terça-feira, 22 de setembro de 2009

THE DARK SIDE OF THE FORCE


Ainda não acredito bem na aventura.

O Mário Silva, outrora um dos gurus do BTT, caiu no largo negro da força e agora pedala em cima daquelas máquinas infernais que dão pelo nome de monociclo.

Para quem não sabe bem o que é, para além de uma consulta incontornável ao seu blogue refiro que, apesar de parecer apenas meia bicicleta, é necessário, no mínimo, o triplo da perícia, equilíbrio e concentração do que nas duas rodas clássicas.

Ainda é actividade rara em Portugal, mais associada a números circenses do que, propriamente a um desporto ou forma de mobilidade. Vai daí a dinâmica do Mário permitiu reunir em Lisboa, no Parque Florestal de Monsanto, a fina flor da modalidade que, embora não passasse de uma dezena de criaturas, demonstra que o Mário tem feito um esforço notável de agregação e de criação de um embrião da modalidade entre nós. O mais interessante é que, 50% dos monociclistas presentes pertencem a duas famílias.

Fui convidado a os acompanhar. Não se iludam, não foi para me equilibrar em cima de uma das máquinas do demo o que, seria impossível por dois motivos: a minha recusa obstinada em passar por aquele doloroso (literalmente) processo de erro – aprendizagem, com as consequentes, caneladas, quedas e vexames públicos, por um lado e, por outro, a manifesta impossibilidade física de o efectuar já que sem treinar não há, nesta modalidade, quaisquer tipos de milagres.

O convite, outrossim, foi no sentido de captar imagens vídeo coisa que fiz com imenso prazer. Alinhei com duas rodas o que, comparado com o monociclo, é tão estável como um familiar de quatro portas e cinco lugares e por ali fomos, pelo meio daqueles trilhos que o Mário tão bem conhece com alguns artistas a efectuarem números que muitas vezes em bicicleta não se arriscam.

Tal como na coca-cola, descrita por Pessoa, eu já ultrapassei a primeira fase, isto é, já não estranho a tribo e o acto praticado e já acho bem mais curioso os olhares de espanto e os pescoços que rodam à sua passagem do que propriamente o largo trem circulando. Este espanto esteve, aliás, na origem de uma queda aparatosa de um betetista mais impetuoso que cruzava os trilhos e que, imparavelmente, teve de desviar o seu olhar do piso.

Ao que parece, o grande guru, dá pelo nome de Kris Holm (veja-se aqui) e está para o hardware da modalidade como o senhor Shimano para o BTT. Ainda mais bizarro é o iniciático jargão tribal: Depois é one foot para aqui, MUNI para ali e ainda os códigos numéricos, os 20's, 29's ou 36's das rodas ou os comprimentos dos crenques. Só visto, pareciam um bando de pardais à solta...

Após oito quilómetros pelos trilhos seguiu-se um piquenique abençoado pelas vespas e um convívio dinâmico nos espaços de basquetebol de Monsanto onde se experimentaram o modelo de 36' e a famosa “girafa” que deu um ar circense ao encontro.

Imagens e vídeo aqui

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