente por caminhos mais difíceis de progredir, alguns animais já se juntavam para livremente ficarem nas suas "camas" contruídas por eles próprios na terra. A última serra foi vencida e a descida para o vale do rio Cávado fazia-se sentir, mas não antes de fazermos uma paragem técnica para meu contentamento e do Pedro das Amoras atestarmos as barrigas desse fruto silvestre. Com o Sol a aquecer as nossas costas e com alívio sentirmos que já não estávamos no alto da serra agora a ser tocada por nuvens frias e carregadas de humidade, progredimos num serpentear por várias aldeias carregadas de simbolismno histórico de difícil descrição mas de grande interesse e riqueza em pequenos pormenores que nos enchiam os nosso olhos e nos faziam sentir outras realidades onde o antigo se junta agradávelmente com a atualidade da vida das pessoas que habitam esta região.

Assim acabou esta evasão, este passeio de Verão onde termino agradecendo aos três amigos que fizeram uma excelente companhia apesar de termos condições fisicas diferentes idades igualmente diferentes, compreendemos a essência do objectivo deste passeio e de certeza que saímos ainda mais amigos deste nosso país desconhecido depois desta experiência de quase nove horas de companhia com as bicicletas, num total de 73 km´s.

Álbum de fotos clicar aqui.

Consultar opinião no forum btt, clicar aqui.

quarta-feira, 14 de março de 2012

BEZERRA COMES ALIVE




A antiga linha de caminho de ferro que ligava a localidade de Bezerra a Porto de Mós para transporte de carvão vai ser (foi) transformada numa ecopista de oito quilómetros (...) é cada vez mais frequente encontrar pessoas a andar de bicicleta ou a caminhar ao longo da antiga linha de caminho de ferro. (in portomosense).

Foi assim a nossa passagem por lá há umas semanas num percurso muito interessante em pleno PNSAC.

Video clip by Mário Silva

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

EM TORNO DO MONTE DA LUA - CLÁSSICA E ÉPICA


Os números são impressivos: para pouco mais de 70 kms. de extensão uma ascensão total de 2164 metros.

Estamos a falar de um circuito pelo concelho de Sintra (com uma passagem episódica pela parte setentrional de Cascais de cerca de 1 km.) com uma abordagem por poente à Serra de Sintra que incluiu uma subida extensa e fortíssima desde a praia da Adraga até à Peninha (kms. 42 a 54).

De resto um passeio duro mas muito agradável pelo Parque Natural de Sintra-Cascais que, muito embora tendo sido efetuado pela primeira vez em formato de circuito, tem todas as condições para se tornar num clássico: S. Pedro, Sintra, Várzea, São João das Lampas, Magoito, Azenhas do Mar, Praia Grande, Adraga, Azóia, Peninha, S. Pedro...

Paisagens deslumbrantes e arrebatadoras especialmente as da costa atlântica transformaram esta em mais uma incursão épica ainda que apenas completada por dois ciclistas: eu e o JC...

Veja-se

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

O Centro de BTT da Batalha – Pia do Urso




O Centro de BTT da Batalha – Pia do Urso é constituído por um edifício dotado de balneários, instalações sanitárias, área informativa e uma zona para lavagens e pequenas reparações das bicicletas. Dispõem de uma rede de trilhos cicláveis e devidamente sinalizados num total de 265 Km, divididos em quatro níveis de dificuldade.

Sendo o primeiro Centro de BTT do país homologado pela UVP/Federação Portuguesa de Ciclismo, esta infraestrutura turística e desportiva é dirigida aos praticantes do BTT, independentemente da sua condição física e técnica, sendo de utilização gratuita, à excepção dos banhos e das lavagens das bicicletas.

Para a utilização destas áreas, os visitantes do Centro de BTT devem adquirir as respectivas fichas no Centro de Acolhimento e Interpretação da Pia do Urso, no "Bar da Pia" ou no Restaurante "Piadussa", localizados na Aldeia da Pia do Urso, onde está localizado o Centro de BTT. Os equipamentos em causa não aceitam moedas.

A rede de percursos do Centro de BTT é extensa e faz jus à qualidade, reconhecida a nível nacional, dos inúmeros singletracks, caminhos rurais, zonas técnicas e paisagens de grande beleza - algumas das quais protegidas ambientalmente - que caracterizam o território da Estremadura.

Os percursos do Centro de BTT percorrem os Concelhos da Batalha, Porto de Mós e Leiria.

Para um conhecimento prévio sobre o Centro de BTT da Batalha – Pia do Urso, sugerimos uma leitura atenta das informações prestadas nesta página ou, em alternativa, no folheto oficial do Centro, a disponibilizar aqui oportunamente.

Para além do BTT, o Concelho da Batalha oferece ainda excelentes condições para a prática do Pedestrianismo e da Escalada, aliando a esta oferta uma interessante lista de património natural e construído classificado. Do EcoParque Sensorial da Pia do Urso, às Grutas da Moeda, do Mosteiro de Santa Maria da Vitória ao Museu da Comunidade Concelhia, dos inúmeros eventos que decorrem todo o ano no Concelho, são múltiplos os motivos de interesse para nos visitar.

Aguardamos por si.

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

MUDANÇAS "FLUÍDAS"


Acros A-GE hydraulic gear - Sea Otter from Tri-Ridedotcom on Vimeo.
on Vimeo.



Acros desenvolveu um produto muito promissor, mudanças hidráulicas para BTT, deu que falar no ano passado quando foi mostrado pela primeira vez. Como o próprio nome diz a principal vantagem deste sistema de mudanças é ausência do famoso cabo sendo substituído por óleo. Apesar deste produto ser novidade o projecto já tem alguns anos de desenvolvimento, Muters Kristof da Acros vem desenvolvendo estas mudanças hidraulicas desde 2006. Mas como tudo existe a concepção, certificação, fabricação e apresentação tudo isto demorou 5 anos será que valeu a pena a espera?
O peso do kit de mudanças dianteiro e traseiro é muito baixo
- Manípulos 129,7 gr (par)
- Desviador dianteiro 79.15 gr
- Desviador traseiro 159.84 gr
 - Mangueiras 41.42 gr (par)
- Óleo 16.25 gr (desviador dianteiro e traseiro)

Este peso baixo é devido a ausência de cabos, engrenagens e ao seu sistema compacto. Voltando a referir as vantagens da ausência dos cabos, permitem uma passagem de velocidade mais leve e suave, já que não existe a fricção do cabo ou da sujidade do mesmo. O sistema dos manípulos e muito simples empurrando o próprio manipulo as mudanças descem rodando as mudanças sobem como mostra a foto e mais detalhadamente o video.

Acros admite que se trata de um sistema selando, por isso o risco de contaminação é mínimo e mesmo nas condições mais adversas não há falhas. É compatível com cassete de 8v, 9v e 10 velocidades.

Mas isto de novas tecnologias no BTT têm o seu custo, €1600, será muito por este produto? Pode ser, mas acredito que com o passar dos anos este preço possa ser reduzido com mais marcas adotarem este sistema.

sábado, 7 de janeiro de 2012

A LOGÍSTICA AFECTIVA DO BTT



ADVERTÊNCIA PRÉVIA

Convenhamos: apesar da evolução operada nos últimos anos no panorama do BTT nacional, esta ainda continua a ser uma modalidade iminentemente varonil. De facto e apesar de agradáveis laivos crescentes de tonalidade feminina, o panorama nos trilhos deste país prossegue malgré tout masculino. Assim, perdoar-me-ão que esta prosa seja dirigida a esta espécie maioritária se bem que, no caso excepcional da inversão de género envolvido no BTT, ela possa ser lida cambiando, de igual modo, o género dos conjugues envolvidos.

