domingo, 11 de janeiro de 2009
11JAN09 - Alcobaça, a Serra dos Candeeiros e as veredas de Ataíja / Chiqueda
Em plena vaga de frio árctico a fazer as temperaturas baixarem até à zona limite dos 0º C e com o gelo a fazer a sua aparição em zonas mais sombrias resolvemos regressar à zona de Alcobaça e desta vila pitoresca seguir em direcção à Serra dos Candeeiros que corre de modo concordante com o litoral – que se avista a poente e ao longe – percorrendo-a de S para N. e, após percorrer o sopé internarmo-nos nas famosas veredas de Ataíja - Chiqueda.
Ainda no início, em Alcobaça, um golpe de teatro: no carro de Mário Silva, durante a viagem de ligação pela A8 foi sentido um estoiro. Chegados a Alcobaça constatou-se que o pneu traseiro do Fernando Silva tinha sido vítima de um desgaste lateral motivado pelo atrito entre o travão (convencional) e o pneu em virtude de um descentrar da roda motivado pela quebra de um raio. Sendo um problema inusitado ele teve como consequência que a pressão de enchimento se encarregou de estoirar, a um tempo, com a câmara de ar e a lateral do pneu enfraquecido.
O lado positivo deste incidente foi que evitámos ir para os trilhos com uma temperatura de 0º que era a que o mercúrio assinalava em Alcobaça à hora da chegada. Porém, o lado negativo, foi que se perderam cerca de duas horas e meia na tentativa de providenciar um novo pneu já que, os supermercados da terra não os vendiam e foi necessário contactar um comerciante de bicicletas das redondezas para finalmente se poder dispor de um robusto pneumático chinês, com nome de bolsa de valores de Hong Kong, que cumpriu estoicamente a sua missão.
Assim, ainda com frio mas com um valor de temperatura mais ameno, lá seguimos em direcção aos Candeeiros que se subiram penosamente pela Portela através de um caminho de asfalto. Subir a serra dos Candeeiros é uma tarefe extenuante e muito difícil (montado na bicicleta), por isso, ao contrário de uma incursão semelhante efectuada há mais de um ano, desta vez, optou-se por abordar a serra por sul já que, os trilhos pedregosos junto à Corredoura – desta vez abordados a descer – tornam a ascensão uma tarefa inglória tendo de recorrer-se à marcha apeada amiúde. Esta abordagem foi, sem dúvida, uma boa aposta se bem que descer aqueles trilhos com uma “hardtail” em alumínio e uma forqueta XC de 80mm. também não seja um exercício fácil mas enfim, com alguma cautela e destreza técnica q.b., lá se superaram as dificuldades sem qualquer percalço.
Destaque para o frio cortante do cimo da serra onde a água à sombra continuava congelada isto apesar do brilho do sol. Percorridas, assim, as paisagens lunares do cimo da serra e abordada a descida perigosa desde o topo até à Corredoura com Porto de Mós “em baixo” foi tempo de percorrer a bonita zona do sopé a poente até cruzarmos a EN1 e pararmos para restaurar ligeiramente, tempo de botequim para umas singelas bifanas. Antes de retomarmos a marcha envergámos o “kit nocturno” (lâmpadas e lentes de óculos brancas – quem as possuía, bem entendido) pois a hora já era adiantada e encaminhamamo-nos para Ataíja onde iríamos abordar as famosas veredas até Chiqueda.
Até Ataíja ainda rolámos com a luz do dia mas, a partir desta localidade a noite e o frio (chegámos a rolar a -2º) fizeram a sua aparição. Pessoalmente dispunha da minha singela Sigma Triled - que sem permitir grandes arrojos desenrrasca muito bem, sobretudo em veredas fechadas como as de Ataíja permitindo um mínimo de iluminação para se concluir a incursão. Faz parte do meu 1,5 kg. survival kit de que já vos falei aqui - complementado com a luz traseira que ajudou no quilometro final por asfalto até Alcobaça. Mais ninguém dispunha de iluminação à excepção do inigualável Azurara que, a prever um final nocturno, se fez acompanhar da famosa “ruler of the night” e transformou a noite em dia retirando algum do encanto ao atraso registado, se me faço entender.
Este foi um final apoteótico e inesquecível dando-me razão quando afirmo que não gosto de saídas nocturnas “puras” (sair e pedalar de noite) mas aprecio, sobremaneira, terminar uma jornada diurna de BTT sem preocupações de horário e “entrando pela noite”.
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