Para combater os excessos próprios da festa de réveillon nada como uma incursão de bicicleta.
Se bem o pensei melhor o fiz. Troquei mensagens com o Nuno Nunes, profundo conhecedor da zona de Oliveira do Hospital onde eu iria a passar o fim de ano. Na impossibilidade de poder contar com a sua presença alinhavei uns tracks que me sugeriu e nasceu o projecto: ligar Vila Franca da Beira, no extremo norte do concelho, com Vide, já no concelho de Seia e distrito da Guarda na entrada do Parque Natural da Serra da Estrela cruzando a magnífica Serra do Açor local por mim nunca antes pedalado. A ideia inicial era ir e vir mas a distância era considerável, embora possível mas optei apenas por convencer os familiares a irem almoçar ao restaurante Guarda-Rios em Barriosa, Vide, com uma estupenda localização junto a uma cascata na Ribeira do Alvoco que corre de cima desde a garganta de Loriga.
Tirando a ligação de VFB a Oliveira do Hospital, em que o Todo-Terreno imperou, o resto da ligação foi efectuada por estrada já que, naquela zona, é de tal modo deserta que as poucas viaturas automóveis com as quais nos cruzámos não reduzem, de modo algum, o prazer da incursão.
Para cumprir o plano tive de madrugar e de saír bem cedo de VFB com o dia ainda a despontar e vencer o quilometro que dista de Ervedal da Beira e aí começar a travessia de dois vales que acabariam por se tornar mais complicados do que pensava inicialmente. Desci para o rio Seia num vale apertado e relativamente profundo para subir de novo e descer em direcção ao seu afluente, o rio Cobral numa paisagem edílica com os penedos graníticos a abundarem. A dada altura retomo o asfalto e chego a Travanca de Lagos (interessante topónimo) e daí até Oliveira do Hospital por asfalto. Esta travessia não me agradou muito e teria preferido uma alternativa todo o terreno já que a estrada, não sendo demasiado movimentada era desinteressante.
Após Oliveira do Hospital, cruzando uns pinhais que evitaram a circulação da famosa EN 17 (estrada da Beira) desço por um tapete betuminoso imaculado em direcção ao Vale do rio Alva com a Serra do Açor por diante num cenário de tal modo belo que tive de parar por mais de uma vez para o contemplar e assim cheguei, la baixo, a Santo António do Alva. Vencem-se os metros restantes até Ponte das Três Entradas e aí, cruzando a um tempo e fazendo jus à terra, o Alva e a ribeira do Alvoco, ataquei penosamente o Açor, dos 220 metros até aos 990 antes da descida para o Piodão, na zona do Alto Ceira. Uma a uma as povoações foram sucedendo-se por uma língua de asfalto deserta: Aldeia das Dez, Goulinho, Vale de Maceira e Gramaça (apenas vislumbrada de cima para baixo).
No ponto mais alto da incursão foi tempo de descer em direcção ao Piodão e de aí parar um pouco para reabastecer as forças. Constata-se que, apesar da beleza do local, o facto de o acesso intenso de viaturas automóveis a arruinar por completo. O acesso tem de ser proibido ao largo sob pena de se matar a galinha dos ovos de ouro. Até Vide faltavam ainda uma quinzena de quilómetros pelo vale, eram 13:00 e a combinação para almoço era para uma hora depois e lá fomos. Foi a parte mais agradável: o vale era magnífico, a estrada estava cortada por causa de algumas derrocadas e razoavelmente descendente pelo que Vide foi alcançada sem demora restando um punhado de quilómetros até Barriosa e ao almoço pelas 14:00 onde cheguei pontualmente...
Esta região tem um potencial para o ciclismo de montanha enorme. Espero, em breve, ali voltar.
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