O tema deste post é assim o modo como a vossa cara-metade entende este voluntário ofício pedalante e as suas insidiosas consequências no quotidiano familiar, isto é: como se gere este intenso e autêntico triângulo amoroso e os seus três vértices – betetista, bicicleta e cônjuge, gerador de paixões por vezes incontroláveis e de consequências imprevisíveis.


O QUADRADO - SÍMBOLO DA PERFEIÇÃO

Numa perspectiva tipológica começaríamos por aqueles casais em que o triângulo se converte, virtuosamente, num quadrado, ou seja, em que se acrescenta uma segunda máquina reflectindo desse modo a distribuição da paixão velocipédica por ambos os conjugues em doses mais ou menos iguais.

Muitas vezes, este estado de Nirvana, é o corolário de um esforço notável e bem sucedido do betetista no sentido do contágio do elemento feminino tendente à comunhão familiar na paixão pela bicicleta.

O ciúme aqui não tem lugar e, pode afirmar-se sem receio, que viverão os quatro felizes para sempre. Sem embargo há que ter a noção plena de estarmos no reino feérico da excepção - a regra tipifica-se, porém, de modos distintos.


O TRIÂNGULO INFERNAL DO CIÚME

A segunda situação, também excepcional, é a oposta - isto é, a máquina é entendida pela cônjuge como uma rival na disputa pela atenção do betetista / ser amado. Este sentimento tem como base o facto daquele pedaço de metal com rodas merecer, por parte do betetista, um empenhamento temporal considerado inusitado e furtado, no entender feminino, ao convívio familiar.

A bicicleta é considerada como “a outra” e motiva amiúde uma reacção virulenta que, em alguns casos, pode culminar em ultimatos infames conducentes a malas de viagem trasladadas para a porta da habitação comum antecedidos de prosaicos “ou ela, ou eu” - opção, aliás, bem dolorosa, se me é permitido.


A TEMPERANÇA É A MÃE DA CONCÓRDIA

Entre o zen conjugal do casal betetista e o ciume feminino avassalador há um mainstream de situações que, geridas de modo inteligente, podem permitir que o triângulo se perpetue prevenindo indesejáveis situações de ruptura.

O vértice velocipédico do triângulo tende, assim, ser encarado, pelo lado feminino, com bonomia e até alguma cumplicidade. Amiúde se escutarão frases do tipo - “pelo menos, enquanto estiver com ela, não estará com outra” ou um sempre tranquilizante “é ridículo sentir ciúmes de um pedaço de metal”.

Na impossibilidade prática de recrutamento feminino voluntário para as aventuras épicas pelos trilhos, a manutenção deste estado de equilíbrio do triângulo é fulcral para que os momentos ex ante e ex post aos actos de pedalar não se convertam no inferno na Terra.

Assim, as atitudes irreflectidas, derivadas de excessos de testosterona, são más conselheiras pelo que, a gestão cuidada e rigorosa, a nível estratégico e táctico, deste dossier é fundamental. Como, por vezes, os fins justificam os meios, são vantajosos estados de ignorância induzida sobre os custos financeiros da máquina bastando, para tal, numa qualquer grande superfície do rectângulo nacional, demonstrar que afinal uma bicicleta lustrosa não ultrapassa umas míseras 150 unidades de conta europeias. Nem debaixo de tortura, revelem o valor real do vosso quadro de carbono de última geração, ou das rodas ultra-light que vos potenciam a pedalada – no news, good news!

A arte diplomática deve ser cultivada a outrance procurando demonstrar que, apesar da satisfação obtida pelas milhas efectuadas e pela panorâmica do alto da serra respirando o ar puro e sentido-se o “rei do mundo”, o vértice feminino do triângulo é insubstituível tornando a máquina meramente instrumental no reacender permanente da chama amorosa permitindo até mesmo ganhos fisiológicos de saúde potenciadores da relação.

Sobretudo tenham em consideração que, dissolver o triângulo será a médio prazo uma pesada cruz difícil de carregar – se abdicarem da bicicleta tenderão a pressionar a escala da balança, a saúde, o bem estar e, a breve trecho, poderão comprometer a relação familiar e outrotanto acontecerá se optarem, de modo egoísta, pelo aparato metálico em detrimento da criatura feminina já que entrarão num estado de letargia anímica que vos impedirá de concretizar o intenso esforço que requer subir aquela montanha, percorrer a tal centena de quilómetros e desfrutar em pleno da incursão.


EM SUMA

Não esquecer então - a menos que a vossa companheira vos iguale e, quiçá, vos supere no entusiasmo pelo pedal e os grandes espaços – a temperança é a virtude que deverão cultivar intensamente, sob pena de, no balanço final vos quedardes solitário - sem bicicleta nem companhia feminina.

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

INCURSION FANTASTIQUE


4 de Dezembro de 2011

Dia de Santa Bárbara (padroeira de mineiros e artilheiros)
62 kms.
1700 m. acumulado
Texto: Sérgio Favaios

Tal como na conhecida "Sinfonia Fantástica" de Hector Berlioz a sensação de algo incompleto (a curta quilometragem) mas de uma intensidade enorme.

As paisagens transmontanas são outra coisa. Tive a felicidade de efectuar uma incursão inesquecível, no pretérito dia 4 de Dezembro, com os fantásticos irmãos Favaios. Fica aqui o relato da autoria do Sérgio.


Há umas semanas a esta parte, recebemos um mail do amigo Pedro Roque a dar conta da vinda a Trás-os-Montes no primeiro fim de semana de dezembro. No seguimento do mesmo,  lançava-nos a proposta de pedalarmos juntos um dos dias, isto depois de ter passado por cá há cerca de um ano e meio, com o seu amigo Moretti, aquando da sua travessia em bicicleta desde Tavira até Santiago de Compostela. Um dia interessante esse do mês de Julho em que os acompanhámos durante algum kms.


Eis que o dia acordou, à semelhança dos anteriores, muito nublado com nevoeiro à cota dos 700/900 metros. O combinado seria sair de Vila Pouca de Aguiar, em vez de Jales porque o acesso se fazia com mais facilidade e rapidez.

Depois do apronto inicial, eis que nos fizemos à epopeia, começando a ascensão ao Alvão não por terra batida, mas por asfalto, até cruzarmos a A24. Assim faríamos uma espécie de aquecimento que nos permitia abordar os trilhos com maior facilidade. No entanto, ao entrar no nevoeiro mais denso começámos a ficar bastante molhados e imaginava-se um dia penoso…depois de descermos à localidade de Fontes, do outro lado do vale à cota mais alta avistavam-se novamente as nuvens mais carregadas.



A primeira paragem foi na localidade do Castelo, onde visitámos o Castelo de Aguiar da Pena. O “assalto ao castelo” fez-se pelo trilho habitual, coberto de folhas secas da densa floresta que o circunda.

Daí mostrámos ao nosso amigo o percurso que iríamos fazer pelo meio da densa mata de carvalhos passando a nacional n.º 2 até que, depois da localidade de Parada do Corgo, teríamos de encarar a primeira grande subida do dia, rumo ao Planalto de Jales. A meio da subida, o Pedro, olhando para o GPS, dizia que, pelo que via, nos esperava um acumulado de subida interessante…



A descida para a localidade de Quintã de Jales fez-se a grande velocidade, fruto da boa condição do caminho. Já na localidade, por volta do meio dia, um rebanho de ovelhas com a sua proprietária, preenchia o caminho em sentido oposto…a senhora algo aflita e ver a coisa mal encaminhada, prontamente nos disse: “…é melhor pararem porque este gado é maluco…” . Trazia consigo uma pequena ovelha que acabara de nascer.

