terça-feira, 10 de junho de 2003

Foia esmiuçada




Mais vale um mau plano que plano nenhum!

Foi assim que correu esta incursão que, segundo me parece, acabou por
corresponder à expectativa generalizada.

Sem embargo e apesar de achar que tudo correu pelo melhor acho que a Fóia
terá de ser revisitada em moldes algo diferentes.

A quilometragem, em virtude de se ter abreviado um pouco na zona de Aljezur
quedou-se pelos 110 kms. o que foi algo escasso. Todos terminaram em boas
condições físicas o que me deixa um pouco desapontado.

Assim a "Fóia Revisitada" terá as seguintes características:

Saída de Odeceixe até à Foz do Farelo - tudo igual
Subida à Foia a partir da zona do Selão por trilho
Descida a Monchique e retorno à Foia por outra encosta não sem antes rumar
às Caldas
Descida a Marmelete e depois Passil e descida da robeira da Cerca - tudo
igual
Entrada em Aljezur mais a Sul, subida ao castelo
Após o Rogil usar um caminho diferente até Odeceixe

Mais quilómetros, menos asfalto e mais dureza para elevar ainda mais o grau
de satisfação.

FOTO DUARTE
Esta coisa de levar um fotógrafo atrás com um aparelho trimegapixel resulta
maravilhosamente. Normalmente acumulo as funções e nunca pontuo nos planos.
Desta vez foi diferente. As fotos estão ao nível do passeio, isto é, muito
boas!

AS ESTRELAS DO PARQUE
O Parque de Campismo de S. Miguel, quase a chegar a Odeceixe (quem é
"habitue" do Tróia-Sagres lembra-se dele quase no final da descida que
conduz à ponte de Seixe) tem excelentes condições. Para mim que não acampava
desde os tempos milicianos foi um reencontro nostálgico e feliz. As quatro
estrelas do parque só foram superadas pelas cinco da simpatia e elegância da
recepcionista!

NAVEGAÇÃO ACEITÁVEL
Apenas o Jorge Manso se tinha passeado por aquelas paragens anteriormente,
mesmo assim boa parte do traçado era completamente desconhecido para os
intervenientes. O track virtual foi traçado a partir de waypoints sobre
coordenadas obtidas na fiel M-888. Curiosamente o segmento
Foia-Marmelete-Aljezur, o que era completamente desconhecido e que era o que
mais me preocupava, foi o que decorreu sem qualquer incidente navegacional.
Houve algum problema na estrada que a partir da Portela da Viúva liga a
Marmelete e percorre a encosta Norte da Fóia que não está exactamente no
lugar que consta na carta militar e que, por esse facto, estabeleceu alguma
confusão já que o track surgia sempre desviado para sul algumas centenas de
metros para Sul (necessidade de rever a carta - facto documentado em
fotografias). Depois foi a transição da carta "Aljezur" para a carta "Rogil"
a complicar também um pouco mas sem ser grave. O GPS é de facto a melhor
invenção desde o pão de forma.

SINESTESIA DE ODORES
O Verão faz despontar os odores adormecidos nos campos. Este passeio nesse
aspecto foi paradigmático. Melhor do que o cheiro típico do eucalipal só o
das estevas completamente oleosas no monte sobranceiro a Aljezur. A
bicicleta ficou a cheirar a estevas, incrível.

ASFALTO DE SONHO
A Estrada Municipal que liga a Foz do Farelo à Portela da Viúva e daí a
Marmelete é o sonho de qualquer ciclista de estrada: asfalto novo e
imaculado, estrada sinuosa de montanha e movimento quase nulo. De facto em
mais de 20 quilómetros passaram por nós três viaturas!

A FÓIA
É o tecto do Algarve, donde se avista todo o Barlavento e ainda a Costa
Vicentina. Local de romaria motorizada. A vista é absolutamente
deslumbrante, de tal modo que escasseia o latim descricional!

INSULTO MARMELETENSE
Apesar de experientes nestas andanças por vezes somos tentados. Que dizer do
belo "Bife à Tita" com que um casal alemão se banqueteava na esplanada do
mesmo nome na típica Marmelete mesmo ao nosso lado? A visão amarela dos
palitos de batata frita era insultuosa perante a barra de muesly com avelãs
que acabava de comer. Pior mesmo, em termos de sofrimento, só para o
"autonomista" Rui Sousa, a sua compota de frutas e a água pentalítrica. A
Super Travessia vai ser um grande desafio psicológico, é que ele já está
afectado :-)

OS CERROS DA CERCA
A descida à ribeira da Cerca foi inolvidável. A sucessão de cerros e a
interminável descida em pleno ambiente natural constituiram talvez o momento
alto da jornada. Estupendo!

O VELÓDROMO DA CERCA, A MISERICÓRDIA CASTELÃ E O CASTIGO ATÉ AO PLANALTO DAS
ESTEVAS
Alcançada a ribeira e olhando para o relógio achei que era altura de
recuperar tempo e foi um "vê se te avias" pelo estradão plano que contornava
a margem direita da ribeira até Aljezur. O pior foi quando vi chegar os
últimos minutos depois com um ar "mais morto que vivo" e achei que os
deveria de poupar à exigente subida ao castelo de Aljezur, pior mesmo foi
depois a subida da encosta do outro lado da ribeira até ao planalto do
Rogil: a mais dura da jornada...

O BARRANCO DE MARIA VINAGRE
A mostrar quão pitoresca pode ser uma mata de silvas. Era mesmo a única
passagem e, em tempo de guerra não se limpam armas...

O MOINHO COMO "GRAN FINALLE"
A chegad ao moinho da Aldeia Nova do Concelho a marcar o final do passeio.
Odeceixe estava aos nossos pés 110 kms. após a saída. O restauro caberia à
"Taberna do Gibão" após os banhos, o demontar do bivaque e a despedida da
recepcionista... Mais vale um mau plano que plano nenhum!


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