segunda-feira, 1 de dezembro de 2003

Do Guadiana à Costa Vicentina - 3 dias intensos

INTRODUÇÃOFoi um excelente modo de passar um fim de semana prolongado. Aproposta era aliciante: atravessar longitudinalmente o Algarveligando Alcoutim ao Cabo de São Vicente em três dias intensos depedaleio em TT.A proposta veio do nosso amigo e colisteiro João "Talega" Marques eera a primeira organização de vulto da "Algarve Aventuras". Odesafio era tanto mais tentador se tivermos em conta que nestaaltura do ano o pôr do sol acontece por volta das 17:15 pelo que oandamento tinha de ser vivo e intenso.O grupo acabou por ser restrito e limitado, inicialmente, a 9elementos devidamente enquadrados pelo João Marques e pelo guia ouseja, onze criaturas a pedalar no total.No final duas baixas: uma logo no final da primeira etapa: o PedroDuarte em virtude da febre que o afectou durante a noite (dizem asmás línguas que por ter tomado sal em excesso :-) e o José Rodriguesque desistiu em virtude de uma lesão num dos joelhos (dizem tambémas más línguas que por excesso de impetuosidade no final da segundaetapa ;-).1.ª ETAPA ALCOUTIM-ALTE (115 KMS.)Arrancámos da praia fluvial de Alcoutim e, mal começamos a subir,uma das bicicletas (Hot Chili do José Augusto) teve de sofrer umapequena reparação. Também dizem as más línguas que "The Lord of theBoutique" descurou a preparação das máquinas e teve de sera "Algarve Cycles" a desenrascar tudo pelo caminho...A primeira subida, entre Alcoutim e a EN 122 acabou por se revelarviolenta mas a frescura inicial a permitir levá-la de vencida semproblemas de maior. Depois foi rolar em planalto até Giões numtrajecto inverso ao que tinha efectuado no Verão na ligação entreMértola e Manta Rota. Daí até Martinlongo e, pelo mesmo tipo deterrenos tudo se processou sem dificuldades de maior e com o grupo arolar coeso.Aí encontráva-se o primeiro reabastecimento e descansou-se com todaa parcimónia para se prosseguir descendo até à famosa ribeira doVascão, a linha que separa o Algarve do Alentejo e que marcou afronteira dos 50 kms. (a que corresponde a já famosa caimbra daAndreia Almeida equivalente à entrada no km. 50).Prosseguimos pela margem da ribeira, primeiro montados, depoisempurrando o velocipede por algumas centenas de metros (na margemalentejana) para se voltar a reentrar no Algarve a pedalar passandopor uma estupenda ponte com cerca de um metro de largura e semguardas laterais (embora sem jacarés na água ;-).A partir daí fomos subindo a ribeira até nos internarmos na Serra doCaldeirão e chagámos ao cruzamento com a famosa EN2 onde se efectuouo segundo reabastecimento. Confesso que aí comecei a ficar algopreocupado: faltavam 35 kms. até ao final em Alte e já passavam das16:00. Adivinhava extrema dureza pela frente.Lá prosseguimos subindo junto ao Vascão e começa o famoso "rompe-pernas" a ditar as suas leis. Primeiro foi a Andreia que recolheu aoUMM mas, logo depois, o Pedro Duarte e o José Augusto (que nãocontáva com a cremalheira 22). Confesso que foi muito complicado degerir as subidas e procurei desmultiplicar tudo o que me erapossível na tentativa de reduzir o esforço mas as paredes iamsucedendo-se uma atrás das outras com descidas vertiginosas depermeio para complicar.Chegamos a uma estrada de montanha e embora com a noite a cair nãoconseguimos resistir ao apelo de umas magníficas sanduiches depresunto num tasco típico ali para os lados de Salir, pessoalmenteestava saturado de banana e de comida de pássaro e foi importantesentir aquele sabor e não estive só neste meu sentimento.Quando saímos a noite escura imperava, restou seguir por estrada oscerca de quinze quailómetros finais (e que quinze quilómetros). Secomeçámos alegremente por descer durante mil e quinhentos metros umapendente de 10% tivemos, logo de seguida, auxiliados pelos médios dojipe de subir identica distância e pendente.Descemos e alcançamos finalmente Salir, mas ainda havia que vencer adezena de quilómetros final até Alte pondo um ritmo diabólico (nolimite do suportável).Aí chegados ainda temos de subir mais dois quilómetros até ao HotelAlte (que em algarvio quer dizer "alto" :-) que ficáva lá bem notopo e, uma vez aí chegados, vencer a incrível rampa do hotel.Quando parei nem queria bem acreditar que tinha terminado aqueles115 kms. de uma dureza indescritível.A felicidade inicial foi substituida pela preocupação de saber que,no dia seguinte identica distância nos esperáva até ao Rogil. Mas,como tristeza não pagam dívidas, era tempo de duchar e repor as 4500KCal. perdidas. O jantar estava divinal já que àinegável "experteza" do cozinheiro se uniu a fome avassaladora.Escusado será dizer que, pelas 22:00 estava a desligar os sentidospara reparar as avarias para o dia seguinte.(a continuar...)

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