Daí, seguimos até à ponte romana que atravessa o rio pinhão por entre rochas e calçadas.


A chegada a Campo de Jales fez-se por volta das 13h…já com vontade de nos sentarmos à mesa. Aqui, depois de passar em alguns locais que marcaram a exploração mineira e aurífera de Jales, fomos ao café do “Bicheco”, comer algo ligeiro para continuar o dia…o ciclocomputador marcava 32 Kms…

Enquanto se comia num recanto do café, vieram-nos dizer que uma figura conhecida do panorama da rádio e televisão estava ali, era Fernando Alvim. Não o conhecia pessoalmente, a não ser da Prova Oral da Antena 3 e do programa da RTP2, cinco para a meia noite. Ao que nos disseram, andou pela região no dia/noite anterior, mais noite talvez, (porque se notava) e veio ali almoçar um coelho à caçador.



As pessoas que estavam na sua mesa, nossas conhecidas, quando nos viram questionaram se já teríamos acabado o passeio ou se iríamos começar, prontamente lhes dissemos que estávamos de partida para a segunda parte do mesmo e que mais trinta e qualquer coisa Kms de trilhos nos esperavam.

Entretanto, sem antes e em tom irónico nos desejar “as melhoras”, Alvim saiu do café entusiasmado com a coisa e acompanhou-nos junto das bicicletas. Ali estivemos com ele à conversa durante alguns instantes e convidamo-lo a pedalar um pouco mas logo nos disse que tinha de ir para o Porto. Ficou algo espantado com algumas coisas que viu nas bicicletas, nomeadamente ciclo computadores /gps…



Lá partimos com a barriguinha composta e fizemo-nos ao trilho logo por uma zona com bastante água até atravessar um pequeno  pontão, mas ninguém molhou os pés.
Depois de passar a localidade de Covas, tivemos pela frente mais uma subida durinha antes de abordar a localidade de Tresminas. Aqui, visitámos a igreja românica e alguns vestígios da época ainda bem conservados.

Dali rumámos em direção às grandes explorações romanas. A ideia era descer às mesmas mas, a gestão do tempo, não nos permitiu visitá-las lá em baixo porque ainda tínhamos pela frente uns Kms até Vila Pouca. Ficará par outra oportunidade.



Até Vila Pouca de Aguiar foi sempre a pedalar e já com pouca luminosidade, no denso bosque atravessámos a N206 e abordamos a descida a Nozedo com algum cuidado. Os últimos Kms deste passeio foram feitos pela ciclovia que liga Vila Pouca de Aguiar a Pedras Salgadas.

Fica para recordar, um dia fantástico e o prazer de termos pedalado os 61Kms na companhia de um grande amigo, entusiasta da bicicleta, dos Caminhos de Santiago e um profundo conhecedor do nosso Portugal e não só, muito por culpa deste agradável desporto. 


terça-feira, 29 de novembro de 2011

DE NOVO UM PASSEIO PERFEITO

JPP and CN in the road near Monsaraz

27 de Novembro de 2011
Dia de São Virgílio
80 kms.
1300 m. acumulado

Texto e Fotos: PRoque

A proposta, que constava da ligação em BTT entre Évora e a altaneira Monsaraz, tinha tudo para dar certo. Ora, sabendo nós que a Lei de Murphy, malgré tout, é absolutamente excepcional, não é de admirar que no final tudo tenha dado certo bem como, igualmente, o grau de satisfação tenha sido elevadíssimo.

Para além da companhia de dois grandes amigos de longa data (Cláudio Nogueira e João Pedro Pina) no início alinharam quatro outros elementos de Évora se bem que, a dada altura, tenham optado por abreviar o caminho até Monsaraz seguindo por asfalto.


Monsaraz sightseeing

O tempo seco, que contribuiu para a firmeza dos terrenos transformaram a incursão numa espécie de passeio primaveril inclusive em alguns trilhos que, de outro modo, seriam lamaçais temíveis.

De resto o sol é um factor acrescido de bem estar: predispõe bem, ilumina tudo - inclusivamente a alma - melhora os registos fotográficos e enobrece a paisagem. E foi com um destes alegres dias soalheiros que seguimos, cruzando ainda bem cedo o centro histórico de Évora antes de nos internarmos nos campos alternando as zonas planas com os rompe-pernas que tão bem caracterizam o Alentejo.

JPP, me and CN at the Monsaraz Plaza de Toros

Destaque para as zonas de águas represadas a proporcionarem as vistas desafogadas à medida que o cabeço de Monsaraz começava a surgir no horizonte.

A paragem em Montoito foi um must. Junto à cafeteria o habitual "grupo da sueca" de reformados um dos quais se havia deslocado numa clássica Ye-Ye de um verde metalizado lindíssimo e a quem prometi que a sua foto iria "para o Facebook" ("o qu'é isso, home?") além dos coloridos comentários habituais quando as duas tribos se encontram.
Uma reluzente clássica em Montoito

Para o final estava guardado o melhor pedaço: o uma colina sobranceira a uma das aldeias com rampas íngremes ascendentes e descendentes, o Menir do Outeiro e a dura calçada que ascende a Monsaraz.

No final a detente com as magníficas vistas sobre os olivais, vinhas e o intenso azul do Guadiana represado no magno lago do Alqueva, as incontornáveis umas fotos na plaza de toros e um reconfortante snack na esplanada de um bar local.

Magnífico! Esta foi uma incursão inesquecível. Provavelmente mais um passeio perfeito.


CN and JPP arriving at Monsaraz

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

DESPORTO E SAÚDE



Ontem completei 87 kms. de BTT na zona de Pegões - Canha num terreno eminentemente plano mas pesado em virtude da quantidade de água que tem precipitado nas últimas semanas. A percepção que tive da dureza da incursão foi desmedida relativamente ao que, objectivamente, era o traçado. 

Ainda assim a média foi bastante razoável (circa 18 kms./h.) mas, após o passeio, o cansaço tomou conta de mim, inexoravelmente. Felizmente era o JC que conduzia a viatura de regresso.

Em casa, após a refeição, desliguei a máquina pelas 21:00 e só acordei 12 horas depois!

Analisando objectivamente o sucedido conclui que uma conjugação de treino intenso de ginásio e pouco descanso são uma receita terrível. 

Moral da História - o descanso é F U N D A M E N T A L. Caso contrário temos o fenómeno do temível over-training. Ainda assim o corpo humano é fantástico: é que, após este meio-dia de descanso tudo se recompôs...

terça-feira, 15 de novembro de 2011

ANDERS RASMUNSEN É UM DOS NOSSOS



O número 1 da NATO é um betetista inveterado. Para além da foto em que surge a pedalar ao lado do ex-presidente W. Bush (também ele betetista) a notícia que se segue não deixa dúvidas disso.

Sem embargo temos conhecimento disso através de um "acidente de trabalho" demonstrando que, quem anda à chuva, molha-se.

Desejamos um rápido restabelecimento para que possa voltar aos trilhos.


O secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), Anders Fogh Rasmussen, caiu de bicicleta e fraturou o ombro, o que o forçou a cancelar uma viagem pela Europa Oriental, informa seu perfil na rede social Facebook.

"O mountain biking é um esporte desafiante. Ontem tive uma grave queda com minha bicicleta e, infelizmente, tenho fraturas em meu ombro esquerdo", disse Rasmussen, ex-primeiro-ministro da Dinamarca.

