sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

02JAN09 – Vila Franca da Beira, Oliveira do Hospital, Piodão, Vide


Distância 72 kms. Altitude acumulada quase 1900 m.

Para combater os excessos próprios da festa de réveillon nada como uma incursão de bicicleta.

Se bem o pensei melhor o fiz. Troquei mensagens com o Nuno Nunes, profundo conhecedor da zona de Oliveira do Hospital onde eu iria a passar o fim de ano. Na impossibilidade de poder contar com a sua presença alinhavei uns tracks que me sugeriu e nasceu o projecto: ligar Vila Franca da Beira, no extremo norte do concelho, com Vide, já no concelho de Seia e distrito da Guarda na entrada do Parque Natural da Serra da Estrela cruzando a magnífica Serra do Açor local por mim nunca antes pedalado. A ideia inicial era ir e vir mas a distância era considerável, embora possível mas optei apenas por convencer os familiares a irem almoçar ao restaurante Guarda-Rios em Barriosa, Vide, com uma estupenda localização junto a uma cascata na Ribeira do Alvoco que corre de cima desde a garganta de Loriga.

Tirando a ligação de VFB a Oliveira do Hospital, em que o Todo-Terreno imperou, o resto da ligação foi efectuada por estrada já que, naquela zona, é de tal modo deserta que as poucas viaturas automóveis com as quais nos cruzámos não reduzem, de modo algum, o prazer da incursão.

Para cumprir o plano tive de madrugar e de saír bem cedo de VFB com o dia ainda a despontar e vencer o quilometro que dista de Ervedal da Beira e aí começar a travessia de dois vales que acabariam por se tornar mais complicados do que pensava inicialmente. Desci para o rio Seia num vale apertado e relativamente profundo para subir de novo e descer em direcção ao seu afluente, o rio Cobral numa paisagem edílica com os penedos graníticos a abundarem. A dada altura retomo o asfalto e chego a Travanca de Lagos (interessante topónimo) e daí até Oliveira do Hospital por asfalto. Esta travessia não me agradou muito e teria preferido uma alternativa todo o terreno já que a estrada, não sendo demasiado movimentada era desinteressante.

Após Oliveira do Hospital, cruzando uns pinhais que evitaram a circulação da famosa EN 17 (estrada da Beira) desço por um tapete betuminoso imaculado em direcção ao Vale do rio Alva com a Serra do Açor por diante num cenário de tal modo belo que tive de parar por mais de uma vez para o contemplar e assim cheguei, la baixo, a Santo António do Alva. Vencem-se os metros restantes até Ponte das Três Entradas e aí, cruzando a um tempo e fazendo jus à terra, o Alva e a ribeira do Alvoco, ataquei penosamente o Açor, dos 220 metros até aos 990 antes da descida para o Piodão, na zona do Alto Ceira. Uma a uma as povoações foram sucedendo-se por uma língua de asfalto deserta: Aldeia das Dez, Goulinho, Vale de Maceira e Gramaça (apenas vislumbrada de cima para baixo).

No ponto mais alto da incursão foi tempo de descer em direcção ao Piodão e de aí parar um pouco para reabastecer as forças. Constata-se que, apesar da beleza do local, o facto de o acesso intenso de viaturas automóveis a arruinar por completo. O acesso tem de ser proibido ao largo sob pena de se matar a galinha dos ovos de ouro. Até Vide faltavam ainda uma quinzena de quilómetros pelo vale, eram 13:00 e a combinação para almoço era para uma hora depois e lá fomos. Foi a parte mais agradável: o vale era magnífico, a estrada estava cortada por causa de algumas derrocadas e razoavelmente descendente pelo que Vide foi alcançada sem demora restando um punhado de quilómetros até Barriosa e ao almoço pelas 14:00 onde cheguei pontualmente...


Esta região tem um potencial para o ciclismo de montanha enorme. Espero, em breve, ali voltar.

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