quinta-feira, 7 de maio de 2009

GEO-RAIDE SÃO PEDRO DO SUL - DAY TWO 26ABR09


Texto: RUI SOUSA
Fotografia. AGNELO QUELHAS

Relato do 1º dia aqui

Vem aí chuva
Depois de no sábado o tempo ter estado razoável, sem chuva, no 2º dia as
coisas pareciam um pouco piores. Em S. Pedro do Sul o céu estava todo
coberto, fazendo pensar que poderia chover durante o dia e iria estar mais
frio. Vimos mais tarde que foi falso alarme, o dia esteve espectacular!
Havia uma nuvem estacionada em cima de S. Pedro do Sul!

Partida...ainda não estão todos? Outra simulação de TGV!
Tal como no dia anterior, fiz várias falsas partidas! Ainda vem lá mais uma
equipa! E mais outra! Resultado? Mais uma correria pela linha do comboio, já
que o percurso até à estação de S. Pedro do Sul era igual ao do dia
anterior, tendo ainda que parar em todas as estações para avisar a quem
garantia a nossa segurança que era a última carruagem!

Lição nº 1 na construção de Linhas de Comboios. São “planas”???
Na antiga estação de S. Pedro do Sul virámos à direita, atravessando por uma
ponte o rio Vouga no local onde se encontra com o rio Sul. Aí fiquei parado
algum tempo, pois vinham algumas carruagens lá ao longe, mas que afinal eram
de outro comboio.
Depois da passagem dessa ponte caiu por terra o mito de que as linhas do
comboio são planas! É verdade que não subia muito, mas ia subindo, subindo,
às voltas pela serra.
Tanto que passados 5 km, estávamos a apenas a cerca de 500 metros do local
da passagem da ponte, mas 100 metros mais altos (de 170 para 270 metros)! E
assim iríamos continuar, até abandonar a antiga linha aos 430 metros de
altitude.
Este troço é muito bonito, com vários túneis de pequena dimensão, troços em
trincheira e a paisagem a variar entre campos rurais e matas. De realçar a
estação de Moçamedes, muito bem recuperada.

Por caminhos rurais até ao grande single-track Após mais um túnel virámos à
direita por um caminho que claramente já não fazia parte da linha do
comboio, a não ser que fosse ajudado por um guindaste!
Aqui eu já ia a acompanhar a equipa que no primeiro dia passou comigo também
no 1º CP, depois de durante alguns quilómetros ter estado na sombra de outra
equipa, que pensava que eu era um concorrente que tinha perdido o
companheiro!
Logo após a passagem do CP a equipa que eu vinha a acompanhar resolveu
atalhar, para poder ter tempo de fazer o final da etapa, que prometia muita
diversão…mal sabiam eles (e eu) que estávamos a poucos metros de entrar num
divertido single-track, que parecia não ter fim! Muito divertido, com muita
condução mas sem ter locais perigosos ou muito técnicos. Como eu estava
sozinho fiz algumas partes com especial cautela, não fosse ter algum azar….

A todo o vapor! Alto, paragem no café!
Ao sair do single-track encontro uma equipa em sentido contrário. Era a
equipa do José Azurara, iam atalhar por estrada pois ele estava com uma dor
no joelho e um bocado desanimado, pois estava com dúvidas se iria fazer a
TransPortugal ou não. Espero que recupere depressa.
Com várias paragens para telefonar a comunicar as desistências e atalhos no
percurso e o cuidado que tive no single-track, pensei que iria fazer muitos
km sozinho. Por isso aumentei o ritmo, para tentar encontrar alguém antes do
2.º CP. Mas logo a seguir, ao passar na aldeia de Vasconha, vi umas
bicicletas paradas à porta de um café. Afinal ia ter companhia!

S. Silvestre, o santo padroeiro da pedaleira pequena!
Até aqui a etapa foi fácil e rolante, mas a montanha estava à espreita! Para
aquecer umas rampas à volta da capela de S. Silvestre. Com o aquecimento
feito, a subida continuou, umas vezes mais fácil, outras vezes a convidar a
ir a pé.
Atravessámos a A25 e a IP5 e fomos subindo por um estradão até à M1308. No
início da subida fui com uma equipa que tinha “adoptado” mais um ciclista
que ia sozinho. Mas com o decorrer da subida acabou por não aguentar a
pedalada da equipa completa e ficámos só os 2, pois já ia com muitas
dificuldades.
Por sorte quando entrámos na M1308 passou por nós o José Carlos, que pode
dar uma boleia a esse companheiro, deixando-o mais à frente, evitando o
resto da subida.

