Aproveitando a folga laboral do Jorge Manso (*) na sexta-feira, 29DEZ06, conjugada com as minhas mini férias, efectuámos uma incursão pela “Finisterra” portuguesa, ou seja, a zona mais ocidental do continente europeu, onde a terra termina e o mar começa, bem junto ao Cabo da Roca no Parque Natural de Sintra-Cascais.
Tinha uma certa expectativa nesta jornada uma vez que era a minha primeira incursão BTT após a queda de 16 de Dezembro e que resultou na fissura de uma costela. Tinha efectuado um mini treino de teste, dois dias antes, em Monsanto e a prova não tinha corrido nada mal se bem que tivesse que me defender em certas situações. De facto havia que colocar mais “souplesse” sobre a bicicleta de forma a resultar numa maior suavidade. Do mesmo modo optei por pressões baixas nos pneumáticos (vantagens do UST).
O meu maior receio era que a forma se tivesse, pura e simplesmente, ido, em virtude da conjugação da época festiva e do facto de ter anulado, cautelosamente, todo e qualquer exercício físico, como era, aliás, recomendável. Os dias imediatos à queda foram dolorosos e cheguei a temer uma paragem prolongada. No entanto, nos últimos dias, as melhoras foram visíveis pelo que resolvi recomeçar antes que a forma se fosse por completo.
Assim, senti-me razoavelmente nesta incursão e tendo em consideração que foram efectuadas ascensões em algumas das rampas mais paradigmáticas da serra de Sintra. Do ponto de vista aeróbico, a experiência foi positiva.
Com um dia algo nublado saímos da Malveira da Serra, perto das 10:00, e rumámos em direcção ao Arneiro, com o Abano e Guincho à vista para S, descendo primeiro e subindo depois por um trilho algo escabroso no qual tivemos de desmontar pois era impossível mantermo-nos sentados. Após a dita subida seguimos em direcção a Figueira do Guincho.
Como estávamos a seguir um track “emprestado” acabámos por continuar por uma pedreira abandonada onde alguém vedou o caminho com ramos o que, só por si, é insuficiente para travar um betetista. No entanto a opção mais correcta teria sido subir a Biscaia e tomar, logo aí, a EN 247 e seguir para NW durante cerca de duzentos metros até derivar para E, para o perímetro florestal da Serra de Sintra e as enormes pendentes que nos esperavam até se atingir a Peninha.
Aí se viu o porquê da Serra de Sintra ser tão verde. Ao contrário das cotas mais baixas, na cota dos 250 / 300 metros um nevoeiro persistente e muito intenso levado pelo vento forte (a tempestade vinha de SW) tornava tudo escuro e chuvoso, de tal maneira que a Peninha nem sequer se avistara. As subidas finais eram tecnicamente difíceis e fisicamente extenuantes mas venci-as com relativa facilidade até aos 450 metros.
Contornámos a Peninha e chegámos à estrada florestal que percorremos durante alguns metros, para NE, até ao parque de merendas e saímos pelo imenso estradão descendente, primeiro para N, depois para W, até retomarmos, de novo, a florestal, chegarmos ao entroncamento com a 247 e virarmos logo para a Azóia (247-4) na direcção NW em direcção ao Cabo da Roca.
No Espragal saímos da estrada para N e começámos a rolar no espectacular caminho da GR 11 (Caminho do Atlântico) mas, a partir de dada altura, cometemos o grande erro da jornada que foi o de seguir, no track referido, a partir de dado ponto, pela mesma GR. É que, após a praia da Adraga, foi um penoso arrastar da bicicleta pela areia praticamente até à Praia Grande. Já em casa enxertei o track com uma passagem via Almoçageme com a vantagem de tornar tudo ciclável e de evitar andar apeado a empurrar a bicicleta situação que é sempre dispensável.
Junto à Adraga foi também tempo de resolver um pequeno percalço com o travão Hope Mini dianteiro da bicicleta do Jorge Manso. As maxilas insistiam em roçar no rotor dificultando, com o atrito, a progressão. Uma manobra de afastamento com uma espátula improvisada resultou em pleno e o incidente não se repetiria.
Após a Praia Grande deixam de existir problemas com a areia e foi um ápice enquanto chegámos à Praia das Maças e inflectimos em direcção a Colares pelos pinhais, primeiro, e sem alternativa, pela EN 375 depois. Em Colares velha aproveitámos para comer algo num sítio paradisíaco entre muros de quintas românticas e um chafariz que brota imperturbável a sua água. É um daqueles recantos em que a Serra de Sintra é pródiga.
Continuámos para o grande teste do dia que é a subida Colares – Capuchos. Sempre que por ali passo, em jeito ascendente, sou assaltado por diversos pensamentos que alternam entre a vontade de vender o material ao desbarato e o empenho extremo de levar de vencida o desnível que, por vezes, não é nada fácil. Neste dia não foi excepção mesmo quando, por vezes, o calor emanado pelo corpo, em pleno dia de Inverno, demonstrasse que o limite estava por perto. Daí que a chegada aos Capuchos seja sempre um motivo de alívio, sobretudo porque, desta vez, não havia o “extra” até ao Monge.
A partir daqui estava tudo facilitado bastava descer para S, via Portela, (a poente da barragem do Rio da Mula) até à EN 9-1 e daí no estradão atrás da Quinta de Vale de Cavalos até Janes e à Malveira da Serra onde chegámos perto das 15:00.
A contagem quedou-se pelos 40 quilómetros e quase 1.300 metros de acumulado. Não fosse a grande quantidade de areia e a jornada teria sido perfeita.
A repetir em breve já com o track devidamente rectificado.
________
(*) – O Jorge Manso é mais um dos companheiros ideais das pedaladas. Não fosse a sua idade, ainda relativamente jovem, e também poderia ser um guru do BTT. Mas para lá caminha pois possui o gosto pelas grandes paisagens e pelo pedal longo e intenso.
2 comentários:
Boa aventura. Obrigado por este relato. Fica-se sempre na espectativa "será que eles passaram pelos mesmos locais por onde passei?"... Pois também passei por duas vezes consecutivas pela Peninha na Maratona de Sintra em Junho passado.
Um abraço e:
Um próspero ano de 2007.:)
Obrigado pela visita e pelo simpático esclarecimento. Já postei uma explicação mais completa.
Amplexos e desejos de um GRANDE 2007 [e seguintes]
Enviar um comentário