segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

INCURSION FANTASTIQUE


4 de Dezembro de 2011

Dia de Santa Bárbara (padroeira de mineiros e artilheiros)
62 kms.
1700 m. acumulado
Texto: Sérgio Favaios

Tal como na conhecida "Sinfonia Fantástica" de Hector Berlioz a sensação de algo incompleto (a curta quilometragem) mas de uma intensidade enorme.

As paisagens transmontanas são outra coisa. Tive a felicidade de efectuar uma incursão inesquecível, no pretérito dia 4 de Dezembro, com os fantásticos irmãos Favaios. Fica aqui o relato da autoria do Sérgio.


Há umas semanas a esta parte, recebemos um mail do amigo Pedro Roque a dar conta da vinda a Trás-os-Montes no primeiro fim de semana de dezembro. No seguimento do mesmo,  lançava-nos a proposta de pedalarmos juntos um dos dias, isto depois de ter passado por cá há cerca de um ano e meio, com o seu amigo Moretti, aquando da sua travessia em bicicleta desde Tavira até Santiago de Compostela. Um dia interessante esse do mês de Julho em que os acompanhámos durante algum kms.


Eis que o dia acordou, à semelhança dos anteriores, muito nublado com nevoeiro à cota dos 700/900 metros. O combinado seria sair de Vila Pouca de Aguiar, em vez de Jales porque o acesso se fazia com mais facilidade e rapidez.

Depois do apronto inicial, eis que nos fizemos à epopeia, começando a ascensão ao Alvão não por terra batida, mas por asfalto, até cruzarmos a A24. Assim faríamos uma espécie de aquecimento que nos permitia abordar os trilhos com maior facilidade. No entanto, ao entrar no nevoeiro mais denso começámos a ficar bastante molhados e imaginava-se um dia penoso…depois de descermos à localidade de Fontes, do outro lado do vale à cota mais alta avistavam-se novamente as nuvens mais carregadas.



A primeira paragem foi na localidade do Castelo, onde visitámos o Castelo de Aguiar da Pena. O “assalto ao castelo” fez-se pelo trilho habitual, coberto de folhas secas da densa floresta que o circunda.

Daí mostrámos ao nosso amigo o percurso que iríamos fazer pelo meio da densa mata de carvalhos passando a nacional n.º 2 até que, depois da localidade de Parada do Corgo, teríamos de encarar a primeira grande subida do dia, rumo ao Planalto de Jales. A meio da subida, o Pedro, olhando para o GPS, dizia que, pelo que via, nos esperava um acumulado de subida interessante…



A descida para a localidade de Quintã de Jales fez-se a grande velocidade, fruto da boa condição do caminho. Já na localidade, por volta do meio dia, um rebanho de ovelhas com a sua proprietária, preenchia o caminho em sentido oposto…a senhora algo aflita e ver a coisa mal encaminhada, prontamente nos disse: “…é melhor pararem porque este gado é maluco…” . Trazia consigo uma pequena ovelha que acabara de nascer.

Daí, seguimos até à ponte romana que atravessa o rio pinhão por entre rochas e calçadas.


A chegada a Campo de Jales fez-se por volta das 13h…já com vontade de nos sentarmos à mesa. Aqui, depois de passar em alguns locais que marcaram a exploração mineira e aurífera de Jales, fomos ao café do “Bicheco”, comer algo ligeiro para continuar o dia…o ciclocomputador marcava 32 Kms…

Enquanto se comia num recanto do café, vieram-nos dizer que uma figura conhecida do panorama da rádio e televisão estava ali, era Fernando Alvim. Não o conhecia pessoalmente, a não ser da Prova Oral da Antena 3 e do programa da RTP2, cinco para a meia noite. Ao que nos disseram, andou pela região no dia/noite anterior, mais noite talvez, (porque se notava) e veio ali almoçar um coelho à caçador.



As pessoas que estavam na sua mesa, nossas conhecidas, quando nos viram questionaram se já teríamos acabado o passeio ou se iríamos começar, prontamente lhes dissemos que estávamos de partida para a segunda parte do mesmo e que mais trinta e qualquer coisa Kms de trilhos nos esperavam.

Entretanto, sem antes e em tom irónico nos desejar “as melhoras”, Alvim saiu do café entusiasmado com a coisa e acompanhou-nos junto das bicicletas. Ali estivemos com ele à conversa durante alguns instantes e convidamo-lo a pedalar um pouco mas logo nos disse que tinha de ir para o Porto. Ficou algo espantado com algumas coisas que viu nas bicicletas, nomeadamente ciclo computadores /gps…



Lá partimos com a barriguinha composta e fizemo-nos ao trilho logo por uma zona com bastante água até atravessar um pequeno  pontão, mas ninguém molhou os pés.
Depois de passar a localidade de Covas, tivemos pela frente mais uma subida durinha antes de abordar a localidade de Tresminas. Aqui, visitámos a igreja românica e alguns vestígios da época ainda bem conservados.

Dali rumámos em direção às grandes explorações romanas. A ideia era descer às mesmas mas, a gestão do tempo, não nos permitiu visitá-las lá em baixo porque ainda tínhamos pela frente uns Kms até Vila Pouca. Ficará par outra oportunidade.



Até Vila Pouca de Aguiar foi sempre a pedalar e já com pouca luminosidade, no denso bosque atravessámos a N206 e abordamos a descida a Nozedo com algum cuidado. Os últimos Kms deste passeio foram feitos pela ciclovia que liga Vila Pouca de Aguiar a Pedras Salgadas.

Fica para recordar, um dia fantástico e o prazer de termos pedalado os 61Kms na companhia de um grande amigo, entusiasta da bicicleta, dos Caminhos de Santiago e um profundo conhecedor do nosso Portugal e não só, muito por culpa deste agradável desporto. 


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