Ele comentou que seu braço esquerdo foi engessado e que não consegue movimentá-lo. Disse ainda que sua recuperação "levará algum tempo e paciência".

"Infelizmente tive de cancelar minha viagem pela Estônia, Letônia e Lituânia nesta semana", acrescentou Rasmussen, 58 anos, que assumiu o cargo na Otan em agosto de 2009. Em seu perfil no Facebook, ele se diz amante de jogging e de mountain biking, além de outros esportes de contato com a natureza, como o esqui.

sexta-feira, 17 de junho de 2011

CYCLE ADDICTION - A SIMPLE WAY TO FEEL ALIVE


Após dois meses sem pedalar  e num estado de forma miserável não posso deixar de constatar que, após um par de incursões no passado fim-de-semana, o "vício" se reinstalou.

No próximo domingo está já planeada uma incursão épica em BTT no triângulo Torres Novas - Ourém - Tomar que aqui darei conta.

Afinal é destas coisas simples e autênticas que nasce a felicidade: amizade, bom tempo, natureza, património e forma física.

A mente sã em corpo são!

quinta-feira, 5 de julho de 2007

ABSA CAPE EPIC



The Absa Cape Epic presented by adidas takes place every year around the last week of March and the first week of April. It starts in the beautiful Garden Route town of Knysna and finishes nine days later in style at the grand Lourensford Wine Estate, just outside Cape Town. The route changes every year, and leads aspiring amateur and professional mountain bikers from around the world through approximately 900 kilometres of the unspoilt nature of the Western Cape and up approximately 16 000m of climbing over some of the most magnificent passes in South Africa. For the first time the 2008 race will start with a time trial prologue on Friday in Knysna.

Ride in Teams of Two
All riders must enter as a two-rider team. Teams register in one of four different categories that include Men, Ladies, Mixed and Masters (both riders must be 40 years or older). The minimum age of participation is 18. Each of the eight stages begins at 07h00. The riders in a team must remain together at all times during the race and are expected to reach the finish line by 17h00 daily. At each stage, the winners of the day receive prizes and the leaders in the overall classification their leader jerseys.

Focus on Rider Satisfaction
The Absa Cape Epic is organised and presented with the participating athletes at the focal point. Their satisfaction, well-being and enjoyment of the race are the organisers' primary goals. We aim to deliver an unsurpassed and unforgettable mountain bike and African travel-experience. Therefore, we offer a 24-hour full service around the race, including tented accommodation in race villages, carbo-loaded breakfasts and dinners, race nutrition, bike servicing, masseurs, and stage location specific entertainment every evening.

Full Service Race
The Absa Cape Epic is the largest full-service mountain bike stage race in the world. Race nutrition, water, and isotonic carbohydrate drinks are available at the feed zones to revive tired riders during the race. At night, all riders and race crew sleep in the tented race villages that are set up prior to arrival and taken down immediately after the start each morning by the race crew.

Every Year a New Route
There are many ways to ride through the stunning Western Cape from Knysna to the Cape Winelands, and the route of the Absa Cape Epic changes every year. Riders will see wide open African plains, majestic mountains, deep ravines, arid semi-deserts, indigenous forests, spectacular coastlines and flourishing vineyards.
The route is characterised by dusty and demanding gravel paths, strenuous rocky uphills, thrilling technical downhills, magnificent river crossings and stunning forested single tracks.

terça-feira, 3 de julho de 2007

segunda-feira, 2 de julho de 2007

CAMINHOS DE AVIS (ALMADA - AVIS)



Peregrinação em Bike
Caminhos de Avis 2007
30 Junho, 07H30 – Parque da Paz

Almada, Coina, Pinhal Novo, Pegões, Canha Sul, Santana do Mato, Couço, Barragem Montargil, Foros do Mocho, N.Srª Arrabaça, Aldeia Velha (Avis).

160 kms., com um acumulado de 1724 metros. Cota mais alta: 183 metros, Cota mais baixa: 8 metros

_______________________________

Ao contrário do que contava inicialmente não pude alinhar de início por causa das exéquias do meu falecido tio.

Sem embargo não quis deixar de estar presente tendo chegado perto das 14:30 a Aldeia Velha (Avis) e tendo efectuado o percurso em sentido inverso até encontrar o pelotão.

Assim aconteceu a meio caminho entre o Couço e Santana do Mato isto com cerca de 48 kms. volvidos.

Apesar do troço entre Aldeia Velha e o Couço ser muito exigente tecnicamente (com algumas passagens em areia de dificuldade) mantive um ritmo forte tendo alcançado uma média de cerca de 18 kms. / h que baixou 1 km. no final apesar de se ter atalhado bastante por estrada e, até perto do final, por caminhos mais rolantes.

De referir que só mantive este ritmo já que iria fazer "poucos" quilómetros (se considerarmos que 100 kms. são pouco relativamente aos 160 do total da travessia). Ainda assim percorri mais quilómetros que os previstos antes de encontrar a mole ciclística.

No final um banho e o jantar a saberem divinamente.

Em suma: como estava fora de questão faltar ao funeral tive de conciliar as duas coisas e acabei por pedalar cerca de 100 kms. Deu para conhecer pessoalmente alguns dos "nicknames" que por aqui circulam. Para além dos já conhecidos Rui Sousa e Jorge Manso (que fui eu que "inscrevi") deu para rever o Vítor Louça e o Zé Luz (ainda que apenas em "versão motorizada") e ainda o Sérgio Saldanha, o Jorge Maria (promotor do evento), etc.

Foi mais uma excelente jornada de BTT bem ao meu gosto...

terça-feira, 26 de junho de 2007

A "GARMIN TRANSPORTUGAL 2007" VISTA POR JORGE MANSO


Texto e foto de Jorge Manso
Mais Fotos aqui

Como amante das longas horas a pedalar, há já alguns anos e do nosso "Portugal
profundo", desde a infância, ao ver surgir a SuperTravessia fiquei logo com o
"bichinho" de participar.

Enquanto que, primeiramente, não me via fisicamente capaz de participar, depois
passei a não me ver com disponibilidade para participar, até que, em 2006, tomei a
decisão de arranjar esse tempo que não tinha. Infelizmente em Janeiro tive um
acidente viário que impossibilitou a minha conveniente preparação.

Sendo assim, em finais de 2006, a ideia estava ainda mais forte e logo no final de
Dezembro decido marcar uma data de inicio, neste caso o clássico Tróia-Sagres
como data oficial e partir da qual me auto-responsabilizaria por estar em
condições de aguentar a aventura de Junho.

A ideia de fazer 1000km em 8 dias sempre me pareceu algo assustadora, como tal
tive de alterar bastante a minha vida pessoal e profissional para possibilitar
um aumento de kms. brutal, digo-vos só que, nos seis meses de preparação para a "Super",
fiz o dobro dos kms. do ano de 2006 inteiro...

Como não sou rapaz de fazer exercicio em espaços fechados e em virtude de alguma
variabilidade no meu horário laboral, a minha preocupação central foi andar muito de
bicicleta e tentar andar, ora muitas horas, ora menos horas, mas a um ritmo mais
forçado. A possibilidade de ir a maratonas aumentar o ritmo foi reduzida pela
dita variabiliadade de horário, apesar de ainda ter conseguido ir a 2 (Alvalade
e Mafra), mas já muito perto da "hora H".

Felizmente tive também a oportunidade de participar no magnifico evento da
FPCUB, o Tróia-Algarve, num fim de semana que serviu ao mesmo tempo para tirar
conclusões do progresso do treino (andei sempre a fundo) e para aproveitar 2
dias de excelente convivio. E partilhar alguns treinos com o Luis Gomes e
Ricardo Melo, que muitas e boas dicas me deram.

