domingo, 21 de março de 2010

E LÁ VAI ELE DE LISBOA A SANTIAGO EM AUTONOMIA - DE SANTARÉM A TOMAR


Texto e Foto: Miguel Sampaio
Dia 20 de Agosto,  5ª feira, de Santarém a Tomar


A saída de Santarém foi caricata. Fui até ás Portas do Sol que é uma referencia no caminho mas, estava em obras entrei ligeiramente e aparece-me um "mestre" de obras tresloucado em direcção a mim.
Depois de muito esbracejar a falar um português vernáculo e eu sem lhe dizer absolutamente nada, perguntei-lhe muito calmamente se eu estava a ser malcriado para ele ao qual ele ficou um bocado entupido. E disse-lhe " tudo bem" e segui o caminho.

Saí pela muralha e aqui por um erro de navegação estava a ver que deitaria toda a minha viagem por água abaixo quando encontro num autêntico precipício. Aqui tive o momento mais complicado, foi de me ter enganado em 10 metros quando me vi num autêntico precipício em que não dava para voltar para trás. Pensei "será que é aqui que vou terminar a minha viagem". Tive algum receio do que me poderia me acontecer mas comecei a descer arrastando-me por um ribanceira e com a minha "Mariana" carregada. Estamos a falar de cerca de 30 metros que me demoraram cerca de 45 minutos a fazer. Cheguei completamente encharcado de suor, pois já estavam cerca de 25º de temperatura. Agarrei-me na roda de trás e arrastar-me por ali abaixo lá consegui a muito custo chegar agarrando-me a umas canas que estavam mais abaixo e do qual fiz “pontaria” lá consegui chegar ileso.

Passo então pela ponte de Alcorce do séc. XIV muito bem conservada, entro por campos de cultivo passando pelas quintas Cruz da Légua, da Boavista até chegar a Vale Carreira passando pelo Rio Alviela.

Novas terras agrícolas do Reguengo percorrendo a Quinta da Leziria passando pelas ruínas da Quinta d’el Rei em Pombalinho (que era vila romana) para chegar a Azinhaga aonde tirei uma fotografia com José Saramago (embora ele estivesse muito quieto).  Aqui passo pelo antigo hospital /albergue e logo depois pela capela do Espírito Santo datada do sec.XIV passando pela muito bem conservada Quinta da Broa até entrar na Golegã.

Daqui foi até á Igreja manuelina N.ª Sr.ª da Conceição na Golegã onde tentei com que carimbassem a minha credencial no turismo sem sucesso por não terem nenhum carimbo para o fazerem. Valeu-me a prontidão do funcionário do parque campismo que se dispôs a isso pois já não era a 1ª vez que o fazia a peregrinos que iam para Compostela. Enfim “No Coments” 

Chego á Quinta da Cardiga. Esta quinta que foi efectuada no Séc. XII por D. Afonso Henriques para cultivo, foi Paço Real e entretanto doada á Ordem dos Templários, que até aos sec.XIX tem sido doada para várias ordens religiosas. Esta quinta que tem casas de habitação, capela, jardins, cavalariças, etc está num perfeito abandono. Aqui senti que os ponteiros do relógio tinham parado no tempo ou então tinha arrebentado a bomba H, tudo estava intacto e sem vivalma. Incrível

Em Atalaia tive o encontro imediato com o Ricardo Carvalho, confrade do Fórum BTT e que nos pusemos na cavaqueira mal eu sabia do que me ia aparecer pela frente a seguir até Grou e Asseiceira. Bem uma autêntica parede de cascalho solto e revolto que me fez falar um português ao mais “alto” nível.

Cheguei a Asseiceira para carimbar mas padre nem vê-lo, mas na junta de freguesia fui muito bem recebido pelo presidente da junta que ofereceu água e “ai-ce-ti” e mete cavaqueira dizendo que vai chamar atenção do padre porque começam a passar muitos peregrinos para Santiago e tem que fazer algo. Isto já é qualquer coisa.

Antes de chegar a Tomar passei pela pequena Capela de S. Lourenço e um padrão que assinalavam a junção dos exércitos de D. João I e do Condestável D. Nuno Alvares Pereira donde partiram para a batalha de Aljubarrota a 10 de Agosto de 1385. È de notar também o painel de azulejos alusivos a este encontro.

Cheguei a Tomar e alojei-me no Spa dos bombeiros voluntários e conheci dois peregrinos espanhóis. À noite fomos prás cervejas, contar aventuras e dar uma pequena volta com eles dando a conhecer a roda do Nabão bem como na praça da Republica a estátua de Gualdim Pais que foi o 1ª mestre da Ordem do Templo em Portugal e fundador de Tomar não deixando de visitar também a igreja de S. João Baptista com a sua lindíssima porta manuelina do séc. XV.

Isto é o Caminho

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