domingo, 18 de julho de 2010

TESTING THE SHAPE IN THE WEST

Gradil, Mafra


17JUL10
Gare de Meleças - Caldas da Rainha
Distância: 116,2 kms.
2.500 metros altitude acumulada positiva
Concelhos percorridos: Sintra, Mafra, Torres Vedras, Lourinhã, Óbidos e Caldas da Rainha
Distritos percorridos: Lisboa e Leiria


CHALLENGING

O desafio foi lançado: ligar em BTT a estação de Mira-Sintra / Meleças às Caldas da Rainha percorrendo, longitudinalmente, toda a região Oeste.

Tratava-se de um projecto já antigo mas que, no sábado passado, conheceu a sua janela de oportunidade de avançar. É certo que, noutros moldes, tinha já conhecido uma tentativa anterior, a solo, e desde Lisboa o que aumentou ainda mais a distância, a altimetria e a dificuldade. Aí, tive de me ficar pelo Bombarral sob pena de perder o comboio.

Ontem as coisas foram diferentes: o plano era mais realista já que a tarefa fica facilitada a partir de Meleças mas, ainda assim, no final a contagem foi eloquente - 116, 2 kms. e 2.500 metros de acumulado agravados por um intenso vento que soprou, de modo constante e inclemente de norte.

Tendo lançado o desafio a "diversas entidades" à partida, pensava eu, apenas o Jorge Cláudio Neves alinharia. Qual não foi o meu espanto quando, à hora combinada, vejo surgir o João Cruz, por um lado e, por outro, uma "tribo" de quatro elementos do Projecto BTT que iriam até ao Bom Sucesso: o Paulo e a Lena Remígio, o Funride e o Ricky.

Ou seja, de dois, o grupo passou a sete.

Ligaram-se as povoações da Rinchoa, Sabugo, Negrais, Malveira, Jerumelo, Vale da Guarda, Gradil, Freiria, Chãos, Cadoiço, Ventosa, Moçafaneira, Casal do Telhadour, Ponte do Rol, Casais do Feijão, Casal do Forno, Casal da Taberninha, Bombardeira, Santa Rita, Foz do Alcabrichel, Maceira, Ventosa, Pregancia, Marteleira, Nadrupe, Sobral, Moledo, Cesaredas, Olho Marinho, Amoreira e Caldas da Rainha.

FUN

As condições meteorológicas eram boas, com um dia de sol, não muito quente mas, a intensidade do vento, complicou muito a já apreciável dificuldade da incursão transformando algumas rectas em autenticas subidas apenas vencidas à custa de empenho físico contribuindo para acumular o desgaste.

Passamos em alguns trilhos de sonho, como unanimemente foram descritos: na zona entre Sabugo e Negrais; na zona de Malveira e Vale da Guarda; a descida fantástica ao Gradil; a entrada em Freiria por um monte estreito e extenso, rodeado de vinha que dividia a povoação; a zona de Santa Rita, Maceira percorrendo o Vale do Alcabrichel e o novíssimo vale do ribeiro de Ribamar com a estupenda subida à Ventosa por um trilho interminável; os vales abruptos da zona da Lourinhã e a zona da Lagoa de Óbidos a demonstrarem, se dúvidas ainda houvesse, a mais-valia do BTT.

No final, os companheiros, do projecto BTT divergiram, na zona das Cesaredas, já que terminariam noutro local e seguimos três até às Caldas para chegarmos pelas 19:01 e vermos as luzes vermelhas da traseira do comboio a afastarem-se na gare. Valeu que a esposa do João Cruz tinha acompanhado a volta de carro e que, por milagre, existiam três suportes de bicicleta no tejadilho da viatura - audaces fortuna juvat!


Tendo em consideração que, no Verão, o vento norte é predominante e que, eventuais atrasos ou erros de cálculo podem comprometer o regresso de comboio, mesmo com o problema (como se pode constatar no gráfico abaixo) de concentrar os grandes desafios altimetricos no final, a prudência aconselha a que, de futuro, se percorra previamente o troço de comboio até às Caldas da Rainha e se inverta o rumo da incursão no sentido norte - sul.

TESTING

Para além do aspecto lúdico havia, para mim, um aspecto prático:
  • queria testar a forma para a jornada de quatro dias da Guarda até Santiago de Compostela que começará na próxima quarta-feira;
  • queria testar o novo material designadamente a montagem de suspensão total com o quadro Renault Tangara (idêntico ao Giant NRS).
Relativamente à forma, o teste deixou-me muito satisfeito.

Foi uma quilometragem superior à media das que irei encontrar com uma altimetria final apenas inferior à da última etapa (Ourense - Santiago). A agravar a dificuldade estava um vento intenso de norte que dificultava, sobremaneira a deslocação e ainda o facto de estar a pedalar numa bicicleta nova e com uma inércia pior do que as outras que uso habitualmente.

Por isso, no final, cansaço moderado e satisfação pelo desempenho e pela perspectiva para o Caminho de Santiago.

Relativamente ao novo material, algumas breves conclusões já que nunca tinha pedalado numa bicicleta de suspensão total antes.

A primeira constatação é que é muito menos nervosa, o que implica maior empenho a pedalar, sobretudo nas subidas. A descer, merçê sobretudo do desempenho notável dos 120 mm. da Manitou Black, o rendimento é estupendo, muito superior ao que se obtém de uma XC tradicional.

Como se tratou de uma primeira incursão a ideia era rodar e corrigir alguns aspectos. Assim importará agora aumentar a pressão de ar da forqueta e do amortecedor; baixar um pouco a altura do guiador (por forma a melhorar o desempenho em subida sem comprometer o controlo) e trocar o pneu dianteiro. Esta questão do pneu é um aspecto curioso - trata-se de um Michelin  xcr dry 2 UST 26x2.00, em bom estado, que tinha dado sempre boa conta de si na frente. Porém com o aumento do curso da suspensão e da sua eficácia nota-se que o pneu resvala lateralmente comprometendo um pouco as trajectórias, o problema será resolvido com um pneumático com um piso mais agressivo e ajustado.

Destaque, ainda, para o factor cansaço que é mitigado com a suspensão traseira.

Ainda assim as coisas teriam sido mais fáceis com uma configuração "tradicional" hardtail. Tive sempre a sensação que, perante as circunstâncias do terreno, estava a pedalar sempre mais leve do que o habitual. Porém numa ou noutra situação onde tive de desmontar o mesmo aconteceria com uma configuração XC. Ou seja - havendo boa forma consegue-se ir numa FS aos mesmos locais do que com uma HT embora a velocidade possa ficar comprometida.


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