E assim de Janeiro até Maio o tempo voou. Agora quando Junho chegou, o caso
mudou de figura e os dias começaram a passar bem devagar. A ânsia de que
chegasse o dia aumentava exponencialmente...

Dia 0 - a chegada

Chegado finalmente o grande dia, 9 de Junho, é hora de rumar ao norte. Uma
viagem bem longa e que foi feita já com a ideia nos dias seguintes, com o
assunto comum a ser o que nos aguardava.

Chagada a Bragança e após algumas buscas lá encontramos o hotel, a grande
maioria dos participantes já por lá andavam, estando na altura em grande azáfama
na retirada das bicicletas das caixas e montagem das ditas. Dá-se uma vista de
olhos às montadas dos participantes e algumas saltam à vista, a pequena e bela
FRM da Sónia Lopes, uma FS laranja de tamanho XXL de um americano e acima destas
a SS "kitada" para 3S (trpile speed) do americano Tom Letsinger.

Quando interpelado acerca da estranheza da sua máquina, admite que a criou
propositadamente para este evento, um quadro de carbono e aço nas uniões, com o
manipulo das mudanças na escora traseira, bem perto do selim, desviador "Campy"
Record, discos accionados por cabo e forqueta rigida de carbono. Diz que o
manipulo está ali por simplicidade (menos cabo e bicha) e para não ser usado
muitas vezes. Uns dias mais tarde diz que prefere as forquetas rigidas por achar
que lhe permitem por a roda exactamente onde quer, sem variações de geometria
causadas pela absorção das irregularidades (e sim, ele experimentou suspensões).
Muitos dos portugueses comentavam que no dia seguinte é ele se iria ver grego e
que dificilmente chegaria ao fim.

Tempo de recolher o dorsal, carregar o GPS e um briefing inicial para explicar a
filosofia do evento, bem como toda a equipa de apoio. Depois jantar e caminha,
que amanhã temos de nos levantar cedo.

Dia 1 - Bragança a Freixo de Espada à Cinta (a apreensão)

Desde cedo pintado no site e pelo briefing do dia anterior como o dia mais duro
da TransPortugal, a decisão foi de atacar o dia com muita tranquilidade, de modo
a não sofrer as consequências nos dias seguintes. Seria uma etapa sem grande
subidas mas com muitas subidas...

A azáfama começa logo no pequeno almoço, com muita gente presente, pois além de
toda a comitiva do TransPortugal, estavam também várias equipas de futebol de
escalões jovens, era o ver se te havias, com as cadeiras desaparecerem
frequentemente e a comida a desparecer rapidamente. Felizmente que a reposição
existia e acabou por não ficar ninguém com fome.

À partida estava já em acção o sistema de handicaps, com os primeiros atletas já
bem adiantados na etapa há hora da mimha partida, por falta de prática de alguns,
houve vários que se atasaram um pouco no seu arranque... Felizmente eu e o
Cláudio nunca tivemos esse problema, pois não tinhamos handicap, significando
que arrancariamos sempre no último grupo, à hora certa.

Neste dia acabamos por ususfruir bastante da companhia do Tom, a revelar que
sabia bem aproveitar as potencialidades da sua montada, deixando-nos com
frequência para trás nas descidas.

Oportunidade também para ajudar o Luis Gomes, assolado pelos furos em todo o
evento e sendo neste dia o seu 3º, já estava algo perturbado pelo facto, sendo
que eu forneci a câmara, o Cláudio a mão de obra e o Ricardo Lanceiro o CO2.

Após uma grande secção de rectas fui-me algo abaixo e fizemos uma pequena
paragem para comer um gel e repousar, que me fez maravilhas. Logo a seguir
subimos uma calçada cuja maioiria se fez a pé, mas foi o sinal de uma secção
mais divertida, apenas ensombrecida pelo inicio da chuva, que nos fez desanimar
um pouco, pois arrefecemos bastante... Pouco após o último CP fazemos uma curva
à direita e temos à nossa frente uma esplendorosa paisagem do Douro
Internacional, realmente de tirar o folêgo, caso ainda o tivessemos.

O lado bom é que já cheirava a Freixo... Com o Douro tão perto não podia faltar
muito, mas só nos últmos 800m é que se vislumbra a vila, sendo que os últimos
300 são feitos a subir pela calçada.

VITÓRIA, chegamos ao Freixo com 9h11m a pedalar, bem cansados mas satisfeitos.
Recebidos pela tenda do "repasto" que atacámos em grande e pelos vários colegas
pedalantes que ainda por lá se encontravam, alguns na massagem, outros a repor
os gastos do dia, outros a tentar perceber onde iriam ficar, pois neste dia
ficamos repartidos por 3 alojamentos.

Por nossa sorte eu e o Cláudio ficamos no Freixo, a repartir um quarto com o
Adriano Alves, um ciclista muito bem disposto. Um bom jantar e briefing feito
algo à pressa, pois o dia para a organização também foi dificil e ainda não
tinha acabado.

Dia 2 - Freixo a Alfaiates (agora é que vai ser)

Prevista que estava uma etapa mais fácil, com uma longa zona de subida inicial e
muito mais rápida a partir de Castelo Rodrigo achámos que hoje já podiamos andar
algo mais depressa e sem preocupações.

E assim foi, após uma pequena subida e descida chegamos à magnifica passagem da
ponte medieval antes de Barca d'Alva, em que raros foram os que desceram a sua
totalidade sem por os pés no chão. Ligação até Barca d'Alva por alcatrão e toca
a subir. Aqui marcamos um ritmo forte e acabamos por ir deixando gente para
trás, na zona final da subida chegamos mesmo a apanhar o Nuno Gomes, que
depressa desperta da sua letargia e em Castelo Rodrigo já está fora de vista,
reabasteceimento e entramos na zona dos roladores, várias dezenas de km em que
tenho de me proteger na roda do Cláudio e do Adriano, que encontramos mesmo em
Castelo Rodrigo. Mais à frente fica para trás o Adriano e ganhamos a companhia
do George (o único Sul-Africano presente) e do Martin (o dito da bicla XXL),
sempre a rolar a bom ritmo chegamos mesmo a passar a Carol e apanhar a Sónia
Lopes e a Hillary Harrison separadas por uma pequena distânica, após uma etapa
em que devem ter lutado até ao limite das suas
forças, a Sónia segue com o Cláudio e na confusão do grupo de 6 fico para trás
como os restantes, Hillary ainda tenta seguir com eles mas o cansaço é tal que
apresenta alguma descoordenação motora, facto que me impressiona bastante e me
leva a dizer para ter calma, pois ainda tem mais 6 dias para pedalar.

A chegada Alfaiates é feita nas traseiras do hotel, com o espaço de convivio a
ser bem aproveitado, com as massagens e tenda da comida bem perto, acabou por
ser o dia em que se conviveu mais (também ajudado pelo facto de termos acabado
relativamente cedo).

Neste dia fizemos uns magnificos 15º e 16º tempos, com 6h03m a pedalar. Na
classificação geral pouca alteração tivemos.


Dia 3 - Alfaiates a Ladoeiro (dia de serrar os dentes)

Após o esforço do dia anterior esperava-nos um dia mais variado, com a
ondulante passagem na Serra da Malcata, seguida de uma zona de ligação rápida, 2
subidas (Serra do Ramiro e Monsanto) e novamente mais rápido no final.

