sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

MALU DE BICICLETA

Um filme brasileiro tem a bicicleta na origem da narrativa. Trata-se de "Malu de Bicicleta" que estreia no Brasil. Ficamos esperando que também seja exibido entre nós.

Relato da notícia da "Reuters Brasil":


Malu anda de bicicleta pela orla do Rio de Janeiro e atropela o empresário paulista Luiz Mario. Ou seria o contrário? Luiz Mario atropela Malu e sua bicicleta. Ela cai de amores por ele - ou talvez, seja ele quem fica apaixonado por ela. Ela é toda dona de si. Ele, inseguro e paranóico, vê traições onde talvez não haja. É num terreno movediço como esse, o do amor, que transitam os personagens da comédia romântica brasileira "Malu de Bicicleta".

Baseado no romance homônimo de Marcelo Rubens Paiva ("Feliz Ano Velho"), "Malu de Bicicleta" fala do amor de uma forma honesta e delicada, seguindo o processo de transformação de um homem quando encontra a mulher da sua vida. Marcelo Serrado é Luiz Mario, empresário paulista cuja vida muda radicalmente com a chegada de Malu (Fernanda de Freitas).

Ela é uma típica carioca, alegre, leve, sempre bronzeada, não gosta de amarras. O namoro dos dois pode ser visto como um diálogo entre São Paulo e Rio, uma busca de compreensão, entendimento e troca daquilo que cada um tem de melhor. Mas "Malu de Bicicleta" não é apenas isso.

Dirigido por Flávio Ramos Tambellini (de "Bufo & Spallanzani"), o longa dialoga com Domingos de Oliveira, Woody Allen e François Truffaut, ao abordar o amor de forma delicada e sutil, colocando seus personagens em situações amorosas que nada têm de hollywoodianas, mas, sim, muito próximas do lado de cá da tela.

O roteiro, assinado pelo próprio Paiva, tira tudo que há de acessório no livro e concentra-se no romance de Malu e Luiz Mario. Uma história que podia caminhar bem não fosse a paranoia dele, que começa com uma misteriosa carta de amor e ecoa o protagonista de "Dom Casmurro", de Machado de Assis, e sua dúvida cruel de ter sido ou não traído. Esse é um dos indícios da mudança que a namorada produz nele. O protagonista, aos poucos, vai perdendo seu ar de machão inatingível e ganha sensibilidade e delicadeza vindas do romance com Malu.

Fernanda e Serrado foram merecidamente premiados no Festival de Paulínia, em julho passado. Ela é a grande descoberta do filme: uma atriz com timing para a comédia e a sutileza para transitar entre o drama e o romance. Isso muito deve-se à competência de Tambellini (também premiado no Festival), que dispensa enquadramentos estranhos ou movimentos de câmera desnecessários. Ele sabe que o forte de seu filme são os personagens, por isso, deixa que eles falem por si mesmos.

É essa decisão inteligente do diretor, aliada ao talento do elenco, que traz um frescor bem-vindo a "Malu de Bicicleta" - um filme que pode não reinventar a roda, mas, nem por isso, faz pouco da inteligência alheia, algo raro nos dias de hoje.

(Por Alysson Oliveira, do Cineweb)


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