terça-feira, 24 de junho de 2014

AS MARGENS DO INESQUECIMENTO


"Em vão os comandantes davam ordem para avançar. Em vão o chefe supremo, Décio Júnio Bruto, lhe ameaçou a desobediência com a prisão e a morte. Ninguém se movia dali, paralisado pela emoção e pelo medo. Mas Décio Júnio Bruto teve uma decisão feliz. Apeando-se do seu ginete, atravessou, lento, as águas feiticeiras, com o escudo a proteger-lhe a cabeça, a curta espada desembainhada na firmeza da mão. E, mal atingiu o areal da margem direita, vencendo o rumorejar do arvoredo, o gorjeio mavioso dos rouxinóis, começou a bradar pelos seus homens, hirtos, perfilados à sua frente, como estátuas estáticas, preferindo, de cada um deles, o nome exacto sem revelar esforço de memória. Só desta forma convenceu os seus soldados que, afinal, o rio que lhes corria aos pés não era o Lethes do esquecimento, apesar da sua beleza, apesar do seu fascínio." in Rio Lethes

Pedalando ao longo das margens do Lima, nas ecovias que em boa hora ali foram balizadas, tomamos o lugar desses legionários receosos do esquecimento. É que, perante um pedaço do paraíso diante dos nossos olhos, o maior temor é mesmo o de esquecer algo tão belo.

Este é um percurso obrigatório para qualquer ciclista que se preze. As várias ecovias ligam Ponte da Barca a Ponte de Lima e esta povoação a Refóios, na outra margem e daí a Lanheses e de novo a Ponte de Lima por uma ou outra margem. O intenso arvoredo converte-o na jornada ideal para um dia de calor a que pode, sem dificuldade, acrescentar-se uma ablução retemperadora.

Porém, que ninguém receie - perante a infinitude estética e bucólica, a jornada torna-se inolvidável.

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