Desde cedo neste dia que as coisas começaram a ficar feias, com o Cláudio a
ressentir-se bastante do nosso esforço da anterior etapa, nomeadamente com
fortes dores ao nível dos joelhos que o impediam de andar mais rápido e muitas
vezes o fizeram duvidar se conseguiria acabar a TransPortugal.

Pela minha parte desfrutei da zona da Serra da Malcata, com um piso muito
pedregoso, ao meu gosto, mas que me começou a dar algumas dores nos pés,
resultado da minha fraca habituação aos meus novos sapatos.

Paragem para comer uma sandes trazida do hotel num dos miradouros de Monsanto e
o Cláudio recupera um pouco, mesmo a tempo de andar aos saltos pelas predas da
calçada de saida de Monsanto, que fez a ligação até Idanha-a-Velha.

Após Idanha-a-Velha em teoria seria percurso mais rolante, mas ainda nos
deparemos com alguma subidas, que começam já a fazer mossa nos meus joelhos,
para além dos do Cláudio, cruzamo-nos com o Cal (facto que nos deixa muito
surpresos) que está a passar um mau dia, mas diz-nos não precisar de nada.

Ao cruzar o último CP numa zona relativamente plana o Luis diz-nos que a Sónia
Lopes havia acabado de cair mesmo ali em frente. Ia na roda de outro
participante e numa pequena variação de ritmo tocou nesta, acabando por ser
projectada. Nesta altura já estava na sombra com apoio e eu e o Cláudio apenas
no restringimos ao apoio moral e um limpeza nas feridas, a Sónia com uma
expressão de dor óbvia, mas ao que parece ainda havia tentado montar-se na
bicicleta, sem sucesso. Após a rápida chegada do António Malvar fica a ser
assistida por este enquanto espera pela ambulância e nós os 3 tratamos de acabar
a etapa. No entretanto já havia passado o Cal e alguns estrangeiros.

Até à chegada ao Ladoeiro etapa sem história, no hotel de chegada novamente uma
bela zona de meta a favorecer o bom ambiente e o convivio entre todos. O Cláudio
ataca desde cedo cedo no gelo para ver se o joelho se compõe. Ao fim do dia foi
anti-inflamatório no joelho para ambos (obrigado Luis e João).

Viemos a saber mais tarde que a Sónia tinha o pulso partido e a clavicula
rachada (que grande queda), mas só no dia seguinte retomaria a caravana pois
teria de ficar em observação durante a noite.

Dia 4 - Ladoeiro a Castelo de Vide (o tira-teimas)

Neste dia esperava-nos mais um dos dias "curtos" com apenas 108km para
percorrer. Com medo que se repetisse o dia anterior adoptamos uma toada sem
excessos, particularmente por causa de uma comprida zona rolante inicial até à
saída da margem do rio Pônsul, a partir da qual o relevo se alteraria.
Alguns dos outros participantes já tinham algumas mazelas da viagem, com o
Jaime a ter de fazer uma pausa para dar algum repouso ao seu ,já muito
maltratado, e outro participante a ter de fazer várias paragens para reforçar a
camada de creme protector (a certo ponto já nem punha as alças do calção) ao
longo da etapa.

Cedo ganhamos a companhia do George, que também ia num dia mais descontraido,
dizia que não conseguia entrar no seu ritmo. Paragem num café para o 1º
abastecimento e entramos no ritmo da aldeia, nada de pressas e para fazer uma
sandes para a George foi no minimo uns 15min. Mas nada de stress, que para isso
já chega o emprego... Muitos passaram entretanto, todos dando um ar sua graça.

Sempre num ligeiro sobe e desce seguimos até às portas do Tejo, local onde
nunca me lembro de passar, mas que o George aproveitou para a fotozinha da
praxe. Eu e o Cláudio segiumos nas calmas a aproveitar o trilho paralelo ao
Tejo, em breve o George tornaria a apanhar-nos.

Seguindo em sobe e desce somos apanhados por vários "monstros" do ciclismo
numa subida de alcatrão. Ainda os encorajamos um pouco com as habituais "a tope,
a tope" que tanto se houvem nas grandes voltas. E por algum tempo lá vamos em
amena cavaqueira.

Chegados a uma zona de eucaliptal onde o António Malvar nos tinha avisado no
anterior briefing de um cruzamento à esquerda, pouco visivel, mas bem sinalizado
no GPS e não é que acabamos por nos enganar de qualquer modo... Chamo pelo
George e volto para trás enquanto que ele decide atalhar pelo meio dos
eucaliptos.

Nesta parte surge para mim um dos eventos curiosos da TransPortugal. Numa
secção em que haviam alguns regos resultantes do trânsito de jipes (também tinha
sido avisado no dia anterior) vejo uma lebre e com a distracção acabo por "tirar
o brevet". Resultado um toráx maltratado e um braço arranhado, o que mais me
doía era o queixo, mas aí nada de visivel... O facto curioso foi que ao começar
a levantar-me dou conta de uma pala de capacete e uma barra energética no chão.
Alguém havia caido exactamente no mesmo sitio que eu. No final da etapa soubemos
que tinha sido a Filomena, mas que naquele eucaliptal também havia caido o
Adriano. Aquela lebre andava a fazer das suas...

Percurso ondulante até Castelo de Vide e damos de caras com os primeiros
portões, em jeito de aquecimento para o dia seguinte. E a cereja em cima bolo
foi a subida em calçada até ao centro de Castelo de Vide, com alguma técnica à
mistura, mas nada de transcendente, acabamos por fazê-la toda em cima das nossas
montadas.

Dia de 6h37 a pedalar, sem mexidas na geral.

Dia 5 - Castelo de Vide a Monsaraz (o dia dos duros)

Este dia desde logo se esperava como longo, mas de acordo com o briefing do
dia anterior, a partir do km 30 seria bastante rolante e rápido, isto é, se o
tempo não fizesse das suas.

Este tornou-se para mim o dia mais duro da TransPortugal. Um dia de autêntico
inverno com chuva forte e muito vento deixou-nos a todos muito apreensivos
quanto à etapa e com o ânimo algo em baixo. A partida era feita da porta do
hotel, pelo que o hall de entrada estava cheio de atletas à espera da sua hora
de partida, de modo a arrancar o mais seco possivel (não é que durasse muito mas
lá nos iamos convencendo). Alguns atletas optaram mesmo por nem arrancar, tal o
cenário com que se depararam.

Logo ao arranque os tipicos problemas do mau tempo, o GPS não queria captar
sinal... Após alguns minutos a passo de caracol com o vassourinha já na minha
cola ele começa a receber e atacamos logo uma bela calçada a subir, bem
escorregadia. Pé no chão e toca de empurrar por ali acima. Depois da subida veio
uma bela descida também em calçada, só era pena estar "barrada" com muita
manteiga. Cuidados redobrados pela minha parte e uns sustos para o Cláudio,
cujos travões não estavam a colaborar nada. O Adriano volta a cair e já com
algumas costelas a dar sinal da queda do dia anterior, agora foi a vez da
hemiface esquerda.

Toda a secção da serra de São Mamede é feita sob metereologia inclemente, com
chuva e vento forte, um ritmo muito lento e vários concorrentes com os GPS's a
dar de si. O Ricardo Lanceiro acaba por aproveitar a nossa companhia pois foi um
dos afectados com água dentro do aparelho.

À saída de Alegrete há algumas melhorias de tempo com chuva (em vez de chuva
forte) e menos vento, finalmente deixei de sentir frio. O terreno também se
tornou menos acidentado, mas tinhamos lama q.b. para dificultar a coisa.

