Sábado, 10 de Outubro de 2009
125 kms.
2000 metros de altitude acumulada positiva
Photos APRO
Weather, track, distance and friendship, all together to perform the perfect raid!
Depois de incursões incontáveis na área saloia e oeste rumámos, desta vez, ao país alentejano. Não ao Alentejo profundo celebrizado nos idos 90, apenas ao que nos está mais próximo. A partir de Lisboa é um ápice enquanto se alcança Vendas Novas, a primeira encruzilhada da A6. Aí ao trem alfacinha (eu e Azurara) juntou-se uma dupla eborense de luxo (Cláudio Nogueira e Pedro Bilro) no estacionamento junto à estação ferroviária.
125 kms.
2000 metros de altitude acumulada positiva
Photos APRO
Depois de incursões incontáveis na área saloia e oeste rumámos, desta vez, ao país alentejano. Não ao Alentejo profundo celebrizado nos idos 90, apenas ao que nos está mais próximo. A partir de Lisboa é um ápice enquanto se alcança Vendas Novas, a primeira encruzilhada da A6. Aí ao trem alfacinha (eu e Azurara) juntou-se uma dupla eborense de luxo (Cláudio Nogueira e Pedro Bilro) no estacionamento junto à estação ferroviária.
A conjugação do percurso, envolvente, espírito de camaradagem e meteorologia haveriam de tornar esta incursão muito próximo daquilo que se pode definir como o passeio perfeito.
A saída foi temporã já que se previam incontáveis milhas a pedalar. Havia que aproveitar a luz de um dia que se previa ensolarado e adequado ao BTT. As contas no final registaram 125 kms., 2000 metros de altitude acumulada e uma média superior a 17 kms./h. o que demonstra um dia pleno, apenas compatível ao grau de satisfação proporcionado.
Integrámo-nos, logo após a saída de Vendas Novas e a passagem inferior da A6, na chamada Serra da Cabrela (integrado na “Natura 2000”). Em bom rigor o pedaço de serra que transpusemos foi relativamente curto e correspondeu à passagem da ribeira de Safira que aqui corre num barranco profundo. Foi palco, aliás, do primeiro dos dois incidentes mecânicos do dia – uma corrente quebrada na máquina de Az e prontamente reparada com a aposição de um elo rápido numa operação simples, rápida e indolor para satisfação generalizada.
Após a subida, algo dolorosa, cruzámos diversas viaturas que, paradas numa clareira, acumulavam caçadores e uma montaria ao javali. Pouco depois, o segundo incidente com o pneu traseiro de PB, cuja parede lateral foi “mordida” por uma pedra aguçada. Aqui a operação de recuperação foi mais delicada já que, para além da incontornável câmara de ar, houve que recorrer ao manual McGiver e improvisar, com o troço de lixa que acompanha a singela botica dos remendos, um reforço que, a um tempo, impedisse o rasgo de aumentar e protegesse o tubo de furar. Tendo em contra que PB terminou sem que nada mais o importunasse, a referida operação, comandada pelo know-how experiente de CN, revelou-se de inteiro sucesso embora o referido pneumático tenha estruturalmente entregue a alma ao criador.
Após este local foi tempo de grandes rectas em estradão percorridas a uma velocidade estonteante e, após cruzarmos a Herdade dos Castelos, num ápice ganhámos a ferrovia do Alentejo e atingimos a estação de Torre da Gadanha onde começa a fantástica Ecopista do Montado que, sobre o espaço canal do defunto Ramal de Montemor, liga, durante mais de uma dúzia de quilómetros, ao bonito Montemor-o-Novo. A primeira parte é frondosa e ligeiramente ascendente (até à antiga estação de Paião) e o troço final desce e percorre-se muito rapidamente até porque, parte dele, é pavimentado. A reter o número elevado de ciclistas com que nos cruzámos e a transposição da ponte metálica sobre o Almansor, impecavelmente recuperada, mesmo na chegada a Montemor perante a visão do seu castelo.
Tempo de restaurar energias uma vez que tinham passado quase 50 kms. Seguimos, em modo uphill urbano, até ao castelo que rodeámos por poente e daí, para nascente, em direcção à fantástica Serra de Monfurado (outro ponto da rede Natura 2000) cruzando estradas secundárias e estradões por novas paisagens de montado extraordinárias.
Entrámos então no terceiro concelho percorrido neste sábado – Évora. São Sebastião da Giesteira foi o ponto mais oriental desta nossa incursão e estivemos praticamente na zona do Cromeleque dos Almendres em terrenos percorridos pela versão 2009 da maratona de Évora disputada, por ali, duas semanas antes.
Nova paragem para repor os níveis de hidratante num lugarejo fantástico denominado Nossa Senhora da Boa Fé numa legítima tasca alentejana e num mágico processo de viagem no tempo que só o BTT consegue proporcionar. Passámos ainda por Casas Novas antes de percorrermos, por estrada, a distância até à zona das grutas do Escoural (paleolítico superior) onde cortámos para norte em direcção ao miolo da serra, subindo junto à antiga mina de ouro a céu aberto. A chegada ao típico Santiago de Escoural fez-se assim a descer em grande velocidade, cruzando depois as ruas da vila com as suas casas impecavelmente caiadas e as enormes chaminés que conheceram incontáveis fumeiros.
Daqui rolou-se sempre rápido até se alcançar de novo o troço final da ecopista do montado que percorremos, agora para sul, de regresso a Torre da Gadanha e aí invertemos o caminho efectuado de manhã. Numa pausa havida pelo caminho, aproveitámos para filosofar. Inevitavelmente a conversa recaiu nas conjuntura que nos rodeava - um dia de sol magnífico, em pleno mês de Outubro, uma paisagem de sonho que só o montado alentejano pode proporcionar e uma companhia impecável a demonstrarem como éramos criaturas de sorte.
Retomámos o caminho até um dado ponto em que se optou por uma abordagem diferente da passagem da ribeira de Safira. Idealmente queríamos facilitar o processo mas a alternativa acabou por se revelar ainda mais dura. De facto, a ribeira neste ponto corre ainda mais apertada num apertado barranco que até o sol tem dificuldade em penetrar. Ora, se a descida foi fantástica, a inevitável subida acabou por se revelar dura e extensa, mas é mesmo assim, todos o sabemos, as finas descidas implicam, sempre, subidas de incontornável empenhamento.
Retomada a estrada da Cabrela terminaram as grandes dificuldades e rolou-se tranquilamente até Vendas Novas ainda que, o esgotamento das reservas de água e alimento levaram a que, antes, a détente tenha sido antecipada numa vistosa pastelaria já que a sede e o apetite assumiam contornos quase selvagens. É que, neste regresso a Vendas Novas, as pernas registavam cerca de 125 kms.
O final correspondeu ao lusco-fusco a demonstrar que se aproveitou tudo aquilo que o dia perfeito nos quis proporcionar.
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