segunda-feira, 4 de agosto de 2003

Acompanhando o Grande Rio do Sul

O desafio foi cumprido: ligar Mértola ao Algarve!Por motivos de natureza logística não foi um "Mértola - VRSA" mas antes um"Mértola-Manta Rota". Igualmente pelos mesmos motivos não divulguei aqui oevento porque o número tinha de ser, necessariamente, bastante restrito.Assim além deste vosso humilde servidor acompanharam-me o Pedro "Capri"Duarte que foi o nosso anfitrião em Manta Rota, o Jorge Cláudio e o LuísTriguinho. De igual modo, o Henrique "ressuscitado" Almeida, que está deférias em VN Cacela, também participou na jornada.Estes elementos funcionaram como uma espécie de pioneiros na busca eafinação de um caminho consolidado já que, a partir de um "GPS track"delineado sobre os mapas, se tentou obter o caminho mais agradável.Tal não foi alcançado na integralidade mas há um track final que assim podeser considerado (ainda não está disponível) e que tem a particularidade depercorrer diversos tipos de terreno e de proporcionar uma distância razoávelpara ser percorrida num único dia, assim se possa sair cedo e resumir aspausas, além da inevitável forma física para percorrer quase 140 kms. com umnível de altitude acumulada muito razoável.Com alguma contemplação em matéria de pausas tivemos de atalhar no final emvirtude da luz solar ameaçar se extinguir velozmente tendo-se chegado nolimite razoável desta.A preocupação de temperaturas extremas, nesta altura do ano, sobretudo apósa sexta feira em que foram quebrados recordes de temperatura em diversasestações, era real e preocupava-me bastante pelo que haviam planos decontingência a serem aplicados e que passavam sobretudo pela preocupação depassagem periodica em aldeias onde se poderia renovar a carga de água.Felizmente o tempo alterou-se. Embora estando ainda muito quente, o solmanteve-se relativamente encoberto pela manhã e quando despontou pelas12:00, já não conseguiu "recuperar do atraso".1.º PARTE - PELOS CAMPOS DE MÉRTOLA A ALCOUTIMA saída de Mértola já foi efectuada não muito cedo como seria desejável. Aprimeira parte é efectuada em zona tipicamente alentejena de seara emboracom desníveis acentuados caminhando, curiosamente, para NW no início: é queé impossivel de acompanhar o Guadiana, até perto de Alcoutim.Primeiro ponto de interesse a travessia da "ribeira de Oeiras" por uma ponteperto da ruína mas que suportou o nosso peso, ainda assim. Passagem porSapos a primeira das aldeias de intensa beleza. Depois a estupenda descida ea passagem pela Ribeira de Carreiras e a primeira das grandes subidasseguida de uma zona agrícola até à Bicada para depois se percorrerembastantes quilómetros até aos moinhos de vento onde bebemos a "melhor águado concelho de Mértola" no dizer de um popular interpelado por um de nós. Aágua, refira-se era puxada de uma fonte por uma manivela. Um arcaísmodelicioso numa zona de Portugal imune à passagem do tempo.A pertir daqui rolou-se em asfalto que tinha uma particularidade:contavam-se pelos dedos de uma mão as viaturas que connosco se cruzaram. Foiassim até Via Glória onde se começa a descer para a ribeira do Vascão(fronteira natural com o reino do Al-Garbe). Descida forte, travessia esubida intensa embora o asfalto facilite sobremaneira a tarefa. Chegámos aGiões onde a entrada no café local tenha provocado a admiração "normal". Deresto o café começou, como que por milagre, a encher e tivemos que sair dalipois estavam a começar a servir refeições e, para quem está gerindo ascalorias em função do esforço, como nós, tal facto pode ser considerado comoofensivo.Saída para Clarines, uma preciosidade perdida naquela zona planáltica,altura de renovar a água (todas aquelas aldeias têm fontanários, em boahora) passagem por Farelos, Tesouro e pelo Pereiro onde se tornou a renovara aguada: o sol estava a ficar inclemente e, embora ainda dispondo de água,era importante renová-la. Aí assistimos a um facto insólito: vários jovens,à porta do café local, em tronco nú, dentro de uma viatura ao sol escutandouma "modinha" techno, era uma espécie de sauna e doscoteca a um tempo. Aindafomos brindados pelas criaturas transpirantes com um prosaico: "olha estesmalucos a pedalarem com este calor!"