quarta-feira, 7 de maio de 2014

ver o invisível cheira a imensidão


Quando se faz BTT a tendência mais natural quando historiamos um percurso é descrever coisas grandes, materialmente grandes, ou seja, a quilometragem dos caminhos, as serras, os montes, a densidade da vegetação, a fauna corpolenta, os rios, a truculência dos estradões, os horizontes sobre horizontes, a altimetria alcançada, as aldeias, vilas ou cidades por onde passamos e as coisas nelas contidas e outros empreendimentos visíveis a bom ver.
Há, porém, no mundo dos sentidos um universo invisível que a BTT nos faz achar de feição intensa, quer mental, quer fisicamente. Refiro-me aos cheiros que moram na natureza. Como suaves e mimadas festas entre os cabelos enchem de frescura o nosso cérebro e a nossa vida cheiros de linho bravo, laranjeira, violetas, pinho, morganheira-da-praia, campainhas-amarelas, maresia, espargos bravos, abrótea-da-primavera, jacintos-do-campo, azinho, cebolinho-de-flor-branca, gladíolos, maios, açafrão selvagem, salepeira-grande, erva-borboleta, loburália, agrião, bolsa-de-pastor, eruca marítima, grizandra, flor de sal, piteira, marmeleiro, castanheira, roseira-brava, cardo-marinho, botão azul e o que mais Deus inventou. O olfato ganha visão. Os aromas adquirem cor, na BTT. Cheira bem. 

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