domingo, 29 de março de 2009
Blowing Against the Wind
Tinha-me prometido, mas sucessivamente adiado, a visita ao local da Batalha da Roliça (18 de Agosto de 1808) a primeira em território português da Guerra Peninsular cujas efemérides, correspondendo ao duplo centenário, se comemoram por estes dias. Era aliás imperdoável que, por duas vezes, tivesse pedalado por aquelas bandas e tendo avistado a seta indicando o túmulo do Coronel Lake e nunca me dignasse a desviar.
Ontem procurei redimir-me. Assim preparei e efectivei, em conjunto com o Rui Sousa, uma incursão ligando o Bombarral ao Baleal e regresso com passagem pelo local da batalha da Roliça que incluía uma visita ao alto da Serra do Picoto e ao túmulo do Coronel Lake, comandante do 29º de infantaria que perdeu a vida no ataque aos franceses. É impressionante como, 200 anos volvidos, se sente a batalha "no ar", seja pelos inúmeros testemunhos. Na Columbeira há, inclusive, um súbdito de Sua Majestade que ali vive e hasteia uma bandeira de Inglaterra (Saint George Cross) como que a relembrar o que ali se passou.
Mas se a temática histórico-militar confere um sabor adicional à incursão ela vive também das restantes paisagens e povoados e, ontem particularmente, de uma circunstância atmosférica particularmente adversa: o vento soprou muito forte com algumas rajadas a quase comprometerem o equilíbrio em cima da bicicleta. Como boa parte do passeio foi junto ao litoral os problemas agravaram-se sobremaneira. Nunca antes tinha pedalado com um vento tão forte. O Gráfico de Produção de energia eléctrica de origem eólica referente a ontem demonstra-o claramente. Estou, aliás, em crer que se reportasse apenas ao litoral a potência disponível teria sido alcançada já que todos os geradores que avistámos rolavam ininterruptamente.
Da zona da Columbeira - Roliça fomos até ao Olho Marinho, povoação, cuja fantástica toponímia pretende nomear as suas nascentes de água que brotam em plena vila e enquadradas numa paisagem cársica espectacular. Tempo de parar, ao abrigo do vento, para retemperar algumas forças e seguir, sub-cruzando o IP6 e vencendo os quilómetros de eucaliptal até à Lagoa de Óbidos. Este pareceu, de resto ser o local adequado para se circular num dia tão ventoso apesar das copas das árvores não pararem de se agitar.
Chegados à Lagoa de Óbidos internámo-nos pela ecopista do braço do Bom Sucesso que é uma infra-estrutura fantástica, prestes a inaugurar, que acompanha a margem sul da lagoa até à praia do mesmo nome. Aqui foi o cabo dos trabalhos com o vento soprando mais forte que nunca levantando a areia das margens da lagoa e projectando-a contra o nosso corpo dolorosamente. É uma massagem absolutamente dispensável até porque foi uma experiência um pouco assustadora.
Seguimos então em direcção à Praia d'el Rei e ao Baleal, umas vezes, para S, velozmente empurrados pelo vento, outras vezes, para W, tentando manter o equilíbrio em virtude das fortíssimas rajadas laterais. Após o Baleal seguimos para Atouguia da Baleia e rolámos durante quilómetros junto às margens da albufeira da Barragem em direcção a Bolhos e foi tempo de ascender penosamente até ao parque eólico e circular num sobe e desce demolidor até ao Reguengo Grande e daí, finalmente, até ao Bombarral após 93 extenuantes quilómetros por quatro concelhos (Bombarral, Óbidos, Peniche e Lourinhã) e dois distritos
Apesar das adversidades foi uma grande e memorável incursão.
Fotos Recolhidas "Por Aí" na Internet...
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