terça-feira, 2 de agosto de 2011

MoN - Arr - Evr, BTT, Património e Paisagem


30 de Julho de 2011 (dia de São Pedro Crisólogo)
Distância – 133 kms.
Acumulado vertical – 1900 metros
Participantes: PR, JC, CN e EN

Tinha tudo para dar certo e, de facto, assim foi. A ideia era ligar Montemor-o-Novo (MoN) a Arraiolos (Arr) edaí pela ecopista até Évora (Evr) e retornar a MoN.

A quilometragem seria elevada embora a altimetria nada fosse de especial (na sua relação com a quilometragem, bem entendido). Quanto ao resto – a paisagem e o património – havia a garantia absoluta de que seria um passeio de luxo, já para não falar do grupo constituído.

O início fez-se em direção ao castelo de MoN subindo pelas ruas da zona histórica, entrando pela porta da traição, percorrendo o pano norte interior  das muralhas e saindo pela entrada principal da fortaleza. Passando, de novo, o casco velho da histórica vila saímos pelo Convento da Visitação em direção ao campo e ao Alentejo real.
MoN - pano interior da muralha norte
Alternando sequeiro com regadio, a seara com o montado, cruzando um campo de milho e pastos, avistando vacas, ovelhas e uma vinha de alto gabarito, por meio de estradões, caminhos de pé posto e os incontornáveis portões alentejanos, abundantes, omnipresentes com tecnologias de abertura insondáveis, por vezes apenas compreensíveis para betetistas iniciados nestes ritos aparentemente complicados do “cerrar e descerrar” conservando o gado bem enclausurado atrás das cercas. Esta é uma marca cultural indelével do Alentejo. Poderemos pedalar noutros locais de Portugal com paisagens semelhantes mas em nenhuma outra região encontraremos estes portões e o ecletismo tecnológico que lhe está subjacente: arames, cordas, elásticos e tábuas manejados habilmente por mãos sábias e prontos para confundir os incautos.

Com alguns improvisos conseguimos chegar a Arr com uma subida fortíssima até ao seu castelo onde se vislumbra um panorama marcante de 360º com os campos magníficos cuja descrição atrás deixei. Seguiu-se uma descida urbana até ao centro da vila dos famosos tapetes e o voltar a constatar a mais-valia da renovação urbana que a bonita terra apresenta: ruas aprimoradas e sem trânsito, casas bem caiadas, tudo muito agradável a merecer uma paragem na praça central perante alguma curiosidade local.

Arr - Horizontes largos no castelo.
Seguimos para Evr. Se, até aqui, apesar de pouco se subir, as mudanças de piso e a transposição de portões condicionou, um pouco, o ritmo da progressão, agora era tempo de pedalar em grande estilo através da ecopista que liga a estação de Arr com a cidade de Evr. Foram vinte kms. percorridos a velocidade estonteante através do espaço canal da antiga ferrovia e, num ápice, alcançamos a cidade património mundial que, como não podia deixar de ser, foi percorrida de modo ciclo-turístico aproveitando o facto de uma mountain bike ser uma excelente forma de visitar uma cidade.

Evr - Pórtico da Sé Catedral
Começamos pelo antigo Colégio dos Jesuítas onde funciona a reitoria da Universidade, seguimos para a subida forte para a zona alta onde se concentram o templo romano, o Museu e a Sé Catedral que foram palco de um punhado de fotografias a preceito.

Depois foi percorrer as Praça do Sertório e do Giraldo e o restaurar as energias num botequim bem oculto numa rua lateral. Saímos então, sem o EN, para o terço final, o mais duro correspondente a ligar, de novo a MoN. Ainda em Evr uma paragem técnica no mercado junto a S. Francisco para reabastecer de água e seguimos em direção à Anta Grande do Zambujal em Valverde e seguimos, via Guadalupe, para o marcante alinhamento dos Almendres que é alcançado após uma constante subida de sete quilómetros.

Evr - Cromeleque dos Almendres
Volvidas as fotos da praxe a descida / ligação até ao Santuário Mariano da Boa-Fé (Bona Fide) coma sua igreja branca imaculada debruada a ocre. Este é um momento mágico com a luz forte do sol a incidir na sua fachada e a iluminar os espíritos de todos.

Após as Casas Novas internamo-nos em plena Serra de Monfurado. Espaço natural magnífico onde o montado é rei e onde é delicioso perdermo-nos pelos seus caminhos labirínticos procurando, a todo o transe, reencontrar uma direção que julgávamos perdida.

MoN - A imponência do sobro em Monfurado
Os quilómetros derradeiros, após Santiago de Escoural, são agora relativamente planos embora um arreliante furo (bloody Tubeless Ready) não tenha permitem uma deslocação tão rápida quanto teria sido possível. Os quilómetros finais foram pela ecopista que liga a Torre da Gadanha a MoN onde reentramos já ao lusco-fusco.

Mais uma excelente incursão. Aqui, sem dúvida que, quer o património, quer a paisagem rural, se constituíram como os fatores de elevada agradabilidade.

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