domingo, 2 de novembro de 2003
Do Guadiana à Costa Vicentina - 3 dias intensos (etapa 2)
2.ª ETAPA - ALTE - ROGILAo contrário do dia anterior o dia amanheceu nublado e até chuviscoudurante o pequeno almoço. Daí os impermeáveis, que se tinham mantidointactos na 6.ª feira, tivessem sido desembrulhados. Ainda assimquando começámos a pedalar parou de chover mas, como o percurso seiniciava descendente até Messines eles continuaram vestidos.Lá partimos, "cantando e rindo", por uma bonita zona de Barrocalpor entre pomares e citrinos numa pausagem tipicamente algarvia,após a qual transpusemos inferiormente a A2 e, alguns quilómetrosvolvidos, alcançámos o IC1, que acompanhámos durante um par dequilómetros num caminho paralelo pelo lado nascente após o qualtranspusémos essa via e, logo após, a ferrovia (linha do Sul).Ficámos uns instantes em cima dos carris fazendo algum do humornegro tradicional nestas ocasiões mas fomos surpreendidos pelo agudosilvo de uma locomotiva diesel.Tempo de sair lá de cima, rapidamente, não fosse termos deindemnizar a CP por danos no seu material circulante...Alcançamos o Arade e a barragem do Funcho que acompanhamos poralguns quilómetros até nos envolvermos com a Serra, num percurso deSul para Norte, primeiramente, e depois para poente, num novo edesconcertante sobe e desce, não sem antes encontrármos doiscompanheiros ciclistas de montanha que eram, nada mais, nada menosque os culpados por boa parte deste sofrimento do segundo dia.Segundo parece foram eles que reconheceram o caminho até Monchique...Parámos para reabastecer numa zona muito interessante e junto a umamina de água férrea numa paisagem serrana bem típica do sul dePortugal.Aqui, nesta zona a norte de Silves, encontramos o resultado de umVerão quente, já que entrámos em plena zona de incêndios e onde deupara constatar algo de curioso: todo o eucalipto tinha ardido mas,salvo algumas excepções, as espécies mediterrânicas estavam intactasou em bom estado designadamente os sobreiros, as azinheiras, asoliveiras ou as alfarrobeiras.Por outro lado o verde rompia por todo o lado e a vida teima emprevalecer no meio de um cenário dantesco de devastação.Começam então as grandes ascenções, a primeira das quais durantequase 3 quilómetros e que nos levou dos 70 aos mais de 350 metros.Primeira constatação agradável: num percurso sempre ascendenteconsigo manter a pulsação elevada mas estável e imprimir um ritmointeressante sentido-me em boas condições muito melhor que no ritmodo sobe e desce.Durante alguns quilómetros acompanhamos, a uma cota elevada, o cursoda Ribeira de Odelouca num cenário incrivelmente belo, do maisbonito que vi durante a travessia.Foi tempo de descer de novo e muito fortemente até uma cota baixaaproveitando uma estrada de asfalto sempre a direito. De tal modoque aproveitei, sem dificuldade, para bater o recorde de velocidadeque agora se cifra nuns expressivos 84,2 Kms./h.!De resto só não fui mais além porque quem seguia à minha frenteestava a ficar cada vez mais próximo e resolvi abrandar. Alcançámosa ribeira de Odelouca que transpomos e recomeçamos a subir a serra.Alcançado o topo deparamos com medronheiros com os respectivosfrutos no ponto ideal de maturação e que nos obrigaram a fazer umaagradável pausa degustativa ao mesmo tempo que, por alguns minutos,estiava agradavelmente dando um ar verdadeiramente mediterrânico aocenário serrano. Muito agradável!Tinhamos agora novo vale a transpor e a povoação de Alferce do outrolado e as tão prometidas sanduiches de presunto esperando. Paradesilusão de alguns não fomos pelas veredas descendentes eascendentes até lá mas antes pela estrada o que, tendo emconsideração a fome e a hora até acabou por ser a decisão maisagradável.Repostas as forças lá vamos em direcção a Monchique agora com achuva por companhia.A zona de Monchique é muito diferente daquilo que se pode consideraro tradicional Algarve serrano. Muito verde e muita água e a serconsiderada como a Sintra algarvia.Começa então a ascensão à Fóia, sempre debaixo de chuva copiosa ecada vez mais intensa. O ataque é feito pela encosta sul e revela-seum trabalho árduo mas que todos levaram de vencida.O topo, aos 910 metros, é alcançado debaixo de uma tempestade devento, nevoeiro e chuva intensos e em que o panorama que se avistavase resumia a uns míseros metros por diante.Tempo de descer por norte, na direcção do Selão, em sentidocontrário daquele que havia feito no Verão. Foram quilómetros equilómetros de divertimento feitos de forma muito rápida pelo meiode eucaliptais invariavelmente queimados.Quando chegamos ao Selão está já a anoitecer e seguimos pela EN501de forma muito rápida durante vários quilómetros.Após o final da EN e já em plena noite, é solicitado um esforçoadicional: uma rampa indecentemente inclinada já perto de MariaVinagre e vencida a muito custo já com mais de 100 kms. nas pernas.Curioso foi que após esta dificuldadee apesar de estarmos já muitoperto do final fizemos todos uma pausa para ingerir alimentos talera a necessidade de comer.Foi mesmo a última dificuldade do dia e poucos quilómetros apósalcançámos o Rogil e o descanso merecido.Foram cerca de 110 kms. mas um consumo calórico inferior ao do diaanterior o que revela que, apesar de as pendentes ascensionais teremsido maiores esta etapa tenha sido menos dura.De resto senti-me, no final, muito melhor...APRO
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