Acabamos por ir num ritmo calmo mas certo e com a chegada dos portões vai-se
formando um grupo que chega a ter 7 elementos (eu, Cláudio, João Mesquita, Luis
Baptista, Ricardo Lanceiro, Filomena, Sven), perdeu 3 (Filomena, João e Luis)
elementos ao subirmos de ritmo mas acabamos por apanhar outros 2, Hillary e
Oscar, a primeira com problemas no seu travão traseiro (também eu os sentia mas
já tinha pura e simplesmente deixado de usá-lo). Começava também a sentir alguma
imprecisão nas mudanças.

Com alguns km de alcatrão (nunca me souberam tão bem) e a companhia do João
Pedro Pina melhora o ânimo e o ritmo e damos por nós bem lançados, altura também
do Agnelo nos apanhar numas belas fotos de grupo.

Na secção final de "portuguese flat" ainda temos direito a uma empinadas mas
curtas rampas para estragar o que já vai mal e a Hillary farta-se do ritmo e
vai-se embora ao fazermos uma paragem para regar as oliveiras e pôr óleo nas
correntes.

Estradão final de pedra solta com Monsaraz à vista, felizmente que aqui já
tinhamos algum Sol. Com tanta pedra lá há uma que me fura o pneu traseiro,
tentativa de repor pressão e aproveitar o Magic Seal sem sucesso e lá tenho de
recorrer à câmara. Nesta altura é o Sven que não pára e ficamos os 4 tugas. Até
à subida de calçada para Monsaraz vamos em grupo, com avistamento do Mário e do
Roque ao chegar ao convento da Orada, que estão novamente à nossa espera na
capela em Monsaraz, ao finalizar a subida.

Foi um dia bem duro, particularmente a nível psicológico, para as mecânicas (o
José Carlos só se deitou cerca das 2h30) e para os GPS's, com muitos a terem
problemas com eles. Fruto da dureza do dia vários decidem abandonar a etapa e
nós subimos alguns lugares ao resistir a essa tentação. Foi um total de 10h05m a
pedalar (o dia mais longo). Mais o trabalho de casa, em forma de trocar pneu
traseiro e pôr nhanha, mudar pastilhas de travão e mudar o cabo das mudanças
traseiras. Neste dia não houveram alongamentos, nem banho de água fria nem nada.
Foi chegar, duchar, comer, reparar, dormir...

Dia 6 - Monsaraz a Albernoa (dia rolante, dizem eles)

Esta etapa afigurava-se como uma da mais fáceis da TransPortugal. Um dia com
138km de trilhos rolantes à moda portuguesa, ou seja, ondulantes. Logo a iniciar
com 20 em alcatrão.

Este dia deixava-me algo apreensivo. Leve como sou nestas rectas geralmente
ressinto-me muito e acabo por apenas conseguir ir na roda de alguém (neste caso
do Cláudio) e mesmo assim com algum sofrimento à mistura. Estava na esperança
que com isto em vista se juntasse um grupo grande na secção inicial de alcatrão,
mas o sistema de partidas com handicap e a vontade de andar depressa de muitos
fez com que à frente se formasse um grupo razoável, mas os restantes de nós se
juntassem apenas em pequenos grupos, no nosso caso de 4 elementos (Cláudio e eu
mais 2 ingleses), que se desfez à saida do primeiro troço de terra, ao pararmos
para tentar ajudar o João Marinho no seu 1º furo do dia (haveria de se revelar
um dia negro para ele).

Apanhamos alguns portões, por sinal bem menos do que no dia anterior e desde
cedo que as mudanças traseiras voltam ao mesmo do dia anterior, teimosas que nem
umas mulas. Com umas chuvadas pelo meio apanhamos o António e o Óscar e seguimos
em grupo até a 30km do final onde deixo pura e simplesmente de ter mudanças
traseiras, a porcaria na bicha era tal que o cabo nem corria. Resultado, tive de
optar por uma mudança polivalente (no meu caso a 4º) e mudar apenas as
pedaleiras. Foi o triple speed (3S) á moda do Jorge Manso. O Óscar e o António
seguiram a sua viagem e o Cláudio ficou agarrado comigo. Tempo ainda de ao
chegar perto de Albernoa, onde a organização nos faz atalhar por alcatrão até ao
hotel, de modo a evitar uma zona de barro, de apanhar o George, que com o
Cláudio me arrastam pela recta sem passar dos 25km/h, a velocidade máxima a que
conseguia chegar com a minha combinação "talega"x4. Não sem algum esforço
perceptivel pela foto da nossa chegada.

Hoje lá teria novamente trabalho, mas desta vez seria para fazer tudo como
deve ser com mudança de bichas e cabo. Felizmente que hoje foram "apenas"
7h38m a pedalar. Fruto dos azares mecânicos fazemos uma classificação abaixo da
média, mas sem reflexo na geral.

Dia 7 - Albernoa a Monchique (passagem ao reino do Al-Garb)

Neste dia a etapa seria bastante variada, com opções para todos os gostos. Uma
secção inicial de 50km de "portuguese flat" terminada com 2 subidas
consecutivas, uma zona de terreno acidentado, os contrafortes da serrania
algarvia e a cereja em cima do bolo, as subidas na serrania algarvia
propriamente dita. Logo no briefing somos largamente avisados da primeira das
subidas em serra, à Portela da Brejeira, a única a ser feita em terra.

O dia começa na hora do costume para as etapas "fáceis", 10h. O inicio terá de
nos levar por uma zona onde há possiblidade de barro, mas acabou por não ser
assim e ainda bem. Hoje já tinha as mudanças todas a funcionar, seria só mesmo
questão de pernas.

Com a dita zona bastante rolante e ao partirmos no grupo de atletas mais
numeroso (o grupo sem handicap) acabamos por imprimir um ritmo rápido e vamos
alcançado atletas que haviam arrancado antes de nós indo estes engrossando o
grupo, a certa altura penso que teremos sido perto de 20. O ritmo é alto mas o
grupo algo desorganizado nas secções de BTT, a certa altura passamos o Dominic
furado, hoje seria o seu dia dos azares, tendo perdido muito tempo nessa
reparação. Vários dos estranjeiros do grupo abrandam para tentar ajudar e o
grupo reduz-se a cerca da dezena, maioriariamente portugas, mais a Carol e o
Sven que apanhamos pouco à frente nos primeiros portões.

Logo no primeiro portão ainda apanhamos um susto com o João Oliveira a quase
fazer uma pega às avessas ao enfiar o "corno" da sua montada na perna do Cláudio
pois ia distraido e não esperava uma paragem tão súbita (ao que parece ainda fez
uma bela égua agarrado aos travões). Felizmente não houve consequências para o
Cláudio com excepção da forte dor no momento. Viemos a saber mais tarde pela
Hillary que ao seguir o grupo da frente, também de cerca de 10 elementos perto
de um destes portões ela súbitamente e sem razão aparente dá-se conta de várias
pernas pelo ar e uma paragem repentina. Tinha sido o Ricardo Melo e outro
companheiro que tinham atingido um portão em cheio, usando o arame à moda de
rede de travagem (tal não é a velocidade a que estes meninos andam). Por acaso
passámos por um portão bem frouxo, mas se foi esse o atingido nunca virei a
saber...

Ao chegar à aldeia das Amoreiras parte do grupo decide parar para reabastecer e
seguimos eu, Cláudio, Óscar, Paulo, Carol e Sven. Na primeira e menos inclinada
(mas bem mais longa) subida descolam a Carol e o Sven e por fim o Óscar. Na 2º
subida, nesta tendo de se recorrer à "talega pequenina" passa por nós um foguete
belga. Era o Dominic que subia a um passo infernal tentando recuperar algum do
tempo perdido no inicio do dia.

