Texto - Miguel Sampaio
Foto - poraínanet pictures
Dia 22 de Agosto, Sábado, de Ansião a Mealhada
Esta etapa considero das mais bonitas. Até chegar a Conímbriga abundam bosques e trilhos muito bonitos com passagem por alguns caminho romanos, passando por Venda do Brasil, Alvorge aonde tive uma situação também caricata com o padre, em que se eu quisesse o carimbo na minha credencial teria que esperar 20 minutos ou então que me dirige-se para Cernache que lá o faziam, mas tudo isto com um sorriso nos lábios e logo a seguir começou a indicar o caminho que eu devia de fazer, aí aqui o K2 puxou dos “crenques” e disse-lhe para ele se preocupar com o seu rebanho que eu cuidava do meu caminho. E á que montar na “ Marina” arrancar que até ½ quilo de borracha dos meus Maxxis ficaram presos na calçada tal foi a potencia do meu arranque, mas logo a seguir abrandei porque a paisagem era bonita.
Passo pelo caminho da várzea e às ruínas da quinta da Ladeia (penso que do sec. XV), sigo então para Rabaçal por uma via romana aonde aqui fui escoltado por um habitante, autentico contador de histórias que contou a lenda do Castelo do Germanelo que se encontrava no alto, que foi mandado construir por D,Afonso Henriques no sec.XII e que, segundo este habitante, existia dois irmãos enormes e ferreiros que viviam cada um no seu monte. Um chamava-se Melo e o outro Gerumelo mas que só disponham de um só martelo e que o dividiam entre si atirando dum monte para o outro. A dada altura um deles perdeu as estribeiras e atirou com tanta força que perdeu o cabo pelo ar. A cabeça foi cair no monte do Melo onde apareceu um fonte de águas, enquanto que o cabo que era de zambujo caiu mais adiante dando origem a um zambujal e que deu o nome á terra.
Aqui os caminhos são rápidos e com uma paisagem bem característica até chegar a Rio de Mouros passando pela Ponte Filipina que depois me faz subir a meia encosta até Conímbriga com paisagens muito bonitas até Cernache.
Daqui até Coimbra é sempre por estrada em que passo pelo alto de Sta. Clara onde tem uma vista fantástica sobre Coimbra.
Começo a descer, passo pelo aqueduto de S.Sebastião que, neste momento está cortado devido á construção da nova auto-estrada.
Passo então pelo Convento de Sta. Clara a Nova onde repousam os restos mortais da Rainha Santa Isabel, casada com D.Diniz, ela também peregrina de Compostela.
Aqui também carimbo não existia mas souvenirs era mato, valeu realmente a simpatia duma senhora, funcionária do Museu Militar (ela também peregrina de Santiago Compostela) para a colocação do carimbo.
Este convento foi mandado construir no Séc. XVII em substituição do antigo Mosteiro Medieval de Santa Clara a Velha devido ás constantes inundações do Mondego de que era alvo. No entanto a sua restauração é digna de visita.
Chego a Coimbra e vou directo á Igreja de S.Tiago (do sec.XII). para carimbar da qual se encontrava encerrada.
Fui então ao Mosteiro de Santa Cruz onde se encontram sepultados os dois primeiros reis de Portugal D.Afonso Henriques e D.Sancho, onde o padre que estava prestes a entrar para realizar a cerimónia religiosa mas que se dispôs prontamente para carimbar a minha credencial e abraçar-me.
Realmente esta atitude em comparação com a do padre de Alvorge nada tem a ver. Sabe-se lá porquê. Enfim, adiante.
Arranquei então para a Mealhada onde estava em mente um comer “peixe” com dois buracos no focinho.
E assim lá vou eu, foram cerca de 25kms, passei por Adémia, Troxemil, Carqueijo, Lendiosa e ao chegar a Mealhada passo por um sapal muito bonito passando pela Ponte da Ribeira da Lendiosa.
(Não se esqueçam que este caminho desde Lisboa, faz parte da Via Augusta e Via Lusitana com início em Cádiz ).
Entro então na Mealhada e vejo três vultos acenando à minha frente falando espanhol
dizendo que os bombeiros tinham boas condições para a pernoita. Eram 3 peregrinos espanhóis que estavam a iniciar o caminho. Entretanto começam a perguntar porque é que ali no centro não existiam restaurantes. Aí expliquei-lhes que estes se encontravam á saída da cidade e perguntei-lhes mesmo se podiam esperar por mim que eu iria aos bombeiros e regressaria para jantar com eles um bom colchonillo. “ballé”.
Chego aos Bombeiros “SPAResort” e não é que o meu espanto que me encontro com Amaro Franco ( http://www.agencia.ecclesia.pt/cgi-bin/noticia.pl?id=62017 ) que estava a fazer o caminho a pé desde Lisboa. Cavaqueira logo ali e toca marchar que o bicho estava á espera e podia arrefecer. J
Encontramo-nos com os 3 espanhóis e lá fomos pró restaurante que nos serviu muitíssimo bem e que já era costume peregrinos para Santiago pararem ali. Talvez recuperar forças.
Nuestros hermanos ficaram encantados com o bicho que ronca, e com as 3 “Coca colas” Tinto das caves Aliança (e que depressinha foram porque senão aqueciam) coisa que nunca tinham bebido e eu também não (naquele dia) J))).
Depois de estarmos com os níveis de “castrol” e “triciclos” no ponto, lá fomos pró resort para ver quem era o primeiro que começaria a imitar o ronco da sirene dos bombeiros, mas posso já dizer que não fui o primeiro. J)))))
Combinamos logo a que horas é que saíamos do resort no dia seguinte.
O Amaro disse logo que sairia ás 7horas impreterivelmente, pois ele ia a pé.
Os 3 espanhóis depois de dialogarem uns com os outros disseram então que sairiam ás 8.
E todos começaram a olhar para mim naquele momento. Então eu disse-lhes que não ia deixar as 9 horas indefesas. Saio ás 9. Gargalhada geral J))))
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