Quem disse que estava com saudades de caminhos escabrosos?
Voltei a pedalar com força para tentar apanhar novamente os últimos, que não
deveriam ir longe. Abandonámos a estrada perto de Covas, onde os apanhei. Aí
parei por escassos segundos e entrei num caminho escabroso, cheio de pedra
solta, erva e muita lama! Pensei, estes tipos são uns malucos, um caminho
destes e foram por aqui a abrir, já não os vejo e ainda agora estava mesmo
atrás deles!
Mas não demorou muito a começar a ouvir barulho atrás de mim. Afinal
tinham-se enganado na entrada da aldeia e eu tinha-os passado, juntamente
com outra equipa que seguia também por perto!

Rumo às Eólicas!
O 2º CP estava já aí, a seguir à aldeia de Fornelo do Monte. Fizemos uns
metros de asfalto como aquecimento para a subida de uma calçada rumo a um
campo eólico.
Estava assim conquistado o local mais alto da etapa. A partir daí corriam
rumores que seria sempre a descer até à meta…

Correria para o último CP…30 segundos, está feito!
A descida foi feita em pisos muito variados. Caminhos bons, alcatrão, pedra
solta, viragens a meio de descidas onde não se consegue olhar para o GPS e
onde quase todos se enganaram, etc.
A equipa que estava a acompanhar já há algum tempo começou a fazer contas,
tinham que dar ao pedal para ainda conseguirem passar antes do fecho do 3º e
último CP. As descidas ajudavam, mas pelo meio apareceram algumas subidas
que ameaçavam o sucesso do esforço. O mais complicado foi a passagem por um
parque de merendas, muito bonito, com as árvores e as pedras cobertas de
musgo e o chão de folhas secas…que travavam a bicicleta.
Um dos membros da equipa começou a ter cambraias e a dizer que já não iam
conseguir. Mas o colega não o deixou desanimar e incentivou-o a continuar o
esforço! Foi um bom exemplo do que se pretende no Geo-Raid, onde o espírito
de equipa e a entreajuda é essencial para se vencer os desafios.
Felizmente apareceu uma bela estrada a descer e o CP estava logo a seguir,
pelo que conseguiram passar 30 segundo antes do fecho! Parabéns pelo esforço
e espírito de equipa!

Últimos metros e o regresso dos mortos-vivos!
Estive alguns minutos parado no CP para comer e trocar as pilhas do GPS e
quando arranquei não virei á direita a meio da descida e tive de voltar a
subir à mão uns 150 metros!
Com esse tempo perdido pensei que iria voltar a ficar algum tempo sozinho,
mas logo a seguir encontrei outra equipa onde um dos elementos já tinha sido
encontrado pelo “homem da marreta”. Comeu um gel daqueles capazes de
ressuscitar um morto, mas devia estar fora do prazo, pois só conseguiu
arranjar uma valente dor de estômago, para complicar ainda mais as coisas.
Fiz assim os últimos quilómetros bem devagar, felizmente que já só faltava
subir um pouco perto da aldeia de Vila Nova e depois para a Sr.ª do Castelo.
A descida da Sr.ª do Castelo é uma daquelas que vai ficar na memória. No
meio de uma mata densa, onde o Sol não entra, curva, contra-curva, um drop,
outra curva, e sempre com o piso macio, que dá confiança para arriscar um
pouco mais e descer depressa! Onde está o teleférico, para subir e voltar a
descer?

Próxima estação: São Pedro do Sul
Após o divertimento da Sr.ª do Castelo voltámos a apanhar a antiga linha de
comboio e rapidamente chegámos ao hotel, onde nos esperavam uns belos
petiscos que a Berta e companhia tinham preparado para os atletas.

Agora venha a Estrela e depressa! As fotos dos reconhecimentos prometem um
fim-de-semana em grande!

Sem comentários: