Foto by Carlos Gonçalves (**) |
Prometia à partida ser uma daquelas incursões épicas. Cumpriu, sem dúvida.
Mais de 80 kms. (e quase 2.000 m. de desnível + ) pela zona do Douro (onde passa de nacional a internacional) com o início em Figueira de Castelo Rodrigo, descida a Barca d'Alva (com passagem por Escalhão), a transposição do Douro e a subida da mítica Calçada de Alpajares, (tantas vezes falada, escutada e lida mas nunca por mim antes percorrida).
Depois o acesso a Poiares e daí até ao ponto maior da incursão: o incrível Penedo Durão miradouro onde a visão do Douro internacional e dos inúmeros grifos e abutres que sobrevoam abaixo.
O meu amigo Carlos Penha Gonçalves tinha prometido diversão e dureza e, de facto, não faltou nem uma coisa nem outra. A grande dúvida seria a de saber se o mau tempo que se anunciava não se anteciparia tornando impossível a incursão. Mas não. Até a meteorologia esteve de feição.
Partimos sete pelas 09:00 e chegámos cinco ainda antes das 17:00 mas já ao lusco fusco. A primeira parte foi praticamente sempre descendente, principalmente após Escalhão e com dois aspetos a reter:
- o primeiro, algo funesto, já que mesmo à minha frente em plena e rápida descida o Carlos prendeu a sua roda dianteira num rego do traçado e sofreu um aparatoso OTB (over the bar). Apesar da velocidade e do capacete rachado (!) felizmente nada de grave a assinalar e pode prosseguir.
- o segundo de caráter diferente foi uma primeira visão do alto para o fundo do vale do Águeda, no ponto em que se prepara para subsidiar o Douro a montante de Barca d'Alva no Miradouro da Sapinha.
Chegados a Barca d'Alva um primeiro momento de pausa técnica. A parte mais fácil da incursão estava completada. Cruzado o Douro a visão dos barcos de cruzeiro que aqui terminam a sua viagem subindo o rio. São enormes tendo em conta que são fluviais. Também se observa aqui o início da famosa linha ferroviária internacional desativada que prosseguia até Fregeneda e daí a Salamanca.
Foi tempo de prosseguir agora pela N221 para nascente junto à margem direita do Douro tendo Castilla y Leon à vista na outra margem. Na ribeira do Mosteiro foi tempo de virar a norte subindo o seu curso e penetrando na mítica calçada de Alpajares (também conhecida pela calçada do Diabo) outrora parte da via romana. Impossível de subir montado devido à irregularidade do piso. Este foi o pretexto adequado para apreciar a raridade e imponência geológica do local. O xisto no seu esplendor, algo de único e esmagador que se haveria de repetir na descida mais tarde pela Calçada de Santana (*).
A chegada a Poiares a ser recebida com algum alívio após a subida e daí seguimos sem demora para o Penedo Durão e aí permanecermos durante algum tempo perante a visão esmagadora. Logo seguimos para um outro ponto de observação a poente. Daí regressamos a Poiares e descemos a Calçada de Santana que é uma réplica de Alpajares. Aqui o tempo foi de concentração pois a descida era fortemente técnica.
De novo em Barca d'Alva faltavam os 22 kms. de subida final que, devido ao adiantado da hora, foi efetuada pela N221.
Em toda a incursão algo de comum: as paisagens arrebatadoras e únicas onde o xisto impera e a proeminência topográfica impressiona e cobra caro na hora de subir ou descer. Os desníveis são imensos e exigem uma boa forma. Mas no final a satisfação é plena. O BTT faz-nos sentir privilegiados.
(*) - Sobre esta calçada (também conhecida pela calçada dos mosteiros) veja-se este arrebatador clip do Vítor Gamito na Transportugal de 2012
(**) - Mais Fotos aqui
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