quinta-feira, 28 de junho de 2012

VIA ALGARVIANA - MAGNA DUREZA - II


Crossing the Foupana Valley

UM PRÓLOGO A EXIGIR MUITO EMPENHO

DIA 1
ALCOUTIM – VAQUEIROS (ALCOUTIM)
62 kms. - 1562m. de Altitude Positiva Acumulada (Garmin Data)
Sectores 1, 2 e 3

ABSTRACT - Starting in Alcoutim, this first day means to crossing 62 kilometres until Vaqueiros. Yet it was far from being considered "easy" or "simple" at least if compared with the following days.

Este primeiro dia de travessia contaria com 62 quilómetros de extensão e uma peculiaridade administrativa -  o facto de começar e terminar no concelho de Alcoutim, embora com uma breve passagem pelo concelho vizinho de Castro Marim. Ainda assim esteve muito longe de se considerar como fácil ou simples se bem que até desse modo possa ser definido comparativamente com os dois dias subsequentes como teremos ocasião de constatar.

Alcoutim é uma lindíssima povoação sita na margem do Guadiana, frente à andaluza Sanlucar e cuja origem se perde no tempo. É uma terra acolhedora, de vistas desafogadas e que casa maravilhosamente com aquele curso de água. Ela marca o início da Via Algarviana, desse modo, a partida deu-se bem junto ao rio, na esplanada – miradouro sobre as margens fluviais e onde tivemos ocasião de encontrar o Dr. Francisco Amaral, afável presidente da câmara municipal que, após um primeiro assomo de incredulidade, nos desejou as maiores felicidades.

O ambiente local é de tal modo acolhedor que não apetecia começar a jornada, antes por ali ficar saboreando tranquilamente as vistas e a pacatez do Guadiana. Mas, lá fomos, pedalando os primeiros metros a direito, para depois percorrermos tranquilamente a margem direita do rio para norte apreciando o vale enquanto o desnível não nos exigia empenho.

Começamos então a subir abandonando aquele belo vale, internando-nos nos espaços de sequeiro e cruzando, uma após outra, as pequenas aldeias: Cortes Pereiras, Afonso Vicente e Corte Tabelião, visitando o conjunto megalítico dos menires de Lavajo e chegando ao cruzamento com a EN122 e a povoação de Balurcos findando aqui o sector 1 da Via.
Na ausência de um café ou de qualquer outro tipo de estabelecimento onde reabastecer recorremos à roda que puxava a água do poço. Este artefacto hidráulico constitui, aliás, um ex-libris da serra algarvia e que haveríamos de reencontrar amiúde durante a nossa travessia.

Inicia-se aqui o sector 2 que nos haveria de conduzir a Furnazinhas e ao cruzamento da fronteira com o concelho vizinho de Castro Marim. mas, para tanto, após a típica povoação de Palmeira, era necessário proceder à difícil transposição da Ribeira da Foupana por um profundo vale a que se seguia uma subida longa e penosa. Este é, sem embargo, um momento mágico com a extensa decida junto ao enorme viaduto do IC22 e o cruzamento a vau da Ribeira por um trilho muito pouco óbvio. A longa subida culmina em planalto e após a mesma rapidamente cumprimos os 14kms. até às Furnazinhas onde, o único café, se encontrava encerrado em virtude de ser feriado nacional.

Apesar disso parámos um pouco para descansar e, após retemperar energias, seguimos viagem para os 20 kms. finais até Vaqueiros que se revelaram algo trabalhosos em função do relevo acidentado como que como que dando o mote para aquele que seria o traçado constante da travessia

Chegamos finalmente até junto de Vaqueiros, embora descendo até Ferrarias, aglomerado quase abandonado ligado à antiga exploração mineira de cobre, mas onde a recuperação possibilitou preservar um casarão que serve de confortável alojamento a quem demanda a Via Algarviana. A nossa chegada pelas 17:00 permitiu, nessa noite, que aquele bucólico lugar pudesse crescer populacionalmente 300% já que é apenas habitado por um simpático idoso – se não contabilizarmos os três jumentos, bem entendido.

Este primeiro dia, apesar de relativamente curto, mostrou toda a dureza da Via e adensou, ainda mais, a imprevisibilidade da jornada seguinte com uma extensão de quase 130 kms. e uma previsão de altimetria insana. Talvez por isso, de modo preventivo, o nosso jantar tenha sido por volta das 18:00 e, pelas 19:30, tenhamos recolhido pois haveria que madrugar no dia seguinte: essa era, de resto, a única garantia de que dispúnhamos de que seria possível pedalar tantas horas e com tanta dificuldade e almejar chegar em tempo útil a Silves.

1 comentário:

JC disse...

A que jumentos Vexa se refere?