Julho 9th, 2008 - in "Jornal das Caldas"
Um padre português radicado no Vaticano voltou este ano a percorrer 6800 quilómetros de bicicleta numa peregrinação entre Vigo, Fátima e Roma, com passagem pelas Caldas da Rainha, numa “chamada de atenção aos presidentes dos Governos de todo o Mundo para os milhões de crianças que morrem de fome”.
António Coelho, 73 anos, natural de Alcobaça, que integra a congregação franciscana “Irmãos de Jesus”, foi operado ao coração, mas isso não o impediu de cumprir a viagem que desde 2001 tem vindo a fazer todos os anos, carregando consigo “um protesto pelas crianças que todos os dias morrem de fome”.
“Dizem que não há dinheiro para salvá-las mas para bombas, guerras e para os seus bolsos há dinheiro e sobra, mas para comprar alimentos não”, lamentou o padre franciscano, que na noite de 24 de Junho encontrou abrigo no quartel dos bombeiros voluntários das Caldas da Rainha.
O JORNAL DAS CALDAS encontrou-o à saída da cidade, em direcção a Peniche para visitar o Forte, onde em 1960 esteve um ano detido por motivos políticos. “O meu pai era capitão em Leiria e eu era tenente-paraquedista na base de Tancos. Estive preso com o capitão António Henrique Galvão, até um anónimo pagar à GNR para deixar a porta aberta para fugirmos”, contou.
Padre há 23 anos, não se incomoda com a dureza da viagem – durante a qual pernoita em albergues de peregrinos e quartéis de bombeiros. “Para mim é um passeio”, desabafou.
No ano passado foi agredido e roubado quando se encontrava na Galiza, em Espanha. Devido às agressões foi hospitalizado e durante várias semanas esteve em recuperação. “Tenho os ouvidos rebentados”, confessou, para acrescentar que “não tenho medo da morte. Deus leva-me quando quiser”.
Apesar da recomendação de não andar de bicicleta – não beber café nem fumar – António Coelho não abdica de nada e até reconhece que “meto muito sal na comida”.
Mesmo sem respostas dos Governos perante a sua mensagem, afiançou que “não me vou abaixo, sigo em frente”.
António Monteiro confessou que tem recebido muitos apoios. “Pelo caminho ajudam-me, dão-me um prato de sopa”, exemplificou.
“Para o ano que vem pode ser que venha, não sei”, manifestou o padre.
Francisco Gomes
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