segunda-feira, 3 de julho de 2006

Maratona Internacional da Raia 2006

The Rollo Square in Zarza la Mayor at Caceres Province.

Gostei tanto de lá ter ido que até mereceu a pena não assistir a boa
parte do Portugal – Inglaterra. Assim sendo acho que merece um relato
à maneira antiga até, do meu ponto de vista, porque há muito para contar.

BANDO ROLADOR
Constituído, desde o início, por mim, pelo Rui Sousa, Mário Silva e
Jorge Cláudio. O ritmo, não sendo de alta competição foi, no entanto,
muito interessante contribuindo, apesar do enorme esforço despendido,
para a satisfação generalizada acerca desta maratona. Pena foi que a
forma do JC não lhe permitisse concluir. Da minha parte tudo correu
bem embora para o final o ritmo se ressentisse um pouco mas a
solidariedade do resto do bando fez com que cortássemos os três a meta
em conjunto.

FÓRMULA GSE (Gestão Sustentada do Esforço)
Apliquei esta minha fórmula patenteada tendo em consideração a falta
de treino sistemático e o calor não me tendo saído mal. Apesar de
algum sofrimento há medida que os kms. iam passando deu para chegar ao
final longe do último lugar e em razoável estado de conservação
relativizando o empeno, o que é sempre importante.

BTT TV
E o que dizer de um inteligentíssimo "camera-man" que colocou a sua
câmara no solo no final de uma descida técnica mesmo ao meio da
trajectória? Claro que eu, que não perco uma oportunidade de aparecer
na TV, após uma derrapagem da roda traseira para evitar acertar-lhe
lhe dei um "piparote" violento que nos colocou a ambos no solo. Só foi
pena não ter acertado com o "Shimano 44" em cheio na objectiva…

CRUZ ROJA
Deu para observar a presença da cruz vermelha pelo menos em dois
locais de passagem: o primeiro no início da descida técnica para o
Erges. É que, depois do incidente com a RTP, nem hesitei e apei-me
desde logo – é que se eles ali estavam deveria de haver algum motivo.
A segunda foi no "rompe-piernas" após Zarza em que estava estacionado
no cimo de uma violentíssima rampa um jipe da versão espanhola da
organização humanitária. Na altura em que o referido bando rolador
passou todos iam apeados, o calor apertava fortemente e éramos os
únicos que subíamos "aquilo" a pedalar. Antes de eu passar, porém,
havia um ciclista que tinha atingido o topo a cambalear e uma
espanhola da Cruz Roja pergunta-lhe se ele se sentia bem mas ele,
olimpicamente, ignorou-a (presumo que em virtude do empeno) ao que a
referida voluntária comenta para o colega que: "esta tan mal que ni
contesta!"

ORGANIZAÇÃO
Francamente achei que, sem deslumbrar, esteve em bom plano. Houve a
questão das fitas que, por vezes não abundavam e estabeleciam alguma
confusão quanto à direcção a seguir (a saída de Zarza foi disso
exemplo), mas quanto ao resto esteve tudo bem: assistência às
bicicletas, reabastecimentos, água com fartura (num dia de calor
intenso) e até a "piéce de resistence" que foi um individuo de garrafa
de água na mão que além de informar sobre o decorrer do jogo ia dando
o precioso líquido no suplício final que foi a calçada até Idanha.
Outro senão foi fazer-nos exibir um dorsal patrocinado por "o
espanhol" - há coisas que não se fazem!

ÁREAS DE SERVIÇO
Todas estrategicamente colocadas em povoações oferecendo, desta forma,
as melhores condições para quem delas se servia. Com o grau de
exigência que a temperatura ambiente impunha não é de estranhar que
tenhamos parado em todas!

PORTUGUÊS SUAVE
No final e após o banho fomos até uma pastelaria para comer algo. A
transmissão do jogo converteu uma pastelaria que de manhã tinha um ar
imaculado numa gigantesca sala de fumo repleta de lusitanos com os
nervos à flor da pele. Foi um ápice enquanto saímos para a esplanada.
Ouvimos pois falar do tal "Ricardo" no auto-rádio do carro já de
regresso à capital.

ROLLOFF E FIABILIDADE
O Michel Memeteau também lá estava estreando o seu cubo Rolloff. Após
Segura ouve-se um pneu a esvaziar num ápice. Parece que a fiabilidade
que ganhou na transmissão não se transmitiu aos pneus. Impõe-se uma
conversão ao sistema UST ;-). De resto a quantidade de "furadores"
deve de ter batido o "record" absoluto na distância.

LUDOS
Lá estava esse "ganda maluco" de câmara fotográfica em punho parando
nos locais estratégicos para obter as melhores fotos. Ficamos à espera
do resultado até porque, com aquela luz devem ser óptimos.

CALÇADA
De um requinte sádico fazer-nos subir até Idanha por aquela calçada
após 100 kms. "á torreira do sol". Foi o cabo dos trabalhos mas
venceu-se se bem que tenha exigido uma paragem intermédia à sombra
para "reganhar confiança".

40º's
A saída de Zarza, a reentrada em Portugal por uma "rampa impossível",
o avanço acidentado até Segura e, sobretudo, a ligação a Zebreira
foram feitos debaixo de um calor abrasador que fez o mercúrio
ultrapassar os 40º's ao sol. É necessária uma gestão muito rigorosa do
esforço nestas condições. Foi esta a grande dificuldade desta maratona.

A BATH IN "NO MEN LAND"
Na "reentre" no luso solo houve quem se deitasse dentro de água em
pleno Erges. A dúvida foi saber em que país se estava a tomar banho?

AFINSA
Pormenor curioso foi a de uma "tienda" em Zarza que ostentava
"orgulhosamente" uma placa dizendo "Agente Oficial de Afinsa". Afinal
"mais vale "selo" do parece-lo!" ;-)

SEGURA OU SECURA?
Foi a dúvida sob o nome exacto da povoação que coloquei após a tórrida
e sufocante ascensão a Segura…

CANTIL
De vez em quando gosto de inovar e de ser mais inteligente que os
demais. Baseado numa previsão meteorológica para Castelo Branco que
apontava para 24º de máxima e de "céu parcialmente nublado" alinhei
imprudentemente de cantil no quadro sem o saco de água na mochila.
Estão mesmo a ver como foi a gestão hidráulica debaixo daquele calor,
não é verdade? Não fora a localização estratégica dos reabastecimentos
de água e tinha grelhado em lume brando.

MOUNTAINBIKER SUN TAN
Onde eu acho que marco pontos relativamente aos demais é mesmo na
minha camisola de manga comprida. Todos achavam que estava louco tendo
em consideração o calor mas eu sinceramente acho que não. A camisola é
finíssima e em licra permitindo o transpirar confortável não agravando
o calor e permitindo poupar os braços a uma dose horrorosa de
ultravioletas. No balneário eu bem vi os resultados: criaturas que
parecem vestir manguitos castanhos e que serão o alvo de olhares e
comentários jocosos na próxima ida a banhos ;-)

3 comentários:

Abrasar disse...

Bom relato...:)
Também uso há muito tempo as camisolas com mangas no Verão, para admiração e comentários dos restantes; "Não tens calor de mangas...?"
A minha dificuldade mesmo é arranjar camisolas de ciclismo frescas com mangas e a preços acessiveis...:(

Um abraço.

Ricardo disse...

Olá e parabens por este cantinho cibernético!
Tomámos a liberdade de te linkar no nosso blog, esperamos que passes por lá!

Anónimo disse...

Best regards from NY! »