segunda-feira, 12 de agosto de 2002
Férias em Ritmo (longo)
Por estes dias estou em Alcoutim (Algarve rural e profundo) e, comoé óbvio a bicicleta e os dois pares de rodas também vieram.Não perdi tempo e, apesar do calor sufocante, já fiz três superincursões, duas por asfalto e uma em todo o terreno.Assim, logo no primeiro dia, pedalei os cerca de 50 kms.(estimativa) pela estrada marginal do Guadiana (EM 507/1063) entre aestalagem do mesmo nome onde estou hospedado em Alcoutim e Odeleite,onde existe uma nova e estupenda barragem de águas azuis e límpidasque abastece o Sotavento algarvio. Lindo de morrer, as paisagens sãosoberbas, o asfalto é bom e sinuoso q.b. e a densidade de tráfego énotavelmente baixa, como convém, que diferença do Algarve ditocivilizado. Nomes a reter: Montinho das Laranjeiras, Laranjeiras,Guerreiros do Rio, Álamo, Foz de Odeleite (onde a estrada flectepara ocidente afastando-se do rio), Almada d'Ouro e a linda Odeleite.No segundo dia, era para descansar mas o facto de o tempo estarnublado fez-me rapidamente mudar de ideias, aproveitei uma boleiaaté Odeleite e fiz-me ao asfalto pela profundidade dos concelhos deCastro Marim, Alcoutim e bordejando ainda o de Tavira (muitolevemente). A serra é algo monótona, por ser repetitiva na suapaisagem mas, em contrapartida, o asfalto é delicioso e deserto,isto apesar das constantes descidas e subidas vertiginosas nasinúmeras ribeiras. O trajecto (EM 505) foi efectuado primeiramentede nascente para poente e depois (EM 506) de sul para norte e ovento soprava forte, a coisa complicou. O que vale é que a pedaleirade uma BTT é uma caixinha de surpresas (22 para que te quero) e comoestava sozinho preferi que a pulsação se mantivesse em níveiscivilizados (além disso tinha almoçado regionalmente bem pelo quehavia que manter a compostura a subir, nada de canseiras, o ambienteconvidava à contemplação tranquila). Aldeias literalmente perdidasna serra, burros, medronheiros, alfarrobeiras, amendoeiras,figueiras "normais" figueiras do inferno (cactos típicos doMediterrâneo com os seus saborosos frutos) muitas cigarras, compondoo ambiente, casas de xisto e caiadas, o cenário típico da serraalgarvia, cinco estrelas ambientais. Nomes a reter: ribeira daFoupana (a maior das variações no gráfico altimétrico e apenas em250 metros de estrada, ufa…), Vale Pereiro, Furnazinhas, Monte Novo,Soude, Zambujal, Montinho da Revelada, Vaqueiros. Depois de MartimLongo vira-se para poente e tudo se altera em termos de vento, a EN124 (acho que é esta) está relativamente abrigada e o vento lateralcomparativamente pouco incomoda, como se rola em planalto osdesníveis são suaves e a velocidade começa a ser verdadeiramenteinteressante, a baixa densidade de viaturas auto promove o resto docontentamento. Sem embargo um pequeno desvio para norte para ver aspovoações quase no limite do Algarve com o Alentejo: Giões, Farelose Clarine de arquitectura imaculada (sobretudo esta última) e oretornar àquela autêntica pista uns quilómetros adiante. E,finalmente a fabulosa descida para Alcoutim. No final a estimativade 75 kms.O dia seguinte foi de descanso (de bicicleta apenas) já que fui atéà zona do Cachopo (concelho de Tavira) explorar a pé uma das PR(pequenas rotas) reconhecidas pela associação "In Loco" que fez ummagnífico trabalho de prospecção e identificação dos traçados. Ficaa promessa de aí voltar para efectuar de bicicleta a GR.Hoje uma mudança no hardware fez-me calçar os Mosquito Python passaro rio de barco até Sanlucar, na Andaluzia, fazer os quilómetros quedistam até ao Puerto de la Laja (último porto navegável do Guadianano lado espanhol) e pedalar pela estupenda "Via Verde del Guadiana"que é, nada mais nada menos que o aproveitamento da ferroviaabandonada que trazia o minério desde Minas de