Quatro criaturas alinharam à partida e à chegada: para além deste vosso humilde criado, os suspeitos do costume e que se nomeiam como Mário Silva, José Azurara e Nuno Freire.
A chegada a Óbidos, pela manhã, revelou uma primeira surpresa. A famosa festa do chocolate tinha instalado arraiais intra-muros e com ela as hordas turísticas agravadas por um sábado ensolarado. Valeu o facto de ainda ser (relativamente) cedo e os lugares de estacionamento abundarem. Ainda assim a contagem das almas, nas tortuosas ruas medievais, a fazia-se em quantidade.
De resto, não nos demorámos muito no circuito urbano e rumámos em direcção à Lagoa de Óbidos, deslumbrante como sempre, e daí pelo Nadadouro até á zona de Foz do Arelho onde surgiu a primeira grande dificuldade do dia: uma subida árdua em superfície de tout-venant em que, para além da dificuldade ascensional temos de controlar a roda traseira.
Alcançado o topo foi tempo de circular, pela serra do Bouro até à Cidade e não me refiro às Caldas mas, antes, a uma povoação com essa fantástica toponímia. Daí saímos pela ciclovia da Estrada Nacional em direcção a N durante um par de kms. até abandonarmos para poente em direcção ao mar por uns trilhos deliciosos que nos conduziriam até “às traseiras” de Salir do Porto.
Confesso a minha grande admiração pela descendente Salir e por ali nos demorámos junto à Foz do Tornada em torno de uma legítima sopa Juliana e uma poderosa bifana, após o que seguimos pelo passadiço de madeira que, com a duna, o mar e o sol permitiu as fotos fantásticas que se podem testemunhar.
Cruzámos São Martinho do Porto em glória pela sua ciclovia, com o mar da concha a reflectir o sol subindo rapidamente até à Serra de Mangues, não sem antes ter sido vítima, ainda que de modo muito ligeiro da “lâmina da máquina do fiambre” (pedaleira 42) valeu o facto de estar apeado e de ter sido apenas um “encosto”. Admito que aquelas protecções plásticas das bicicletas de hipermercado (e não só) podem ser uma mais-valia contra este “hazard”. Depois de mais esta demonstração não sei se não optarei por colocar algo semelhante a isto .
A descida até à praia é algo inesquecível sobretudo porque ela se faz numa paisagem deslumbrante. Um pouco mais penoso foi, depois percorrer toda a Praia do Salgado até quase à Nazaré. Se a paisagem é magnífica, o mar a poente e o perfil da serra a nascente mas, o alternar do estradão com a areia, extenua qualquer um.
Atingido o ponto mais a N. foi tempo de subir a potente rampa asfáltica que liga a N 242 a Casal Mota e aí nos internarmos pelos meandros da Serra de Famalicão. E deixem-me que vos diga que aqueles caminhos são estupendos. Parece um circuito desenhado, pela serra, curvando à esquerda e à direita, subindo e descendo pelo meio do arvoredo. A parte final é rapidíssimo e entrámos, de novo, em São Martinho do Porto de rompante perdendo alguns saborosos minutos exercitando a vista num belvedere sobranceiro à baía.
De novo percorremos o passadiço até Salir tendo optado no regresso pelos pinhais que foram percorridos a velocidade elevada e, num ápice, tínhamos Caldas da Rainha à vista e daí até Óbidos, via Casal da Várzea e Bairro, rolou-se, então, mais calmamente.
Vencido o declive castelar, intra-muros as ruas estavam mais preenchidas que nunca e a nossa presença e passagem foi tudo menos discreta, sobretudo quando Azurara resolveu derrubar acidentalmente uma placa indicadora de um restaurante. A dita indicação era enorme e em ferro forjado e o contacto com o calcário da calçada soou ainda mais ruidoso que sargento ordenando pelotão de instrução e despertando um genuíno interesse popular generalizado. Foi uma passagem em high-profile! Valeu a famosa ginja d'Óbidos para rematar mais uma inesquecível incursão e, embora preparados para as trevas, acabamos por cumprir ainda com luz solar.
Sábado, 14 de Março de 2009
Distância: 80 kms.
Acumulado Positivo: 1500 m
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