Chegados a Corte Brique paramos na primeira tasca à vista para a nossa
tradicional sandes, servida num fresquinho pão alentejano, de chorar por mais, e
uma coca-cola. Aproveitando também para reabastecer o "camelo". O Paulo só
reabastece de água, retomando a sua etapa rapidamente.

Apanhados que somos pela Carol e o Sven que também tinham aproveitado para
reencher da água seguimos um pouco com eles. Pouco mais à frente apanhamos
novamente o George, que como de costume se junta a nós, que andar muito tempo
sozinho deve tornar-se maçador. A Carol já havia feito uma paragem e o Sven no
primeiro declive passa a seguir no seu passo, um pouco mais lento.

Cruzamos Santa Clara e o rio e ao atravessarmos uma feira onde havia uma
tasquinha havia no ar um cheiro fenomenal. Se calhar deviamos era ter parado
aqui comentámos entre nós. Ao chegarmos perto de Viradouro o George apercebesse
que já tem pouca água e fica para trás a tentar pedir água a alguns locais, mas
sem sucesso. Nós esperamos numa sombra mais à frente.

Em conversa com ele após o cruzamento de uma ribeira pela enézima vez
apercebemo-nos que ele afinal já está mesmo sem água, partilho um pouco da minha
e decidimos parar na primeira casa para pedir reabastecimento. Pouco mais à
frente apanhamos um senhor a descascar batatas na porta da sua casa e
pedimos-lhe um pouco de água. E ele na sua boa fé diz "Vou já buscar um copo."
Mas nós queremos mais do que isso, ele generosamente cede a sua torneira
enchendo nós os cantis. Em conversa com o senhor lá lhe dizemos que não
conhecemos os caminhos mas temos uns aparelhos que nos orientam por satélite,
não parece muito convencido...

Finalmente ao km 106 aparece a famigerada subida à Portela da Brejeira,
considerada como a subida mais dura do TransPortugal. Algo apreensivos quanto à
sua dureza vamos à espera do monento em que teremos de por o pé no chão, quando
chegamos ao final sempre a pedalar estamos satisfeitos e acima de tudo
aliviados. Afinal o monstro era só um monstrinho. Descida por terra bem rápida
ainda com direito a alguns sustos pelo meio e entramos em alcatrão. Segundo o
briefing de ontem estes últimos 20km seriam em alcatrão, mais fácil pensávamos
nós.

A realidade é que este alcatrão levou a que o Cláudio, finalmente sentindo-se
bem, optasse por apertar o ritmo, o que veio a tornar esta secção a mais dura
para mim em toda a etapa. As subidas de alcatrão sucediam-se e sempre bem
inclinadas, mas um piso tão bom só pedia era um pouco mais de esforço para
chegar só até ali à frente, onde a subida terminaria. O problema é que as
subidas estavam a começar a parecer que não iriam acabar. A tal ponto subimos
que de um dia ameno e nublado passamos a andar entre as nuvens, em más condições
de visibilidade e com o GPS a trabalhar ao ralenti. De repente numa zona plana
damos conta que não estamos no track... Mas não era sempre em alcatrão? Ruela
para aqui, ruela para ali e afinal ainda havia algum BTT para fazer, mas
finalmente estavamos a descer, só podia ser bom sinal.

Com a navegação algo dificultada pela má recepção dos aparelhos e má
visibilidade ainda nos enganamos algumas vezes mas conseguimos chegar a bom
porto. Ainda bem que iamos os 2.

Reusltado 19º e 20º lugares, classificações que nada alteram à geral, mas um dia
em que acabamos satisfeitos pois a zona final foi feita sempre a abrir, facto
que nos saiu do pêlo, mas deu muito gozo (ambos gostamos de subir). O George
havia ficado no inicio da subida de alcatrão pois os seus joelhos não estavam em
condição de nos acompanhar. E acabamos por ganhar 38min ao 21º classificado,
ficando a 1h deste, bem como a 1h13 do Ricardo Lanceiro, o 18º classificado. A
próxima etapa não nos traria qualquer stress.


Dia 8 - Monchique a Sagres (a festa)

Neste dia esperavam-nos apenas 95km, mas como tal a hora de fecho do controlo de
chegada seria mais cedo. A etapa tinha 2 fases uma primeira de acesso entre a
serra e a costa que se revelou mais rápida e a segunda sempre ao longo da costa
com alguma passagens bem técnicas e várias rampas inclinadas de saída das
praias. Com algumas posições seguras apenas por margens de minutos muitos sairam
neste dia a querer defender ou atacar a classificação, o que levou a que não se
formassem grandes grupos.

Na primeira metade depressa perdemos o João Oliveira e o Ricardo Lanceiro, num
dia de ataque, e acabariamos por apanhar o Óscar que tentava defender-se de um
"ataque" do 22º classificado que teria de recuperar nada menos que 20min. A
etapa acabou então por ser feita com um ritmo vivo, na tentativa de apanhar o
Sven, facto que ocorreria ao apanharmos também o mar, na Carrapateira.

Mudando então o percurso radicalmente e adaptando-se melhor às nossas
caracteristicas o Sven acaba por ficar para trás às primeiras subidas, não sem
entretanto ter uma queda sem consequências numa descida bem inclinada, feita com
o pneu traseiro bem colado aos calções. Até ao final temos ainda direito a um
singletrack com uma paisagem esplendorosa mas mal aproveitada por nós na praia
da Cordama, desta vez o contemplado com o susto foi o Óscar e ao acabarmos essa
subida avista-se Sagres, bem lá ao fundo.

Zona maioritariamente plana até Sagres, rola-se em grupo até ao final a bom
ritmo. A vista da meta dá-me novo alento. Ao chegarmos à vila de Sagres sinto-me
cansado mas extremamente feliz. Realizei o meu sonho, eu fiz a Supertravessia.

Chegamos à areia e somos recebidos em ambiente de festa, com a tenda do reforço
alimentar bem recheada, como de costume, mas desta vez até cervejas frescas
estavam disponíveis...

Fui tomar um banho ao mar e diga-se de passagem que até hoje nenhum me sou tão
bem. Soube a vitória. Mais tarde ainda tomo outro em conjunto com o Cláudio e
por fim o da consagração com todos os atletas em conjunto.

Depois de nós foi a vez de vários membros da organização, também eles no final
de 8 dias bem cansativos. E, graças ao Peter e ao Ricardo Lanceiro, pela
primeira vez em 5 anos, foi dia de o António Malvar ir ao banho. Penso que
apesar de ele dizer que não queria e ainda tentar a fuga, lá no fundo ele estava
mortinho por ir à água...


Conclusão

Como diria o Luis Silva (aka Ludos), ESPECTACULAR.

Foi uma semana muito intensa e cheia de grandes emoções, um convivio excelente,
paisagens maravilhosas e percursos à António Malvar (que é muito bom).

Uma semana que me deixou cheio de vontade de repetir algo do género (não sei se
a mesma ou se noutro lado) e que valeu muito mais que o dinheiro que gastei
nela, bem como os 6 meses de preparação.

No final só posso dizer. Obrigado Ciclonatur. A todos vós da organização, que
tanto de vós puseram nestes 8 dias os meus parabéns por fazerem deles o que
foram.

E parabéns a todos nós que acabamos a Transportugal com mais ou menos etapas, em
mais ou menos tempo, com mais ou menos sofrimento. Só espero que aqueles que não
as tenham terminado todas tenham ficado com o bichinho tal como eu, mas que
treinem mais para o ano, para as fazerem todas.

J Manso