segunda-feira, 14 de setembro de 2009

"I HEARD IT THROUGH THE GRAPEVINE" (*)


Photos by APRO

MTB at the kingdom of grapevines and windmills with lots of up and down-hills and dramatic views around Montejunto and the sierras nearby.

Continuando a explorar o manancial inesgotável do triângulo Torres Vedras, Alenquer e Cadaval a "ordem de batalha", para o passado sábado, foi arrojada em termos técnicos e físicos pois os terrenos acusavam um relevo permanentemente acidentado que incluía uma ascensão à real Fábrica de Gelo em Montejunto.

Foi um risco já que entre a minha última grande incursão, efectuada a 23AGO09 e o dia de sábado passado havia ocorrido duas semanas de férias, embora as mesmas tenham decorrido em ritmo aeróbico. Ou seja, a incursão planeada e concretizada, mantendo embora as quilometragens habituais (entre 90 e 100 kms.) tinha um respeitável acumulado de altitude - cerca de 2300 metros que agravava a dificuldade habitual neste tipo de incursão longa.

Devo dizer que, da minha parte, me senti bem e que levei de vencida as ascensões sem dificuldade de maior o que demonstra que o condicionamento não foi afectado com as férias. Ainda bem.

Para além do habitual JC tive a companhia de Azurara que está em muito boa forma física ainda que o tipo de terrenos muito técnicos, encontrados no sábado passado, seja a descer, seja a subir, não pareça ser muito do seu agrado.

Saímos de Torres Vedras, tendo estacionado o carro junto à estação ferroviária, e seguimos até às termas dos Cucos se bem que, desta vez, o tenhamos feito por um trilho junto ao Sizandro que evita a brutal ascensão por cima do túnel ferroviário. Nos Cucos tomámos um rumo diferente e contornámos o morro por SW seguindo junto à linha do Oeste e daí à Quinta da Porticheira onde passámos ao vale do Rio Sangue (Ribeira de Matacães) para subirmos pelo meio de um bosque mediterrânico num enquadramento paisagístico de primeira água ainda que, do ponto de vista físico e técnico, as dificuldades tenham sido inúmeras até se lograr alcançar o topo da serra de São Julião e por aí se circular desafogadamente.

Após nova descida uma ascensão à Serra Galega e aos largos estradões em "tout-venant" de servidão aos aero-geradores e uma descida abrupta até ao vale da Atalaia e ao reino das uvas, em pleno período vindimal. As quintas sucederam-se até ao Olhalvo e daí em diante, magníficas, bem enquadradas pelos vales férteis prestando esplendorosamente o seu tributo a Baco.



Entretanto, a silhueta de Montejunto aproximava-se, ameaçadora, e a altimetria ia cobrando a sua factura, primeiro num demolidor "rompe-pernas", depois numa ascensão permanente. Chegados ao "acampamento-base" o mesmo será dizer ao parque de merendas do lado S, percorremos o trilho que, a meia-encosta rodeia a serra até nascente e que passa junto à Cascalheira. Percorrido neste sentido ele é levemente descendente pelo que se faz a muito bom ritmo exigindo, em contrapartida, uma concentração sem compromissos.

Tomamos então um asfalto ascendente e enfrentamos o troço mais penoso do dia: a ascensão à Real Fábrica de Gelo por um trilho escabroso, já percorrido anteriormente que nos levou dos 350 aos 530 metros de altitude embora apenas um terço do caminho, em virtude da conjugação do piso e da inclinação, fosse verdadeiramente ciclável.

Lá em cima, junto ao parque de merendas e à Real Fábrica do Gelo, "la détente" no bar que serviu de abrigo à chuva fraca que agora caía. O melhor estava para vir - um downhill insano para homens de barba rija, no reino do cársico puro, que conduzia, acompanhando os caprichos do calcário, dos 540 metros do alto até aos ínfimos 190 da povoação de Tojeiras. Exigente do ponto de vista técnico, requerendo perícia e contenção com um panorama assombroso para W e NW a revelar-se como uma surpresa fantástica e fortemente recomendada a quem gosta de MTB puro e duro.

Das Tojeiras, após a segunda reparação de um furo do pneu dianteiro de Azurara, baixámos até Vilar e, daí, atalhámos por asfalto até à Aldeia Grande onde retomámos o track rápido pelo vale do Alcabrichel até Abrunheira voltando então a S na direcção de Sarge e Torres Vedras onde já chegámos com a noite a cair.

No final, para além da satisfação absoluta, averbámos 95 kms. e 2300 m de acumulado.




(*) - "I Heard it Through the Grapevine", (Whitfield, Norman; Strong, Barrett) performed by Credence Clearwater Revival

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