Santa Isabel e de lasHerrerias. O trabalho que fizeram foi pura e simplesmente notável,sem dúvida um exemplo a seguir por cá!O pior foi mesmo o calor, fiquei com a sensação que era o único servivo que estava ao sol e com temperaturas a rondar os 38º C. (àsombra, bem entendido). O regresso foi por asfalto (também eleexcelente e deserto) pois a canícula àquela hora (15:00 portuguesas)não estava para brincadeiras. Por fim a divertida e excitantedescida BTT desde o castelo até ao porto de Sanlucar (interessantealdeia de traça tipicamente andaluza), no total 68 kms. (desta vezbem aferidos) com o senão do calor que, todavia, se suportam bembastando, para tanto, saúde, espírito de sacrifício, litros de águafresca, e doses industriais de protector solar.Amanhã ainda não decidi qual das três hipóteses:1. Ir de carro até Ayamonte e fazer a Via Verde que vai atéGibraleon (junto a Huelva) de cerca de 44 kms. em BTT (88 por causado regresso, bem entendido);2. Ir de carro até ao Cachopo (concelho de Tavira) e percorreros 46 kms. da GR de que já vos falei. Ficou-me no goto;3. Mandar a bicicleta às malvas pois já estou saturado dopedal, está um calor do caraças e a estalagem tem uma piscinaexcelente!Estou, neste momento, fortemente inclinado para a terceira hipótese,pois será o meu último dias antes de seguir para os Açores (destavez apeado) mas, de manhã logo decido…Melhor que os relatos ficarão as inúmeras fotos que tirei.Nestas férias:IN• As estradas desertas, em mais de 70 kms. Cruzei-me com 30viaturas, se tanto.• As rodas com pneus asfálticos 700x23, rolam que é umamaravilha, o atrito é mínimo embora a cassete 11x23 exija algumempenho a subir, sem embargo, a limitação maior vem da pedaleira 44uma vez que, quando a máquina embala, é manifestamente insuficientee sabe a bem pouco. Assim, se tens travões de disco em ambas asrodas a solução "bad boy" é melhor que o segundo par de rodas 26 com1.0, basta apenas um par de cubos para disco, dois aros 700 e raiosa condizer.• Quando não está frontal, o vento norte, que se fez sentir nosegundo dia, pena a já referida limitação dos 44 dentes.• O note book e o cabo telefónico que permite uma consultarápida ao correio electrónico e ainda a leitura do jornal por umpreço módico. Assim, a V@, não vem de férias.• O asfalto absolutamente imaculado das estradas dos concelhosde Alcoutim, Castro d'Aire e ainda desta zona da Andaluzia(ayuntamiento de Granados, Huelva), um exemplo.• O selim "Selle Itália Trans Am Gel Flow" simplesmenteexcepcional: cómodo acima de tudo, tal como o bom árbitro defutebol, esquecemo-nos da sua existência.OUT• A canícula, absolutamente infernal, no primeiro dia, apesarde ter saído às 17:00 foi complicada a ida, já no segundo, emvirtude do tempo algo nublado as temperaturas foram bem mais amenase suportáveis. Hoje foi algo complicado com os quase 40º!• Quando está frontal, o vento norte, que dificulta bastante aprogressão, vale a 22 nas inopinadas ascensões dos ribeiros.• Os esquecimentos da praxe, o sensor na roda 700 e, pasme-se,a bomba de encher pneus (a famosa "Sapo" que cabe no bolso traseiroda jersei) e o pedalar com o credo na boca por causa da lei deMurphy que, felizmente, ainda não parece aqui ter chegado.• O trabalhar "off-line" pois, com um texto deste tamanho e aconta a 0,20 eurocent por impulso, estão a ver a que preço ficaria abrincadeira literária.• As moscas, moscardos e afins que são piores que arrumadoresde automóveis em noite de estreia…PS: Fiquei muito triste por saber acerca do sucedido com osfamiliares do Jorge Rocha. Tal facto só vem confirmar aquilo que hámuito digo e procuro por em prática: estrada só o mínimo ou entãobem desertas com estas aqui de Alcoutim.Saudações VirtuaisA. Pedro Roque Oliveira
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