...Seguimos para nascente em direcção ao Guadiana e a Alcoutim. Cruzámos aEN122 passamos Corte Tabelião sempre a descer muito rápido em direcção aovale do rio. Após esta povoação fomos presenteados com uma dupla surpresa:uma barragem com uma albufeira de águas cristalinas que não constava do mapa(Barranco dos Ladrões) e que veio mesmo a calhar na altura mais quente. Aparagem foi merecida e convenientemente demorada mas foi justa, deu direitoa uma travessia a nada e regresso, até para constatar a segunda surpresa:era impossivel contornar o lago.Tempo de recuar (sempre a subir) até que alguém teve uma ideia brilhante:uma azimute directo por forma a atalhar. Lá fomos monte acima para irmos terde novo a Corte Tabelião (ou seja: o mesmo sítio que poderíamos teralcançado a pedalar). Foi a altura dos furos: primeiro o Henrique Almeida,depois o Jorge Cláudio, minutos preciosos mas que não se podem evitar.Chegamos a Alcoutim via praia fluvial do Pego Fundo na Ribeira dos Cadavais,a única fluvial que foi galardoada com uma "Bandeira Azul" que ali esvoaçavagalhardamente. Tempo de pausa (até porque aguardávamos pelos "reparadores defuros" que tinham parado no cimo da colina anterior. Renovação de água, comonão podia deixar de ser, e ver alguns dos "balneantes" a admirarem asmontadas e os detalhes: a bicicleta do Triguinho foi alvo de um comentáriodo estilo - "deve de ser cara, deve de custar para aí uns 300 euros!" a queoutro retorquiu - "ou mais!".Já que estávamos parados foi tempo de mais um mergulho, desta vez, maisrápido que o anterior. A praia é agradável mas não se compara com aalbufeira anterior que era uma preciosidade.2.º PARTE - O GUADIANABreve visita a Alcoutim com a visão da andaluza Sanlucar, onde o HenriqueAlmeida resolveu mudar mais uma câmara de ar (é o único com jantes tubelessmas que não muda para pneus do mesmo sistema, o que o trona numa espécie de"semi-céptico"). Tempo de acelerar pela marginal asfaltada até Foz deOdeleite que já conhecia do ano anterior (http://www.geocities.com/caminhos_2001/margemguadiana ) e passagem pelasinteressantes Laranjeiras, Guerreiros do Rio e Álamo com uma magnífica vistasobre a margem espanhola e os veleiros que abundam cada vez mais por estasparagens.Continuámos pela margem até onde foi possível ou seja à ribeira da Choças,não sem antes passarmos por Almada d'Ouro, cruzada a ribeira foi tempo desubir para o Azinhal onde a hora adiantada ditou que seguissemos pela EN122(agora uma estrada segura no troço até Odeleite pela circunstância dainauguração do IC28) até Monte Francisco em lugar de percorrermos o sobe edesce das ribeiras e os sapais do Guadiana.3.ª PARTE - O BARROCALO mesmo poderia de ser dito para o troço Monte Francisco - Manta Rota cujaprimeira parte que cruzava o barranco do Rio Seco foi preteria por um bypasspor um magnífico e deserto asfalto junto à ferrovia. A chegada foi ao luscofusco e tudo terminou com um estupendo grelhdo no "Indio" em Vila Nova deCacela.Saudações Virtuais, Virtual Best Regards_______________________A. Pedro Roque Oliveira

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