Em conjunto com o Rui Sousa efectuei parte do reconhecimento do
Raid da FPCUB (Sesimbra – Albufeira) que irá realizar-se entre 28 e 30
de Abril.
Tentámos de efectuar a ligação Tróia – Odemira correspondente à
segunda etapa. A tarefa acabou por se revelar muito impossível e
inesperadamente (ou talvez não) dura.
Esta etapa teve várias sub-etapas que poderemos distinguir da seguinte
forma:
1. Tróia – Comporta
Sendo completa a impossibilidade de se circular fora da estrada em
virtude de todos os caminhos serem dunares este troço de 17 Kms. foi
por nós descartado já que será efectuado juntamente com o "pelotão"
dos cicloturistas e enquadrado pelos batedores da BT.
2. Comporta – Carvalhal
Esta parte com cerca de 10 Kms. é ambientalmente interessante sendo
plana e efectuada junto à vala real com uma velocidade de circulação
relativamente elevada.
3. Carvalhal – Oleoduto
Este foi o troço da desilusão – após termos encontrado uma ligação
"perfeita" entre a localidade e o oleoduto, depois de nele termos
circulado durante quilometro e meio pelo pinhal num piso de terra
imaculado (ao estilo auto-estrada TT) após o entroncamento com a EN
261-1 (Tróia – Grândola) veio a desilusão. A auto-estrada virou duna e
foi impossível continuar por aí. O projecto de circular por estradão
até Melides esboroara-se. Havia que arranjar alternativa. Começava a
desenhar-se a impossibilidade de alcançar Odemira em tempo útil.
4. Oleoduto/EN261-1 – Melides
Felizmente que levamos as cartas impressas. Tentamos seguir pelo
pinhal, em zonas baixas, junto a ribeiras. Conseguimos sempre
progredir e, sendo certo que raras vezes desmontámos, também é certo
que tínhamos consciência que esta era uma situação conjuntural
favorecida e muito por uma consistência dos solos motivada pelas
chuvas abundantes. Deste modo lá fomos a baixo ritmo e com muito
esforço por Brejinho da Água, Chaparral, Sobreiras Altas e Vale dos
Cardos até entroncarmos, muita areia após, com a EN 261-1 (Grândola –
Melides). Cruzámos a via e a morfologia do terreno altera-se radicalmente.
5. Melides – Santiago do Cacém
Nada melhor que, após umas dezenas penosas de quilómetros sobre areal,
recorrendo à cremalheira 22 amiúde, do que o "rompe-pernas" da bonita
Serra de Grândola. De facto, mal cruzámos a estrada, começa a "faina".
Os famosos barrancos desta serra sucediam-se um após outro. Destaque
para o Barranco do Livramento e o do Moinho. Em ambos a mesma fórmula:
descida abrupta e rápida com curvas divertidíssimas (algumas com uma
espécie de "relevê") mas onde se perdem, num ápice, cerca de 100
metros em altitude, se cruza uma linda ribeira, e se voltam,
penosamente, a reganhar a altitude. Ambientalmente é um "must" e, quem
conhece a Serra, sabe bem do que falo: zonas lindíssimas, muito
húmidas e forradas de sobreiros. A beleza não impede, todavia, que
seja muito duro fisicamente.
6. Santiago – Paiol
Mais do mesmo, um barranco pelo meio e um rompe-pernas constante.
O areal imprevisto atrasou-nos e comprometeu o objectivo de chegar a
Odemira, ficámos pelo Paiol (cerca de 10 Kms. a sul de Santiago). No
final os números foram os seguintes: 95 Kms. e 1600 metros de
acumulado. Aparentemente não é muito violento, mas o motivo é simples:
é que não há forma de mensurar o esforço que é pedalar mais de 25 Kms.
em cima de areia uma parte dos quais apeados (felizmente não muitos em
virtude das últimas chuvas).
No final ficou uma perplexidade. É que do Paiol a Odemira, por
estrada, são ainda cerca de 45 Kms. e, se a isto juntarmos os 17 de
Tróia a Grândola teremos uma quilometragem e dureza impraticáveis para
o que se pretende (falta ainda cruzar a Serra do Cercal, convém não
esquecer).
Assim, tendo em consideração a questão incontornável da areia, a
solução passará por alargar a neutralização (circulando por estrada)
até Melides aproveitando a "boleia" dos cicloturistas e dos batedores
da BT.
Não há volta a dar ao assunto, só assim será possível cumprir o
objectivo proposto. De resto é a partir de Melides que as paisagens
merecem mesmo a pena para BTT. Assim, apesar da quilometragem ser
elevada, será possível levá-la de vencida e encarar com optimismo a
dificuldade de Odemira a Albufeira e a transposição da serra algarvia.
Pedro Roque
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