domingo, 4 de abril de 2010
E LÁ VAI ELE DE LISBOA A SANTIAGO EM AUTONOMIA - DE PONTEVEDRA QUAS' ANTIAGO
Texto e Fotografia: Miguel Sampaio
Dia 28 de Agosto, 6ª feira, de Pontevedra a quaS' antiago
Depois de ontem ter posto as pernas de molho, um repasto a condizer e uma noite bem dormida, hoje levantei-me com uma disposição óptima para pedalar. Trouxas arrumadas e amarradas e lá vou tomar o pequeno-almoço bem no centro de Pontevedra numa confeitaria “muito chique”, mas que bem me soube.
Logo ali a igreja Virgem Peregrina com a sua imponente frontaria, tem como curiosidade a sua construção a forma de uma vieira. Mais um carimbo e ainda deu para uma visita ao seu altar. Todo em talha dourada.
Arranquei então para entrar num dos bosques talvez, dos mais bonitos deste caminho que lhes chamam de Canicouba.
Daqui até Briallos rodeiam-me sempre os bosques, capelas e cruzeiros. O dia estava convidativo com os tons a sobressaírem.
Em Briallos paro para mais um carimbo no muito bonito albergue. Entro novamente em bosques e contorno propriedades que pelo meio se implantam no caminho até que chego a Tibo, aqui eu pensei em parar para almoçar mas nisto fez-se luz e lembrei-me que estava perto de Caldas de Reys e por conseguinte o restaurante O Muiño. Comecei logo a salivar. Meia dúzia de frutos secos e siga.
Chego a Caldas de Reys, uma pacata vila termal, logo depois da ponte romana avistava o dito restaurante. A mesa até parecia que estava a minha espera, ali junto ao rio, fez as delícias com as pequenas iguarias que me iam chegando. “Precioso, ballé”
Bem, e agora como é que me levanto?
Pé ante pé lá levei a “Marina” até á fonte termal para o tradicional lava pés. Não sei porquê mas deu-me logo ali um certo alento aquela água. Arranco e passo pela romana sobre o rio Bermaña que logo depois nos aparece a capela de S.Roque (um santo caminheiro). Mais á frente novamente bosques com fartura até que me cruzo com a nac.550 e entro num café que é um habitué dos peregrinos pararem e colocarem o seu carimbo. Estava a poucos kilómetros de Padron.
Aqui neste café tive um momento muito marcante: pedi ao dono para carimbar a minha credencial. Depois de alguma conversa com ele, admirado do porquê de eu ter tantos carimbos perguntou-me donde é que eu vinha ao qual eu lhe respondi que tinha iniciado a minha peregrinação em Lisboa e que já tinha pedalado cerca de 700 kms sozinho.
Ficou de tal maneira admirado e a dar-me os parabéns pelo feito que de repente me comovi de tal forma que o dono ficou tão preocupado não me querendo deixar ir embora enquanto não ficasse bem, perguntando-me inclusive o que é que tinha dito de grave. Tive mesmo muita dificuldade em falar para lhe dizer que estava bem e que não se preocupasse. Apenas apertei-lhe a mão de agradecimento e saí. Parti dali mais parecia uma Madalena com as lágrimas que me corriam. Tinha mesmo que pedalar. Nunca tal me tinha acontecido.
Cheguei a Padron num ápice. Parecia o Speedy Gonzalez.
Em Padron fui logo ao albergue mas sem sucesso pois estava já lotado. E agora! Não há-de ser nada, vou tirar umas fotografias. Fui até ao “padron” junto do rio Ulla aonde Atanásio e Teodoro amarraram a barca que transportava os restos do Apostolo.
Queria visitar a igreja de S.Tiago aonde está depositado o Padron original, mas mais uma vez estava fechada.
Fui á Fuente del Cármen no seu estilo neoclássico do sec. XVIII em que se vê Tiago a baptizar a Rainha Lupa enquanto por baixo destas duas figuras se vê esculpido a chegada do corpo do Apostolo na barca junto com os seus 2 discípulos Atanásio e Teodoro.
Cheios os bidões desta água milagrosa resolvi então avançar para Compostela, pois eram 26 kms.
Entro novamente na nac. 550 para logo apanhar um caminho medieval onde atravessa aldeias num serpentear engraçado.
Chego então ao Santuário da Esclavitude e da sua fonte milagrosa do estilo barroco para mais um carimbo, mais uns kilometros á frente aparece o albergue de Teo. O trajecto agora é rápido até que chego a um alto chamado de Agro dos Monteiros onde aqui se vislumbra já as torres sineiras da imponente Catedral.
Aí está ela. Mas ainda não cheguei.
Faltam 4,6oo kms...
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